quinta-feira, 3 de maio de 2012

A SOCIEDADE DO FUTURO

No espaço de poucas décadas verificou -se uma transformação na sociedade: a visão do mundo, os valores básicos, as estruturas sociais e políticas, as instituições financeiras, originaram um mundo novo, a sociedade do conhecimento. Um pequeno número de pessoas constataram que a aplicação do conhecimento ao trabalho, gerou economias desenvolvidas, desencadeando a explosão da produtividade dos últimos cem anos. Atualmente o progresso, a produtividade e a coesão social exigem a aplicação do conhecimento ao conhecimento ou seja: o conhecimento já existente poderá ser aplicado de forma mais eficaz para produzir resultados.O principal contributo que a gestão  terá de dar no século XXI, será de igual modo, o aumento da produtividade do trabalho e do trabalhador do conhecimento. Quais são os grandes fatores que determinam a produtividade do trabalhador?
1- Todos os trabalhadores do conhecimento devem ter autonomia para se gerir a si próprios e responsabilidade pela sua produtividade;
2- Uma inovação contínua faz parte da tarefa e da responsabilidade do trabalhador do conhecimento;
3-  O trabalho do conhecimento exige uma aprendizagem contínua por parte do trabalhador, bem como uma transmissão de conhecimentos por parte deste;
4 - A produtividade do trabalhador do conhecimento exige que este seja visto e tratado como um"capital" e não como um "custo". Requer que os trabalhadores do conhecimento queiram trabalhar pra a organização, em detrimento de todas as outras oportunidades. Por conseguinte, a produtividade de um trabalhador do conhecimento deve incidir numa excecional qualidade. A vantagem que os países desenvolvidos podem esperar vir a ter, é no fornecimento de pessoas formadas, preparadas para o trabalho do conhecimento, dado que tudo isso se traduz num aumento de produtividade. A nova sociedade dos países desenvolvidos e dos países emergentes é caracterizada pelo rápido crescimento da população mais velha e pela diminuição da geração mais jovem. Os idosos não irão continuar como funcionários a tempo inteiro mas sim a tempo parcial. Irá existir um mercado de massas determinado pela meia - idade e um mercado de massas, consideravelmente mais pequeno, determinado pelos jovens, dado que é importante criar novos padrões de emprego para atrair um número crescente de indivíduos com formação académica. Os trabalhadores do conhecimento serão o grupo dominante da força de trabalho cujas características são:
- a ausência de fronteiras;
- a mobilidade disponível;
- o conhecimento exigido pelo emprego.
Estas três características transformam a sociedade do conhecimento numa sociedade altamente competitiva, tanto para as organizações, como para os indivíduos. A tecnologia da informação permite que o conhecimento se dissemine, tornando -o acessível a todas as pessoas. Dada a facilidade e a rapidez com que a informação decorre, todas as instituições da sociedade do conhecimento teem de ser globalmente competitivas, embora a maioria das organizações continuem a ser locais nas suas atividades e nos seus mercados. Tudo isto deve -se ao facto de a  Internet permitir que os clientes de todo o lado, saibam o que existe disponível em todo o mundo e a que preço. Os trabalhadores do conhecimento são os novos acionistas e proprietários de muitas das grandes empresas; são profissionais que aplicam o mesmo conhecimento, que desempenham o mesmo trabalho, que se regem pelos mesmos padrões e que são avaliados pelos mesmos resultados. É provável que nas próximas décadas, o número de tecnólogos do conhecimento nas áreas dos computadores, da indústria e da educação cresça ainda mais aceleradamente. Tais trabalhadores, teem duas necessidades básicas: educação formal e uma formação contínua, de modo a manterem o conhecimento atualizado. Tal formação será dada através de seminários ou de programas de formação on line.Não se pode dizer, exatamente , que a sociedade que se segue já chegou, mas já se pode considerar novas necessidades nas seguintes áreas:
- nas empresas do futuro, deverão começar por experimentar novas formas corporativas e por levar a cabo vários estudos piloto, no que toca a trabalhar com joint -ventures e por definir novas tarefas para a gestão do topo.
- nas políticas de pessoal, a forma como as pessoas são geridas, parte do pressuposto de que a força trabalhadora continua a ser largamente constituída por pessoas que são empregadas pela empresa e que trabalham para ela a tempo inteiro, até serem reformadas. As grandes mudanças da sociedade estão prestes a acontecer. Por isso a sociedade do futuro vai ser muito diferente da dos nosssos dias. Não será dominada pela tecnologia da informação, mas sim pelo aparecimento de novas instituições, novas tecnologias e novos problemas.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A CHINA E O CRESCIMENTO DA EUROPA

