Mais do que um país de salários baixos, Portugal é um país com demasiados empregos.
O que é afinal, um mau emprego?
Um mau emprego é um emprego que tem um valor acrescentado baixo, que tem uma produtividade baixa, que pode ser facilmente transferível, que pode ser sujeito a competição externa por países onde os níveis salariais são mais baixos.
E um bom emprego?
Um bom emprego é um emprego que gera um valor acrescentado elevado e é menos susceptível de ser substituído ou transferido, Nós precisamos de ter bons empregos e é aí que nos devemos focar.
O problema de Portugal não é a falta de empregos, mas sim uma falta de empregos que os portugueses queiram. Todos querem trabalhar no escritório, não nas fábricas, quintas ou oficinas. Isso é normal: o desenvolvimento económico aumentou as expetativas dos trabalhadores, que hoje não aceitam tarefas que antes aceitavam. Esta situação aconteceu na Europa há 50 anos e, por acaso,aqueles que forma para lá fazer tarefas descartadas, foram os portugueses, Agora, tendo nós chegado ao nível que a Europa tinha há 50 anos, acontece-nos o mesmo e recebemos imigrantes.
Se as empresas no exterior pagam mais, os trabalhadores portugueses devem aproveitar essa oportunidade, pelo que as empresas portuguesas ou pagam em linha com a concorrência exterior, nomeadamente europeia, ou não conseguem encontrar trabalhadores. Há áreas de atividade, em que isto está à vista de toda a gente: treinadores e jogadores de futebol, sobretudo os de maior qualidade, ou de maior reputação; pilotos de avião, enfermeiros, informáticos, etc...
Não podemos seguir o modelo de baixos salários, não podemos seguir apenas o fator trabalho, temos que seguir o modelo dos países que aderiram à economia do conhecimento. A disputa pela repartição do rendimento existirá sempre, e , não parece que haja uma resposta completamente "técnica", que possa esclarecer o assunto de uma vez por todas. O problema tem que ver com o crescimento e o desenvolvimento económico, com as possibilidades que Portugal tem para a convergência do nível de vida com os países mais avançados.
O que fazer para criar mais bons empregos, em Portugal?
Há que discutir a boa qualidade dos empregos, isto é: criar condições para nos tornarmos mais produtivos. É necessário ter um certo cuidado, com as soluções importadas cegamente. À partida não se pode dizer, " fazem desta maneira num sítio qualquer e nós vamos fazer igual porque lá funciona" os incentivos de outros países, não são todos iguais. Dependem de um conjunto de variáveis de características significativamente diferentes de país para país.. Essas regras não agem sozinhas, agem em conjunto com as regras fiscais, com as regras da Segurança Social e com as regras do Código Comercial. Dito isto, é preciso ver o que os outros estão a fazer, não para copiar, mas para entender, porque nós temos de concorrer fora, e, estamos nos mercados que eles também estão. Não se pode atribuir culpa a gestores ou a trabalhadores. Trata-se da responsabilidade do sistema como um todo. Em Portugal, o empresário é mal visto, e o ideal é ser funcionário público. A política nacional está dominada pela dívida, pelo orçamento e pelos funcionários. Portugal tem um quadro regulamentar pesado. Isso recai sobre as empresas de maior dimensão, pois são elas que tendo uma pegada fiscal e institucional mais significativa, estão sujeitas a verificação. E as grandes empresas têm outros recursos. Os custos de contexto existem e são muito significativos, Quando as empresas gastam uma parte importante do seu tempo e dos recursos a resolver problemas internos, são recursos que não estão a usar para tratar do que é essencial, que é olhar para fora. Por isso, o caminho tem de ser diferente: precisamos de criar um ambiente que seja amigável para as empresas, partindo do princípio de que isto não é um jogo de somas nulas. Isto é: o que ganham os empresários, não é o que perdem os trabalhadores e vice-versa. É um jogo de soma crescente. O drive para fazer reformas tem de ser focado nos porblemas que as empresas sentem e não naquilo que os índices medem. Tenho a opinião de que quanto mais iguais forem as regras entre os diferentes setores, entre o setor público e o setor privado, entre contratos a prazo e contratos permanentes ou por tempo indeterminado, será melhor para todos Mas a completa desregulação do contrato, também não é uma boa escolha. Há provavelmente um caminho no meio. É uma questão de grau. Estamos a falar de aproximar os diferentes tipos de vínculo para um tipo de vínculo que permita respeitar e incentivar a permanência, porque isso também é