domingo, 26 de fevereiro de 2012

A FUGA DOS CÉREBROS

   A emigração é muitas vezes uma fuga à pobreza e à crise. Porém, isso não significa que os emigrantes sejam sempre os mais pobres: nem que toda a migração tenha origem na pobreza. Em Portugal existe nas populações migrantes uma maior percentagem de individuos com qualificações superiores do que entre os não - migrantes.  No quadro da União Europeia, Portugal é, simultaneamente, um país de destino e de origem de migrações internacionais.  A circulação internacional é hoje uma condição do exercício profissional nos domínios mais qualificados, em especial nas carreiras científicas. Por isso, o crescimento dos recursos humanos de ciência e tecnologia tem estado associado em Portugal ao crescimento do número de bolsas no estrangeiro para formação avançada.  Na última década essas bolsas sextuplicaram. O que significa que não há somente uma "fuga de cérebros", mas também uma maior abertura do sistema nacional de investigação e desenvolvimento, devido à intensa circulação internacional que caracteriza a comunidade científica. Durante  a última década a emigração aumentou para outros países de destino, em busca de novas oportunidades, ou seja: encontrar lá fora aquilo que o nosso país não consegue dar: trabalho. A retoma da emigração assentou sobretudo para França, Reino Unido,  Canadá,  Suíça China e Angola. Para França, Suíça e Reino Unido os emigrantes portugueses têm uma excelente  aceitação , sobretudo técnicos de saúde; embora os custos sejam elevados, pois alugar um apartamento poderá consumir o orçamento. O Canadá necessita de quadros especializados, dando preferência aos que emigram como trabalhadores/estudantes. Quanto à China tem necessidade de quadros especializados, pois a fábrica do mundo continua com crescimentos económicos brutais. Quem domina o inglês e o mandarim tem emprego praticamente garantido e o salário poderá atingir o dobro do inicialmente previsto.  A nova emigração tem como destino Angola. Porquê?  Porque Angola está a crescer e necessita de profissionais qualificados para as áreas das tecnologias de informação, da formação profissional, dos serviços de back- office e do turismo. Com uma economia em desenvolvimento e um mercado florescente, o país acolhe os portugueses que emigram para Angola com salários elevados e um ambiente com inúmeros desafios. Angola encontra -se num período acelerado de desenvolvimento comercial e económico, e, por isso, no âmbito da diversificação da actividade dos sectores económicos que está a ser desenvolvida por Angola, existe uma necessidade de recursos qualificados. O perfil dos portugueses que emigram para Angola também está a mudar: actualmente são sobretudo jovens profissionais que levam a família a trabalhar em diversos sectores, como a formação em recursos humanos, tecnologias de informação e alguns sectores tradicionais como a construção. É difícil a adaptação a Angola, porém a vantagem é que os salários são o dobro líquido do que ganham em Portugal. Também os emigrantes adquirem experiência numa sociedade diferente em rápida evolução, contribuindo assim para acelerar o desenvolvimento económico e social de Angola. No entanto, constata -se que viver e trabalhar em Angola é um desafio, pelo trânsito caótico e pelo custo de vida muito mais elevado que em Portugal. O ideal é viver perto do local de trabalho e fazer as contas aos arrendamentos das casas, aos engarrafamentos, ao controlo intenso da polícia e aceitar todas as dificuldades com alguma flexibilidade. 

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