A ideia de que, num futuro próximo a China produzirá todos os bens industriais do mundo e que a indústria ocidental, especialmente a europeia será eliminada será um erro. Devemos ter medo do domínio global da indústria da China? Não, a China não vai começar a produzir sozinha: primeiro, a China não tem interesse em produzir tudo. Segundo, o forte crescimento chinês enfraquecerá dentro em breve. A ideia de que a China não irá produzir tudo, assenta na teoria da vantagem comparativa desenvolvida por David Ricardo no início do século XIX. Imaginemos duas grandes potências: China e Europa. Suponhamos que a China é superior à Europa em todo o tipo de produção industrial, isto é. que a China consegue produzir todos os bens a um preço menor. Este facto levará a China a querer produzir tudo? Não. Diz Ricardo. A superioridade da China não é igual em todos os produtos. Embora a China possa ser melhor que a Europa para o total dos produtos, essa superiridade é maior nuns que noutros. Assim, a China tem interesse em especializar -se na gama dos produtos em que o país tem uma superioridade nítida face à Europa e deixar que os outros sejam produzidos na Europa. Desta forma, a China realiza a maior produção possível e obtém grandes lucros. A especialização serve os interesses da China e o facto desta especialização ser rentável para a China, torna possível à Europa, continuar a produzir bens industriais. Pode -se pôr em causa que a China poderia ter uma grande agenda política de dominação absoluta e, neste caso o Ocidente seria excluído do mapa industrial, mas essa estratégia não resultaria. Supondo que a China elimina toda a produção industrial do Ocidente e produz por si só tudo o que há por produzir, o problema é que, se o Ocidente nada produz, nada pode comprar à China. Nesse cenário, os produtos industriais chineses não teriam mercado no Ocidente. Terá de haver produção industrial no Ocidente suficiente, para permitir à China vender os seus produtos. Sem uma indústria ocidental próspera, a indústria chinesa não pode continuar a crescer. Por isso a China não tem interesse económico nem político em produzir tudo. Haverá, portanto nichos de mercado suficientes para os produtos ocidentais.Por outro lado, a China tem crescido nos últimos 30 anos, à taxa de 10 por cento ao ano. Outros países, como o Japão e Coreia do Sul, experimentam idênticas taxas de crescimento durante cerca de três décadas, vendo depois o seu crescimento diminuir substancialmente de ritmo. No Japão, o abrandamento começou em finais dos anos 70 e  para quase 0% nos anos 90. A China irá ter um abrandamento semelhante. Quais os motivos? Em primeiro lugar, o atual crescimento económico da China conduz o país a um aumento do nível salarial insustentável; os salários estão hoje a crescer mais de 10 por cento ao ano. Em resultado disto, a China está dentro em breve a deixar de ser um país de baixos salários.Mais: o mesmo crescimento económico, leva a pressões por parte dos trabalhadores, no sentido de obterem melhores condições sociais. O regime Chinês terá de introduzir melhores condições de segurança social para os trabalhadores, resultando daí o aumento dos custos do trabalho. Em segundo lugar,o crescimento económico chinês tem -se baseado num investimento maciço em detrimento do consumo. Os investidores atingem hoje cerca de metade do PIB. Isto conduz a um excesso de capacidade em muitos setores da economia chinesa. O mercado da construção é um exemplo. Os investimentos tornam -se menos rentáveis.  Isso leva ao colapso dos preços e à recessão. Por fim, o crescimento económico chinês é altamente lesivo para as condições ambientais: cidades onde não há sol, tornam -se inabitáveis. A pressão para fazer algo a favor do ambiente é enorme. O Governo chinês será forçado a fazer com que as empresas paguem os custos de poluição. Ora isto abrandará o ritmo de crescimento económico. Em jeito de conclusão, o crescimento económico da China vai abrandar em breve e o total domínio industrial chinês nada mais é do que uma ilusão.

terça-feira, 20 de março de 2012

MAIS EUROPA OU UMA OUTRA EUROPA?