bom para as empresas. As empresas também têm vantagens em ter um quadro de pessoal razoavelmente estável, com algum tempo de ligação à empresa, com o chamado learning by doing, aprender no posto de trabalho, jogar com a camisola Mas se houver dificuldades temos um enorme problema em ajustar os mesmos recursos e o mesmo quadro pessoal. Por outro lado, é preciso também ter em conta a flexibilidade de que as empresas precisam por causa dos ciclos de produto, pois são cada vez mais rápidos.. Não podemos estar a olhar para trás, para o mundo do trabalho da era industrial, a gás, em que as empresas eram desenhadas para produtos de longa duração. Já se fez muito nesse sentido, mas por vezes também se faz overshooting dos problemas do mercado de trabalho.Não faltam só bons empregos faltam também mais qualificações. Formam-se a um ritmo insuficiente, mito provavelmente reagindo tardiamente face às necessidades.Aos portugueses não falta vontade de trabalhar. Na generalidade trabalham bastantes mais horas que os alemães, os franceses e os holandeses. Os salários tenderão a subir , mas a qualificação necessária não surge assim tão rapidamente. As economias não são assim tão flexíveis, existem restrições que só muito dificilmente se ultrapassam. Afinal, "that wine is not made in a day has long been recogized by economist" Temos uma falta enorme de quadros intermédios especializados.Desde o regime anterior que não se dignificou socialmente a formação profissional e o ensino técnico.O resultado é o que estamos a assistir hoje em dia: as licenciaturas só dão para choveres de táxi ou para caixas de supermercado. E aqueles quadros intermédios especializados de que o país precisa não existem porque se criou a mentalidade de haver um segregação social entre o ensino da ciência e o ensino técnico. Em suma, há empregos e setores em que somos excelentes, como o dos componentes automóveis e o da metalomecânica, que estão com sistemática falta de quadros. Temos produto, temos tecnologia, temos preço e temos clientes mas não podemos crescer mais porque não temos recursos humanos qualificados. O valor que se acrescenta num país por habitante depende algebricamente da multiplicação da produtividade média do trabalho pela percentagem da população que trabalha. Como a percentagem da multiplicação que trabalha é naturalmente limitada pela estrutura etária, e, por outras condicionantes demográficas, qualquer aumento sustentado, e, a prazo do rendimento por habitante, terá sempre de resultar do aumento dessa produtividade média.
De entre os vários fatores que podem influir positivamente sobre a produtividade média, há um que se pode aproximar da "qualidade dos recursos humanos" e que é a qualificação da força de trabalho. Ora acontece que a qualificação da força de trabalho portuguesa é relativamente baixa. Portugal com os seus 8% da população ativa no desemprego, é hoje um país caracterizado por uma dificuldade em encontrar quem esteja disponível para preencher os postos de trabalho. Esta situação só tem um caminho de superação:melhorar a qualificação das pessoas, através de mais formação, e a sua adaptabilidade às exigências do mercado de trabalho. Em Portugal, há uma falta generalizada de trabalhadores, mas muitas vezes faltam as competências(os skills) que o mercado exige.Trata-se de uma tarefa dificil. Uma empresa pode começar por formar trabalhadores e perder os concorrentes.. Concorrentes que podem começar logo, a ter um salário mais elevado. Nestes casos, o recurso à imigração, de trabalhadores qualificados, é uma possibilidade a considerar.
Se as empresas no exterior pagam mais, os trabalhadores portugueses devem aproveitar essa oportunidade, pelo que as empresas portuguesas ou pagam em linha com a concorrência exterior, nomeadamente europeia, ou não conseguem encontrar trabalhadores. Há áreas de atividade, em que isto está à vista de toda a gente: treinadores e jogadores de futebol, sobretudo os de maior qualidade, ou de maior reputação; pilotos de avião, enfermeiros, informáticos, etc...
Não podemos seguir o modelo de baixos salários, não podemos seguir apenas o fator trabalho, temos que seguir o modelo dos países que aderiram à economia do conhecimento. A disputa pela repartição do rendimento existirá sempre, e , não parece que haja uma resposta completamente "técnica", que possa esclarecer o assunto de uma vez por todas. O problema tem que ver com o crescimento e o desenvolvimento económico, com as possibilidades que Portugal tem para a convergência do nível de vida com os países mais avançados.
O que fazer para criar mais bons empregos, em Portugal?
