sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

O MUNDO GLOBALIZADO

 Hoje em dia, ouvir as notícias pode levar-nos a pensar se algum de nós, terá realmente meios para envelhecer em sossego, ou se alguma vez haverá empregos suficientes para todos.  Os "Homens de Davos" podem dar-nos a todos um pouco de poder. Podemos exercê-lo através de pequenas decisões que todos tomamos no dia a dia., estejamos onde estivermos no mundo.. Dennis passou mais de uma década a travar uma dupla batalha  contra o nebuloso mundo da finança. Em 1998, Dennis conseguiu um novo emprego o escritório do Northern Rock, um banco britânico. O Northern Rock tornou-se sinónimo de crise financeira de 2008. A quem se deve atribui culpas por tamanha catástrofe? A culpa pela crise que destruiu poupanças de muita gente pode estar noutros locais. Podemos olhar para os banqueiros, que esqueceram as regras e se basearam em fundos de solidez duvidosa para aumentar os seus lucros. Ou podemos olhar, para os emprestadores americanos que aprovaram créditos a consumidores que não tinham condições para os pagar.. Para compreendermos o que sucedeu a Dennis e a outros, cuja prosperidade sofram um grande agravamento em 2008, temos de ver como funciona a economia global. O mundo está a ficar simultaneamente mais pequeno e mais complexo. Sete mil milhões de humanos, vivem e trabalham nesta Terra, e todos procuram os mesmos bens, que existem num número limitado, sejam eles comida, petróleo ou telemóveis. É um sistema cada vez mais interligado, no qual um banqueiro de Washington ou Berlim, pode fazer com que os pensionistas na Grécia passem fome, ou com que os jovens deixem as suas famílias para atravessar a Africa subsariana, à procura de vida melhor. Esta concentração do mundo ou globalização, surge muitas vezes como uma enorme força unipessoal, que não podemos escapar. Podemos pensar na globalização, como sendo o conjunto de todas as transações , interações, compras, e acordos que designamos  por comércio. Ao longo do tempo, o fluxo de rendimentos gerado por estas relações de comércio é acumulado sob a forma de riqueza. A economia e as forças nela contidas, são representadas pelas ações de indivíduos- seja em Davos , ou num mercado de rua em Calcutá- de formas que não são necessariamente as que eles pretendiam. Contudo,  uma coisa é certa: todos estamos submetidos a essas forças, e, sejamos ou não capazes de as controlar, é importante sabermos, como funcionam, e de que forma afetam as nossas vidas. Em Londres e Nova Iorque, em Paris e Milão, e até mesmo em Pequim, a semana da moda, representa um grande negocio, mas já não podemos falar de orçamentos de alta costura, para adquirirmos os mais atraentes modelos de roupa. Em poucas semanas, os mesmos desenhos vão surgir nas prateleiras de lojas locais, como da Primark, ou da Zara. Muitas roupas são feitas no Extremo Oriente. Quando compramos roupas em retalhistas como estes, não nos limitamos a abrandar a nossa necessidade de andar na moda. A transação faz de nós, parte de uma história global muito maior. Ao procurarmos preços baixos, e as últimas tendências, estamos a transferir rendimentos para o outro lado do mundo, para benefícios dos outros. Não há dúvida que os fabricantes de roupas se estão a aproveitar do trabalho barato na Ásia.  Mas ao adquirirmos esses bens ,podemos ter contribuído para as forças, que deram origem a uma crise financeira no nosso país, prejudicando as nossas vidas. Como o constante fluxo internacional de pessoas, dinheiro ou ideias, pode ser difícil conseguir fazer sentido de como as coisas se ajustam. Imaginemos os milhares de transações que ocorrem a cada dia- uma dona de casa nos EUA ou na Nigéria a comprar mercearias, uma executiva francesa a depositar os seus ganhos num banco, um pai indiano a pagar o casamento da filha, ou um australiano a comprar cerveja num churrasco. Quando vamos às compras, se não estivermos nos EUA, o mais provável é que não estejamos a pagar em dólares. O dólar é o rosto do poderio dos EUA. O dólar é mais do que um símbolo de poder e influência: é também um dos mais confiáveis tesouros de valor em todo o mundo. Trabalhadores humanitários podem chegar à conclusão de que acionar com dólares, é a forma mais rápida de conseguir equipamento, para enfrentar uma crise humanitária em áreas de grande instabilidade. O dólar é o rosto da estabilidade financeira global; a fundação da nossa sobrevivência. É a linguagem financeira em que se baseiam as nossas vidas, sejam quais forem as notas e moedas que usamos todos os dias. Podemos ver o dólar como agente da globalização. A força do dólar baseia-se na confiança. Sem essa confiança, a sociedade entraria em colapso. Outras moedas, para além do dólar: euros, rúpias e libras; por exemplo vão entrar na história. Ao seguirmos o nosso dinheiro, à medida que que ele muda de mãos, seja física ou eletronicamente, podemos lançar alguma luz, sobre a sequência de transações que marcam todos os aspetos do nosso mundo., quem detém o poder e de que forma isso nos afeta a todos. Como consegue a China produzir bens de baixo custo, e quem beneficia desse facto? Onde é que a China acumula o seu dinheiro? Por vezes nos mais prováveis dos sítios, incluindo na Nigéria. Na Nigéria poderemos assistir à forma como a riqueza do mundo pode passar por alguns países, sem beneficiar a maior parte dos seus habitantes. A Índia é de entre todas as grandes economias, a que apresenta mais rápido crescimento. O petróleo é crucial para a nossa sobrevivência e para a supremacia do dólar. Da Rússia, dirigimo-nos a Berlim no coração