A chamada "austeridade", para supostamente enfrentar a crise das dívidas soberanas, arrasta consigo, uma ataque sem precedentes aos direitos sociais fundamentais, inscritos na matriz de um modelo social, conquistado pela luta de gerações que, no caso português, constitui um traço identitário essencial da Revolução de Abril de 1974; momento fundador do Estado Social de Direito, consagrado na Constituição. A pretexto da crise todos os  Estados Sociais são atingidos. Os tempos que correm são marcados por cortes de salários e de prestações sociais, pelo confisco do subsídio de férias e do 13ºmês aos funcionários públicos, por aumentos da jornada de trabalho sem aumento de salário, pela privação de dias de descanso, por ameaças de cortes salariais a todos os trabalhadores, sempre em nome de uma suposta competitividade da economia. O direito à segurança social universal é posto em causa; degradam-se reformas e pensões; reduz-se o alcance social de prestações sociais, como o desemprego, o rendimento social de inserção ou o abono de família. As funções sociais do Estado são frontalmente atacadas. O Estado reconfigura -se, em obediência ao dogma neoliberal do Estado mínimo, com a privatização dos serviços públicos essencias, com o encerramento das escolas públicas, unidades de saúde, tribunais, estações de correio, balcões de segurança social, transportes públicos e mesmo autarquias locais. Enquanto os lucros do capital financeiro são salvaguardados com o aumento da exploração dos trabalhadores e com todo o tipo de favorecimento por parte do poder político(isenções e benefícios fiscais, operações de recapitalização dos bancos à custa dos contribuintes), assistindo a maioria da população  à degradação constante das suas condições de vida: não só aumenta o desmprego e baixam os salários, como os custos com a saúde e a educação aumentam significativamente, assim como, aumentam os impostos sobre o consumo de bens de primeira necessidade e, sobre os rendimentos do trabalho; aumentam os transportes, aumentam os combustíveis, a electricidade, a água e a generalidade dos bens de consumo. Também não é por acaso que o ataque à Constituição tem sido um eixo central da ofensiva neoliberal. Apesar da Constituição Portuguesa se encontrar plenamente em vigor, são adoptadas medidas que a contrariam frontalmente, nos planos económico, social e cultural e que para além disso, contrariam princípios fundamentais do Estado de Direito Democrático. Em face da crise, os direitos fundamentais consagrados na Constituição tornam -se letra morta, por acção do governo e da maioria parlamentar que o apoia.  Se a  Constituição não é respeitada, a Lei Fundamental do país passa a ser a arbitrariedade, e, então é o próprio Estado de Direito Democrático que é posto em causa. Consagrando a Constituição um amplo conjunto de direitos de natureza económica, social e cultural e, sendo a tutela dos direitos fundamentais garantida pela aplicação directa das disposições constitucionais, a Lei Fundamental Portuguesa, tem sido encarada pelo poder económico e pelo poder político ao seu serviço como um obstáculo jurídico à imposição de políticas neoliberais destrutivas dos direitos fundamentais. É a  regra de ouro do desastre económico e social em que alguns países da União Europeia, estão a ser mergulhados. A austeridade deixará de ser uma opção dos govenos para passar a ser uma imposição constitucional. A Constituição passará a funcionar como uma "troika" permanente. As duas  últimas cimeiras reconheceram, finalmente, que a austeridade é necessaria, mas não é suficiente. O sucesso da austeridade está inteiramente dependente das políticas de reforço da competitivdade que promovam o crescimento económico. São as reformas estruturais que dão sentido à austeridade e aos sacrifícios aparentemente absurdos e contraproducentes da recessão e do desemprego. Em vez de se investir na qualificação dos trabalhadores, mantendo o compromisso com as políticas de coesão e convergência que até agora caracterizavam o projecto europeu, pretende -se que os países ganhem competitividade, tornando -se mais flexíveis e baratos. Esta receita, para além de injusta, porque condena a periferia ao empobrecimento, é incompatível com a manutenção da actual união monetária. Se todos os países tiverem como objectivo, recuperar a competitividade através da queda dos salários, o resultado é  a retracção da procura e  uma espiral recessiva sem fim à vista. A solução para a crise não passará por "Mais Europa", quando é sabido que o projecto europeu tem sido constituído à medida das conveniências do grande capital e das grandes potências europeias impostas aos povos.  A União Europeia nunca foi um projecto de solidariedade entre os povos. Foi um processo determinado pelos mais poderosos interesses económicos da Europa, que acentuou a dependência das economias mais débeis.  Lutar por uma outra Europa, uma Europa que não esteja ao serviço dos grandes interesses e que seja determinada pelos intereeses dos cidadãos e dos povos não significa "Mais Europa. A luta por uma Europa mais justa e solidária tem de passar necessariamente pela exigência de respeito pela soberania e pela dignidade de todos e de cada um dos povos europeus.

quinta-feira, 8 de março de 2012

COMO PÔR A ECONOMIA A CRESCER?