Há que discutir a boa qualidade dos empregos, isto é: criar condições para nos tornarmos mais produtivos. É necessário ter um certo cuidado, com as soluções importadas cegamente. À partida não se pode dizer, " fazem desta maneira num sítio qualquer e nós vamos fazer igual porque lá funciona" os incentivos de outros países, não são todos iguais. Dependem de um conjunto de variáveis de características significativamente diferentes de país para país.. Essas regras não agem sozinhas, agem em conjunto com as regras fiscais, com as regras da Segurança Social e com as regras do Código Comercial. Dito isto, é preciso ver o que os outros estão a fazer, não para copiar, mas para entender, porque nós temos de concorrer fora, e, estamos nos mercados que eles também estão. Não se pode atribuir culpa a gestores ou a trabalhadores. Trata-se da responsabilidade do sistema como um todo. Em Portugal, o empresário é mal visto, e o ideal é ser funcionário público. A política nacional está dominada pela dívida, pelo orçamento e pelos funcionários. Portugal tem um quadro regulamentar pesado. Isso recai sobre as empresas de maior dimensão, pois são elas que tendo uma pegada fiscal e institucional mais significativa, estão sujeitas a verificação. E as grandes empresas têm outros recursos. Os custos de contexto existem e são muito significativos, Quando as empresas gastam uma parte importante do seu tempo e dos recursos a resolver problemas internos, são recursos que não estão a usar para tratar do que é essencial, que é olhar para fora. Por isso, o caminho tem de ser diferente: precisamos de criar um ambiente que seja amigável para as empresas, partindo do princípio de que isto não é um jogo de somas nulas. Isto é: o que ganham os empresários, não é o que perdem os trabalhadores e vice-versa. É um jogo de soma crescente. O drive para fazer reformas tem de ser focado nos porblemas que as empresas sentem e não naquilo que os índices medem. Tenho a opinião de que quanto mais iguais forem as regras entre os diferentes setores, entre o setor público e o setor privado, entre contratos a prazo e contratos permanentes ou por tempo indeterminado, será melhor para todos Mas a completa desregulação do contrato, também não é uma boa escolha. Há provavelmente um caminho no meio. É uma questão de grau. Estamos a falar de aproximar os diferentes tipos de vínculo para um tipo de vínculo que permita respeitar e incentivar a permanência, porque isso também é bom para as empresas. As empresas também têm vantagens em ter um quadro de pessoal razoavelmente estável, com algum tempo de ligação à empresa, com o chamado learning by doing, aprender no posto de trabalho, jogar com a camisola Mas se houver dificuldades temos um enorme problema em ajustar os mesmos recursos e o mesmo quadro pessoal. Por outro lado, é preciso também ter em conta a flexibilidade de que as empresas precisam por causa dos ciclos de produto, pois são cada vez mais rápidos.. Não podemos estar a olhar para trás, para o mundo do trabalho da era industrial, a gás, em que as empresas eram desenhadas para produtos de longa duração. Já se fez muito nesse sentido, mas por vezes também se faz overshooting dos problemas do mercado de trabalho.Não faltam só bons empregos faltam também mais qualificações. Formam-se a um ritmo insuficiente, mito provavelmente reagindo tardiamente face às necessidades.Aos portugueses não falta vontade de trabalhar. Na generalidade trabalham bastantes mais horas que os alemães, os franceses e os holandeses. Os salários tenderão a subir , mas a qualificação necessária não surge assim tão rapidamente. As economias não são assim tão flexíveis, existem restrições que só muito dificilmente se ultrapassam. Afinal, "that wine is not made in a day has long been recogized by economist" Temos uma falta enorme de quadros intermédios especializados.Desde o regime anterior que não se dignificou socialmente a formação profissional e o ensino técnico.O resultado é o que estamos a assistir hoje em dia: as licenciaturas só dão para choveres de táxi ou para caixas de supermercado. E aqueles quadros intermédios especializados de que o país precisa não existem porque se criou a mentalidade de haver um segregação social entre o ensino da ciência e o ensino técnico. Em suma, há empregos e setores em que somos excelentes, como o dos componentes automóveis e o da metalomecânica, que estão com sistemática falta de quadros. Temos produto, temos tecnologia, temos preço e temos clientes mas não podemos crescer mais porque não temos recursos humanos qualificados. O valor que se acrescenta num país por habitante depende algebricamente da multiplicação da produtividade média do trabalho pela percentagem da população que trabalha. Como a percentagem da multiplicação que trabalha é naturalmente limitada pela estrutura etária, e, por outras condicionantes demográficas, qualquer aumento sustentado, e, a prazo do rendimento por habitante, terá sempre de resultar do aumento dessa produtividade média.
De entre os vários fatores que podem influir positivamente sobre a produtividade média, há um que se pode aproximar da "qualidade dos recursos humanos" e que é a qualificação da força de trabalho. Ora acontece que a qualificação da força de trabalho portuguesa é relativamente baixa. Portugal com os seus 8% da população ativa no desemprego, é hoje um país caracterizado por uma dificuldade em encontrar quem esteja disponível para preencher os postos de trabalho. Esta situação só tem um caminho de superação:melhorar a qualificação das pessoas, através de mais formação, e a sua adaptabilidade às exigências do mercado de trabalho. Em Portugal, há uma falta generalizada de trabalhadores, mas muitas vezes faltam as competências(os skills) que o mercado exige.Trata-se de uma tarefa dificil. Uma empresa pode começar por formar trabalhadores e perder os concorrentes.. Concorrentes que podem começar logo, a ter um salário mais elevado. Nestes casos, o recurso à imigração, de trabalhadores qualificados, é uma possibilidade a considerar.
Sem comentários:
Enviar um comentário