da União Europeia. O que faz uma união monetária funcionar? Porque é que o euro não se sobrepõe ao dólar? Terá o Reino Unido razão para voltar as costas à União Europeia? Porque é que estamos na maior crise de sempre?. O dólar cumpriu uma viagem que revela como funciona realmente a economia global. Adam Smith investigou o fabrico de um alfinete, num processo que envolvia dezoito fazes diferentes. Defendeu a ideia de     que, se um único trabalhador tivesse de ciar um alfinete do princípio ao fim, não conseguiria produzir muitos exemplares. Contudo, atribui cada fase a um trabalhador especializado diferente, tornava o processo mais eficiente. Podiam ser fabricados muitos mais, e portanto ganhar mais. Se fossem feitos muitos mais, do que os necessários para abastecer o mercado local, o excesso podia ser tocado por outros bens. Assim nasceu a teoria da especialização. Como é que isto explica aquilo que um determinado país escolha para se especializar, e até que ponto se envolve em trocas comerciais. O trabalho de Smith e de um dos seus seguidores David Ricardo, examinou em detalhe estas questões. Tudo se resume a isto: um país que realiza trocas de forma a obter produtos que pode conseguir noutro país, de forma mais barata, tem melhores resultados, do que se tiver produzido esses bens por si mesmo. Deve produzir os bens, em relação aos quais detém "uma vantagem absoluta". Se consegue produzir de tudo de forma mais eficiente, pode ainda assim beneficiar -se, se se concentrar nos bens em que é relativamente melhor, ou seja, em que detém uma vantagem comparativa, Tudo depende do custo de produzir uma coisa, num dado local. O que é que influencia esse custo? Existem inúmeros fatores em jogo; a disponibilidade de recursos naturais, o clima, o território, a força laboral, os salários, as rendas, os regulamentos, as competências, a maquinaria e os transporte. A especialização e o comércio livre, querem dizer mais bens e menores custos. Estes baixos custos, traduzem-se m preços de venda mais baratos. Preços mais baixos, traduzem-se num custo de vida inferior. Uma vez que a inflação é igual ao ritmo de subida do custo de vida, também ela é menor. Manter a inflação sob controlo, e assegurar a estabilidade económica e financeira, é a tarefa principal  dos bancos centrais, que são responsáveis pela gestão do capital disponível, pelas taxas de juro e, portanto pela economia global dos seus respetivos países. Em teoria, a globalização e comércio livre, são do interesse dos consumidores e dos países, no seu conjunto. O que é bom para o mundo no seu todo, não é necessariamente bom para a economia local. Para termos um exemplo claro das barreiras do comércio, vejamos o que se passou com a Grande Depressão americana. Nos últimos anos 20 do século passado, a economia tinha tido um crescimento espetacular: os gastos, a produção e o investimento, no mercado bolsista, cresceram demasiado e muito depressa. No crash bolsista de 1929, as ações de Wall Street, perderam 1/3 do seu valor numa semana, afastando a confiança do consumidor, a riqueza e o consumo. As empresas despediram milhares de trabalhadores. O que devia ter sido uma curta recessão, uma alteração das fortunas da economia, foi acentuado, quando as autoridades não responderam imediatamente com a injeção de dinheiro, para segurar o sistema financeiro. O legado da crise financeira inclui mais regulação, e mais desigualdade. Os ganhos do QE, não beneficiaram o conjunto da população. Foi a dependência de dinheiro fácil e barato, que criou o caos. A bolha de crédito rebentou, mas os governos não puderam permitir que ela voltasse a aumentar. Uma década depois da crise, as cicatrizes são bem evidentes. O nível de vida das famílias atingiu novos recordes. Por toda a América, surgiram inúmeras formas de crédito sem garantias . As baixas taxas de juro, usadas para remediar a ressaca da crise levaram a mais do mesmo. No início de 2018, as taxas de juro permaneciam abaixo dos 2 por cento, muito abaixo dos níveis de antes da crise. Mas estão a subir.. As alterações nos gastos dos consumidores americanos ecoam por todo o mundo, e têm impactos nos lucros e rendimentos através da presença de dólares no comercio global. Para lá de uma grande crise temos de continuar a produzir se queremos melhorar as nossas vidas e manter a economia em boas condições, para consegui concretizar a magia da produtividade e alcançar um melhor nível de vida no futuro.  A dependência que os consumidores têm do crédito, não é novidade para os bancos centrais. É por isso que se apoiam na política monetária. Mas esse comportamentos dos consumidores tem de ser compreendido em todos os detalhes de forma a saber que alterações são necessárias para se manter a economia no estado que se deseja. Os economistas também reconhecem que os hábitos dos consumidores americanos representam um sexto do PIB mundial, é mais um tsunami. circular. É uma onda feita de dólares, que avança em torno do globo, passando do consumidor ao produtor, e volta ao início.. Hoje em dia, muitos consumidores do Ocidente pedem crédito para gastar, e muitas vezes aquilo em que usam o dinheiro são importações baratas. O crédito barato, é financiado, em parte, pelo dinheiro que a China e outros emprestam aos EUA.. Toda a gente empresta na crença de que as coisas vão sempre continuar a melhorar, que os lucros vão sempre crescer, que a produtividade vai continuar a funcionar. Por agora, a história, o comércio, a politica e um sistema financeiro fortemente enraizado garantem que é o dólar que domina, estejamos onde estivermos no mundo.