Nos pacotes de ajuda aos países com dificuldades na zona euro, os programas de austeridade necessários para reduzir os défices estão a anular o crescimento indispensável para tornar a dívida suportável. Por outro lado,os passos necessários para melhorar a competitividade dentro da zona euro exigem a manutenção de baixos preços e salários, tornando ainda mais difícil controlar a dívida. O problema da recessão é grave: reduzir as necessidades de financiamento e o défice público, vender activos, aumentar as poupanças das famílias, não basta. Deverá ser necessário mais crescimento económico: para estabilizar a dívida pública precisamos de crescimento do PIB, muito mais elevado, sendo fundamental um orçamento equilibrado para ter um crescimento sustentado, isto é: um crescimento económico que ao mesmo tempo reduza o défice em relação ao exterior. Quais os sectores que poderão constituir uma vantagem competitiva para Portugal? Talvez orientar a produção para o sector de bens transaccionáveis, apoiando as exportações e procurando perceber se há capacidade para aumentarem ou, se é necessário mais investimento na produção.  Portugal deve exportar produtos nacionais bem sucedidos e apreciados, para podermos melhorar a imagem desses mesmos bens no exterior. Ainda mais: deve-se procurar inserir Portugal nos circuitos económicos mundiais, numa perspectiva cosmopolita, ou seja: mais Portugal no mundo, mais mundo em Portugal, pelo que isso iria implicar uma maior internacionalização. É certo que o problema da competitividade não se restringe às exportações, que até têm crescido a um ritmo favorável, mas sim na travagem do excessivo crescimento das importações. O consumo tem a ver com a sua orientação para bens nacionais, sempre que possível, moderando a aquisição de produtos importados.  O aumento das exportações não será por si só suficiente senão reduzirmos ao mesmo tempo as importações, ou seja, é preciso produzir e poupar. Há também um consenso na ideia de que um dos mais cruciais instrumentos de combate à crise é o aumento da competitividade do país. Ora a competitividade, o aumento do emprego, o crescimento económico só poderão vir da iniciativa privada. A produtividade é determinada pela circulação de ideias, pela capacidade de absorver novas tecnologias, passando pela qualificação dos trabalhadores e dos empresários. Paralelamente a competitividade e o sucesso de um país demora tempo. Qual a condição para sairmos da crise e pôr a economia a crescer? É ganhar a confiança nos mercados internacionais e Portugal ser visto como um local seguro de investimento. A nossa recuperação económica vai fazer -se primeiro nas exportações, e, depois vai haver um período em que o investimento seja não só nacional, como também internacional. É importante que Portugal seja bem visto pelos investidores internacionais como um bom local para investir. O turismo obriga à importação temporária de cidadãos estrangeiros para que possam consumir em Portugal, pelo que também é uma mais -valia para o nosso país poder crescer a um ritmo sustentado.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A FUGA DOS CÉREBROS

   A emigração é muitas vezes uma fuga à pobreza e à crise. Porém, isso não significa que os emigrantes sejam sempre os mais pobres: nem que toda a migração tenha origem na pobreza. Em Portugal existe nas populações migrantes uma maior percentagem de individuos com qualificações superiores do que entre os não - migrantes.  No quadro da União Europeia, Portugal é, simultaneamente, um país de destino e de origem de migrações internacionais.  A circulação internacional é hoje uma condição do exercício profissional nos domínios mais qualificados, em especial nas carreiras científicas. Por isso, o crescimento dos recursos humanos de ciência e tecnologia tem estado associado em Portugal ao crescimento do número de bolsas no estrangeiro para formação avançada.  Na última década essas bolsas sextuplicaram. O que significa que não há somente uma "fuga de cérebros", mas também uma maior abertura do sistema nacional de investigação e desenvolvimento, devido à intensa circulação internacional que caracteriza a comunidade científica. Durante  a última década a emigração aumentou para outros países de destino, em busca de novas oportunidades, ou seja: encontrar lá fora aquilo que o nosso país não consegue dar: trabalho. A retoma da emigração assentou sobretudo para França, Reino Unido,  Canadá,  Suíça China e Angola. Para França, Suíça e Reino Unido os emigrantes portugueses têm uma excelente  aceitação , sobretudo técnicos de saúde; embora os custos sejam elevados, pois alugar um apartamento poderá consumir o orçamento. O Canadá necessita de quadros especializados, dando preferência aos que emigram como trabalhadores/estudantes. Quanto à China tem necessidade de quadros especializados, pois a fábrica do mundo continua com crescimentos económicos brutais. Quem domina o inglês e o mandarim tem emprego praticamente garantido e o salário poderá atingir o dobro do inicialmente previsto.  A nova emigração tem como destino Angola. Porquê?  Porque Angola está a crescer e necessita de profissionais qualificados para as áreas das tecnologias de informação, da formação profissional, dos serviços de back- office e do turismo. Com uma economia em desenvolvimento e um mercado florescente, o país acolhe os portugueses que emigram para Angola com salários elevados e um ambiente com inúmeros desafios. Angola encontra -se num período acelerado de desenvolvimento comercial e económico, e, por isso, no âmbito da diversificação da actividade dos sectores económicos que está a ser desenvolvida por Angola, existe uma necessidade de recursos qualificados. O perfil dos portugueses que emigram para Angola também está a mudar: actualmente são sobretudo jovens profissionais que levam a família a trabalhar em diversos sectores, como a formação em recursos humanos, tecnologias de informação e alguns sectores tradicionais como a construção. É difícil a adaptação a Angola, porém a vantagem é que os salários são o dobro líquido do que ganham em Portugal. Também os emigrantes adquirem experiência numa sociedade diferente em rápida evolução, contribuindo assim para acelerar o desenvolvimento económico e social de Angola. No entanto, constata -se que viver e trabalhar em Angola é um desafio, pelo trânsito caótico e pelo custo de vida muito mais elevado que em Portugal. O ideal é viver perto do local de trabalho e fazer as contas aos arrendamentos das casas, aos engarrafamentos, ao controlo intenso da polícia e aceitar todas as dificuldades com alguma flexibilidade. 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

O AQUECIMENTO GLOBAL: Aumento das desigualdades?

 A poluição faz aumentar a temperatura em muitas partes do mundo com efeitos nocivos no crescimento económico. O calor traz consigo uma série de problemas:seca a água e torna difícil o cultivo das terras, retirando energia aos trabalhadores; aparecem pragas de insetos que podem espalhar doenças; ajuda alguns microorganismos a reproduzirem-se, facilitando o alastramento de infecções. Considerando que a maior parte dos países pobres se encontram nas zonas quentes e a maior parte dos países ricos situam -se em zonas temperadas, constata -se que resolver os problemas com o calor torna -se dispendioso: para tornar a água própria para consumo e fazê -la chegar onde é necessária, um país necessita de condutas de irrigação e até mesmo , pode ter de comprar a água a outros países se a não tiver em quantidade suficiente. Para que os trabalhadores se mantenham produtivos, as empresas têm de construir edifícios onde haja sombra e ar condicionado. A vida tornar -se- á mais dura para países que já são pobres, pois sentirão grandes dificuldades para encontrar maneira de melhorar os seus padrões de vida por entre temperaturas cada vez mais elevadas. A poluição tem custos elevados para a sociedade: empesta o ar que respiramos e provoca mudanças climáticas. O mercado necessita de ajuda no que diz respeito ao controlo da poluição e reduzir a poluição é um negócio muito dispendioso. Estão a ser desenvolvidas novas tecnologias para o fazer:dispositivos que removam gases prejudiciais das chaminés, bactérias concebidas para transformar os gases menos nocivos e usar fontes alternativas de energia que não dependem de combustíveis fósseis para produzir energia eléctrica. Mudar custa dinheiro e os países pobres não podem pagar essas mudanças, ficarão num impasse com os seus padrões de vida a diminuírem.Como o preço da poluição nos países pobres descerá, as multinacionais poderão transferir as suas actividades mais poluentes para os países pobres, na esperança de ficarem com uma menor fatia do bolo da poluição.Por tudo isto os países pobres ficaram mais pobres e mais poluídos. E os países ricos? Estes continuarão a lucrar com o desenvolvimento das tecnologias sustentáveis. Os governos dos países ricos têm o capital necessário para fazer grandes investimentos em investigação básica, o que levará a inovações úteis e a novos produtos que serão vendidos em todo o mundo. À medida que os países pobres se forem tornando mais pobres e mais poluídos, começarão a sofrer outros problemas. O calor tornará mais difícil o trabalho produtivo. A agricultura sofrerá os efeitos das secas. E, como a maioria dos países pobres tem taxas de natalidade muito mais elevadas do que os países ricos, as populações dos países pobres crescem excessivamente e as terras tornam -se menos habitáveis. Ora, um aumento populacional sem que haja um aumento significativo de recursos, os padrões de vida baixam ainda mais, e, os países pobres regridem economicamente e socialmente. Quando esta situação se verificar, os novos colonizadores poderão adquirir vastas extensões de terra a  um preço barato, devido à produtividade reduzida causada pelo aquecimento global. Deste modo, o aquecimento global intensifica a vaga de colonização, obrigando as populações locais a deslocarem-se para fora das suas terras, abrindo caminho às gigantescas explorações agrícolas necessárias para alimentar as economias em rápido crescimento no mundo. A diferença entre as explorações agrícolas com recurso a altas tecnologias geridas pelos colonizadores e as terras de agricultura de subsistência será significativa. As populações locais defrontam -se com dificuldades para alimentar a sua família e verão toneladas de alimentos a serem exportados para alimentar pessoas em países longínquos, pelo que este facto , irá permitir aos colonizadores expandirem as suas esferas de influência mais rapidamente.  Os países ricos podem ajudar a resolver alguns problemas, fornecendo assistência sob a forma de serviços úteis. A questão mais importante é saber se o mundo fará algo para evitar que o aquecimento global se agrave. No cerne desta questão reside uma clássica" tragédia dos bens comuns ". Toda a gente vive no mesmo planeta e, no entanto,, ninguém tem um incentivo suficientemente forte para reduzir a poluição. À medida que as consequências dos problemas dos países pobres de forem sentindo nos países ricos, os incentivos de todos ficarão mais em sintonia, porque é provável que o aquecimento global se torne mais oneroso à medida que se for agravando: por cada grau que a temperatura sobe, os problemas económicos que o aquecimento global cria são exacerbados. A questão básica é esta: se os cidadãos dos países ricos não sentirem que a sua poluição está a desestabilizar, os países pobres, não modificarão o seu comportamento. O fosso entre os países ricos e países pobres alargou -se muito mais, porque a instabilidade impediu o crescimento económico dos países pobres. É certo que a desigualdade causada pelo aquecimento global agravou-se entre países ricos e pobres, à medida que as terras dos países pobres foram perdendo o seu valor, pelo que nada disto será bom para  economia global. Que soluções? A maior parte das soluções para os grandes problemas da economia global passam por um investimento a longo prazo, ou uma cooperação entre países.. Para ajudar os países pobres a enfrentar o problema do aquecimento global, os países ricos têm de investir substancialmente nos países pobres ou acolher um maior número dos seus migrantes. Ambas as soluções têm custos elevados. Em seguida, a cooperação internacional e/ou, mudar a cultura política social e económica de raíz, educando a próxima geração de cidadãos globais de uma forma que priviligie o planeamento a longo prazo, pelo que requer um investimento  grandioso. Nas próximas décadas, é provável que a desigualdade entre países ricos e pobres aumente, porque as pessoas mais qualificadas e com  mais riqueza, continuarão a explorar as oportunidades que a integração económica global pode criar, quer seja mudando -se para novos centros de estilos de vida, aproveitando novos empregos, ou criando novos negócios nos seus países de origem.  Ultrapassar estes desafios não será fácil. É imperioso modificar o sistema: o impulso terá de vir das bases, ou seja dos milhares de milhões de pessoas cujo futuro está em questão. É esse o maior desafio de todos.
                                                                                                                                                                                                                        

domingo, 22 de janeiro de 2012

UM RESGATE NEVITÁVEL

Em 1986, quando da adesão às Comunidades Europeias, muitos esperavam que o fosso de desenvolvimento entre Portugal e o resto da Europa fosse vencido a prazo certo. No início, a pertença às Comunidades teve um impacto positivo na economia portuguesa, na medida em que houve uma série de transformações sociais, económicas e políticas, ligadas ao novo contexto internacional, como as melhorias na qualidade de governação, o aumento do investimento em infraestruturas e em capital humano, a evolução e transformação do setor exportador, e o aumento do investimento estrangeiro no país. Entre 1986 e 1992, a economia portuguesa teve uma evolução positiva, mas, a partir de Maastricht a evolução estagnou: o rendimento médio e a produtividade do trabalho e do capital, cresceram a ritmos mais lentos, não permitindo que Portugal se aproximasse dos níveis médios europeus. A pertença ao euro fez com que Portugal se tivesse de adaptar a uma política monetária dirigida para o cumprimento de determinados objetivos, nomeadadmente , o controlo da inflação de uma vasta zona económica com características diferentes das da economia portuguesa. Nos princípios do século XXI a zona euro entrou numa fase crítica. No passado quando havia moedas nacionais, a solução podia passar por desvalorizações competitivas da moeda, o que tinha consequências na intensidade das relações económicas internacionais uma vez que a desvalorização cambial tem um efeito protecionista. Posteriormente as pessoas caíram numa ilusão com números à alemã: juros baixos e inflação mínima. No decurso dos anos 90, começamos a ter a disciplina euro, com a vantagem da queda dos juros: os particulares começaram a gastar muito e o Estado também. E, como não tínhamos uma economia interna que respondesse aos gastos do Estado e dos privados, começámos a endividar-nos lá fora. Desde 1998, que registamos grandes saldos negativos na balança de pagamentos, perdas das quotas de mercado de exportações de mercadorias e endividamento no exterior através da banca nacional. Há assim, sinais claros da nossa presente incapacidade para enfrentar com êxito, e com as políticas atuais, o processo de integração. Isto resulta a perda de competitividade, gerada pela reduzida taxa de crescimento da produtividade e pelos aumentos dos custos unitários do trabalho.O problema foi não termos preparado as políticas económicas e o quadro das finanças públicas que o euro exigia. Em resultado de um grandioso erro de política económica, o crescimento significativo da economia portuguesa até aos anos 2000 e 2001, foi essencialmente assente no crescimento da nossa procura interna. O consumo privado cresceu a taxas muito significativas durante este período. Como a produtividade não evoluíu da mesma forma e cresceu substancialmente menos, a competitividade das nossas empresas ressentiu-se. A crise persistente teve basicamente a ver com dificuldades de adaptação da sociedade e da economia portuguesa a mudanças muito profundas na Europa e no Mundo. Se não se podia desvalorizar a moeda, teria de se aumentar a competitividade, e Portugal não olhou para isso, e se não tivermos riqueza aparece -nos o endividamento. O excesso de endividamento leva ao excesso de crédito e à insustentabilidade da dívida. Não podemos viver acima das nossas possibilidades: as famílias poupam o Estado também tem de poupar.  À vulnerabilidade do endividamento em  Portugal, junta-se a perda de competitividade, traduzida na quase estagnação da década de 2000, após emergirem os problemas orçamentais.Com o aumento da dívida externa e do desemprego e com o desequilíbrio das contas públicas, podemos caminhar para uma situação explosiva. Então como pagar a dívida com mais dívida? Chegou o dia em que o Mundo mudou. O Estado português deixou de ser visto com capacidade para pagar as suas dívidas, a partir de 2010 com a descida do rating. Os portugueses vêm-se com juros mais elevados, menos crescimento e mais desemprego. A intervenção das agências de rating teve os seus efeitos na atividade financeira portuguesa, fechando a banca nacional ao financiamento privado e estrangeiro, tornando -a dependente apenas da ajuda do Banco Central Europeu. Os bancos ficaram com o acesso cortado aos mercados financeiros internacionais. A crise prvocou uma quebra de produção e criou muitas dificuldades no acesso ao crédito externo e uma mudança de comportamento dos financiamentos externos, o que até àquela data estavam dispostos a emprestar -nos dinheiro a qualquer preço. A única coisa que podemos obter são créditos a curto prazo a uma taxa muito elevada.  O pedido de ajuda era inevitável. Porquê?  Porque o nosso endividamento em relação ao exterior era muito grande e os bancos internacionais começavam a ter dificuldades em emprestar aos bancos portugueses e porque a própria capacidade de endividamento interno já estava a atingir o máximo, chegando à fase em que já não tinhamos capacidade de obter recursos do exterior. Qual o significado do resgate? Significa que estamos fora do mercado, o Estado português financia -se junto das entidades da Troika. Teremos de combater três grandes crises em Portugal: a crise do crescimento económico, a crise das finanças públicas e a crise do endividamento: é imperativo perspetivar os desafios imediatos da economia portuguesa tendo como pano de fundo, uma estratégia de desenvolvimento sustentado, isto é: num quadro consistente de políticas económicas está presente a necessidade de prosseguir simultaneamente o aumento do valor acrescentado por ativo, a criação de emprego, a sustentabilidade das finanças públicas e da dívida externa.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A MUDANÇA SOCIAL E O PAPEL DAS MULHERES

Os direitos ao bem -estar das mulheres acentuam o papel ativo da intervenção feminina na vida social. As mulheres são encaradas por homens e por mulheres, já não como recetores passivos de ajuda para aumento do bem -estar, mas, cada vez mais, como atores intervenientes na mudança, promotores dinâmicos de transformações sociais que podem alterar as vidas , quer dos homens, quer das mulheres. Não se pode ignorar a urgência em corrigir muitas desigualdades que sujeitam as mulheres a um tratamento desigual. Nos movimentos feministas, o ponto de vista do bem -estar da mulher e o da intervenção na vida social, apresentam aspetos substanciais. As carências relativas de bem -estar das mulheres continuam a estar presentes no mundo em que vivemos e são notoriamente importantes para a justiça social, que compreende a justiça para as mulheres. Estudos empíricos recentes mostraram claramente, como o respeito e solicitude relativos ao bem -estar das mulheres são fortemente influenciados por variáveis como a capacidade das mulheres para obterem um rendimento autónomo, para encontrarem trabalho fora de casa, para serem detentoras de direitos e de literacia e para serem participantes instruídos nas decisões dentro e fora da família. A capacidade de obter rendimentos, o papel económico fora da família, literacia, educação e diretos de propriedade têm em comum um contributo positivo para trazer força à voz e à ação das mulheres através da independência e autonomia. Por exemplo, trabalhar fora de casa e ganhar um rendimento independente, tem uma grande influência no reforço do estatuto social de uma mulher no funcionamento da casa e da sociedade. O trabalho exterior da mulher tem úteis efeitos" educacionais", pois a exposição ao mundo exterior e à família torna a ação da mulher mais eficaz. De modo semelhante, a educação da mulher fortalece a sua ação  sendo mais  competente. Há que reconhecer de que o poder das mulheres, independência económica, emancipação social , pode ter consequências sobre os princípios organizativos no seio da família e na sociedade como um todo, a capacidade das mulheres terem um rendimento independente, implica a correção das iniquidades que minam as vidas e o bem -estar das mulheres perante os homens. Também na evolução dos sistemas de valores e convenções que regem a divisão de recursos dentro da família(a educação e o emprego, são traços sociais cruciais para o bem - estar dos vários membros da família. Por isso a liberdade de procurar e conservar emprego fora de casa pode contribuir para a diminuição das carências relativas e absolutas das mulheres. Há uma estreita ligação entre bem -estar e ação das mulheres na introdução de mudanças no padrão de fertilidade. Assim é natural que ao reforço do estatuto e do poder das mulheres se tenha sucedido a redução das taxas de natalidade. De facto, as mulheres instruídas tendem a ter mais liberdade para exercer a sua ação nas decisões da família, como a fertilidade e os nascimentos. Se prestarmos atenção à atividade económica, a participação das mulheres pode ter diferenças essenciais: a participação económica das mulheres é um contributo essencial para a mudança social, no âmbito do processo de desenvolvimento para muitos países do mundo atual. Nada , provavelmente será hoje tão importante na economia política do desenvolvimento como o necessário reconhecimento da participação e chefia das políticas económicas e sociais das mulheres sendo um aspeto fundamental do" desenvolvimento como liberdade".

domingo, 8 de janeiro de 2012

O FIM DO EURO?QUE CUSTOS TEM PARA OS PORTUGUESES?

A crise da dívida e a incapacidade europeia de resolver o problema levou muitos especialistas a alertar para a possibilidade da saída do euro. No Banco de Portugal e no sistema financeiro são pronunciadas as palavras."os cenários da saída do euro são especulativos e perigosos" Como é que este processo decorre e que custos tem para os portugueses? Sem ajuda externa, Porugal pode sofrer um colapso da economia e do sistema financeiro. Serão tomadas algumas medidas de emergência:
- O regresso ao escudo teria de ser anunciado de surpresa para evitar fuga de capitais: quem tiver euros ficaria com eles, quem tiver dinheiro nos bancos portugueses, já só iria levantar escudos. A confusão será grande porque todos os preços estão em euros, até ser anunciada a nova taxa de câmbio euro - escudo e imediatamente irá notar -se uma forte retração no consumo. Em simultâneo, o Governo terá de acabar com a liberdade de circulação de capitais para o exterior e fechar as fronteiras físicas. O objetivo é travar a fuga de capitais(euros) para fora do país. Depois é necessário fixar uma taxa de câmbio para o novo escudo face ao euro. Sem liberdade de circulação de capitais, o Banco de Portugal pode fixar o valor que quiser, não sendo obrigado a defendê-lo no mercado cambial, que ficará suspenso para o escudo. O Banco Central deverá também fixar as taxas de juro e regras para a banca trabalhar com a nova moeda quando voltar a abrir.
- Os bancos passariam a ter depósitos e crédito em escudos. A dificuldade maior residia no facto de substituir as notas e as moedas. Levantam -se cenários como o de se carimbar os euros (notas) com a respetiva desvalorização implícita na nota. Quanto às moedas, quem as produz é a Imprensa Nacional Casa da Moeda que não avança por quanto tempo seria preciso para produzir. Quando os bancos abrissem no  day after não se levantavam euros, apenas escudos, que valeriam menos por fixação do Banco Central e que, com o tempo, poderiam desvalorizar bastante mais. Numa primeira fase, pode haver um sistema transitório, mas era necessário substituir todas as notas e moedas por escudos. Um processo moroso e que teria fortes perturbações na economia com incerteza quanto aos preços e a tentativa permanente da fuga de capitais. Com a saída do euro, o Banco de Portugal teria de se preocupar com o financiamento externo: Portugal tem défice externo e necessita de divisas para pagar as compras que faz lá fora. As exportações são uma fonte de receita, mas não chegam. Seria inevitável limitar as importações através da imposição de quotas. O problema é que parte das importações são petróleo, indispensáveis ao funcionamento da economia e o Banco de Portugal teria ainda de participar no financiamento do Estado, através da emissão de moeda que trazia inflação e desvalorização do escudo.  O sistema financeiro seria todo nacionalizado e algumas empresas e serviços também. Os depósitos com ou sem nacionalização da banca, estão garantidos através do Fundo de Garantia de Depósitos. As dívidas ao exterior teriam de ser pagas em euros e valeriam uma fortuna. O caos financeiro poderia originar fortes perturbações nos fornecimentos de bens e serviços e uma inflação muito elevada. O regresso ao escudo representaria necessariamente um empobrecimento para os portugueses. Porquê? Porque a moeda nacional ao ser desvalorizada, o poder de compra no exterior seria menor.  O crédito seria fortemente controlado e as taxas de juro seriam mais elevadas. Ao mesmo tempo, o Estado teria de controlar as contas e travar as importações. Por isso iria apertar o cinto das famílias. O desemprego aumentaria e para muitas pessoas mesmo com emprego, teriam de viver com bastante menor poder de compra .