terça-feira, 5 de junho de 2018

ECONOMIA DIGITAL

A revolução digital é rica em oportunidades. Quer o desejemos vivamente , quer não, ocorrerá, aconteça o que acontecer. Todos os setores serão afetados . Por isso devemos antecipar os inúmeros desafios que a revolução digital nos lança, de modo a adaptar-nos: a confiança nas plataformas da Internet, a confidencialidade dos dados, a manutenção da solidariedade no nosso sistema de saúde, os receios perante a fragmentação do trabalho e o desemprego, ou aina, uma fiscalidade cada vez mais complexa a ser aplicada. Estas questões complexas subentendem desafios económicos consideráveis.
A revolução digital também suscita vários receios quanto ao emprego e à sua organização. Quais os empregos que desaparecem ou desaparecerão? Restarão empregos, uma vez que os programas inteligentes e os robots substituirão  os empregos qualificados, tanto quanto os não qualificados?
O emprego que substituirá será "uberizado"?
Não há previsões exatas acerca deste assunto, apenas alguns elementos de reflexão.
A Confiança- Se estivermos, a partir de agora, ligados à Internet através do nosso computador, do nosso smartphone ou do nosso tablet, amanhã estaremos ainda mais com a "Internet dos objetos". A domática, os captadores(o nosso relógio inteligente; as nossas roupas inteligentes, os nossos óculos) e outros objetos ligados à Internet farão com que estejamos ligados em permanência, da nossa livre vontade ou não. Essa evolução é portadora de esperança e de receios. Enquanto hoje nos preocupamos com os cookies colocados nos nossos computadores, amanhã, páginas da Internet, públicas e privadas, poderão traçar o nosso perfil e criar ficheiros muitos mais complexos acerca de nós, graças aos progressos de reconhecimento facial.As angústias perante os big brothers watching us, evocados na ficção de George Orwell, reaparecem muito naturalmente, A aceitação da digital social assenta na segurança que os seus utilizadores terão, de que os dados que fornecemos não se voltarão contra nós, e, as plataformas da Internet a que nos ligamos respeitarão os termos do contrato que nos liga. Em suma, assenta na confiança.
Confiança na confidencialidade dos dados pessoais- Confiamos no nosso médico, obrigado a sigilo profissional, normalmente respeitado. Mas acontece o mesmo com as informações confidenciais que revelamos nas páginas da Internet que visitamos nas redes sociais?
A questão da confidencialidade é tão vivida para as nossas interações digitais como para os dados médicos, mas as nossas garantias na matéria são muito inferiores.
Para dar resposta às nossas preocupações, quanto à utilização de dados que fornecemos quando consultamos sítios, compramos ou negociamos na Internet, os sítios que propõem políticas de confidencialidade, que depositarão cookies no nosso computador e, normalmente, tentam ser transparentes. Não é menos verdade, que o contrato que nos liga às empresas da Internet é, de acordo com a terminologia dos economistas, um contrato incompleto. Não estamos em posição de conhecer exatamente o risco que corremos. Antes de mais, não nos é possível analisar o investimento da plataforma em matéria de segurança informática. Inúmeros exemplos recentes, amplamente relatados na imprensa, mostram bem que não é uma questão puramente teórica:desde a violação das informações, dos cartões de crédito, aos roubos de dados detidos pelas administrações governamentais, passando pelo roubo mediático dos dados do correio eletrónico, nomes, endereços, cartões de crédito etc...As empresas Internet investem quantias consideráveis na segurança, mas investiriam ainda mais, se interiorizassem plenamente o custo das falhas de segurança para os seus clientes. Com a Internet dos objetos e a conexão do nosso automóvel, dos nossos aparelhos domésticos, dos nossos aparelhos médicos e de outros objetos da vida quotidiana, geridos em parte, ou totalmente à distância, as possibilidades de pirataria malévola vão-se acumulando.
Se todas estas evoluções tecnológicas são, por um lado, muito desejáveis, será necessário zelar para que não se repita a experiência microcomputadores, para os quais a segurança informática, foi construída como reação à pirataria. Por outro lado, as cláusulas de não revenda dos dados dos clientes a terceiros podem ser pouco claras.Se por exemplo, uma empresa transferir gratuitamente esses dados a filiais que nos fornecem, então, serviços com base nesses mesmos dados, estaremos a lidar com uma quebra de contrato por parte da empresa? A questão da partilha de dados entre empresas é altamente sensível. De um modo geral, uma empresa que recolhe dados, deve ser considerada, pelo menos em parte, responsável pela má utilização que deles fazem parte, aqueles a quem ela os fornece, direta ou indiretamente. O que acontece em caso de falência? Quando uma empresa, da Internet ou de qualquer outro setor, entra em falência, os credores podem recuperar uma parte da sua participação, adquirindo ou revevendendo ativos da empresa ; essa garantia facilita o acesso das empresas ao crédito.
A saúde e a solidariedade- O setor da saúde ilustra bem o modo como a digitalização agitará a vida das empresas e a ação pública no futuro.
Os nossos dados de saúde sempre foram criados aquando dos nossos contactos com profissões médicas: no seio de um consultório médico, do hospital ou do laboratório.Amanhã, serão recolhidos por nós próprios em tempo contínuo por sensores eventualmente ligados a smartfhones ou a relógios ligados à rede(como já é o caso dos estimulantes cardíacos, o medidor da tensão arterial ou os adesivos para os diabéticos insulinodependentes.
Cruzados com os conhecimentos do nosso património genético, esses dados de saúde dão forma a um instrumento formidável de diagnóstico e de tratamento. O Big Data, ou seja, a recolha e análise de grandes conjuntos de dados, é, simultaneamente, uma oportunidade e um desafio para a saúde.
Uma oportunidade na medida em que nos fornecerá diagnósticos muito mais precisos, e, ao mesmo tempo mais baratos, pois limitam as intervenções dos profissionais médicos, intermediários, necessariamente dispendiosos, devido ao tempo dedicado ao paciente ,e , ao nível de qualificação exigido.
Os exames e os diagnósticos serão brevemente estabelecidos por um computador, libertando o médico e o farmacêutico de tarefas rotineiras . Como nos outros domínios, a questão é saber se a máquina substituirá o homem. Nem é preciso dizer que, em relação ao homem, o computador é capaz de tratar um número muito maior de dados do paciente e de cruzar com muito mais experiências de outros pacientes que apresentem sintomas e uma genética semelhante. E as suas fraqueza, em relação à intuição humana, serão pouco a pouco, ultrapassadas pelo contributo do machine learning, esses processos de aprendizagem, que fazem com que a máquina reveja a sua abordagem, tendo em conta experiências passadas. A saúde digital reforçará, por fim a prevenção, ainda hoje parente pobre da medicina curativa. Poderá também fornecer-nos uma solução à questão do acesso igualitário.
Tudo isto é um enorme desafio para a solidariedade que carcteriza o nosso sistema de saúde.
O paradoxo da economia digital- As consequências que a economia digital trará no futuro de todos nós, é motivo de algum deslumbramento e, sobretudo de alguma especulação.
Um em cada três trabalhos, ficará em risco na economia digital. Trinta a noventa milhões de europeus serão gravemente afetados. A economia digital é considerada já, a 4ªrevolução industrial. Significa, pura e simplesmente, que vivemos em interação permanente com as máquinas, dado que, hoje em dia nada se faz, sem a mediação direta ou indireta de um aparelho eltrónico, de uma rede de wi-fi ou de um smart-de.vice. É o tempo das grandes quantidades de dados, da inteligência artificial. da internet, da velocidade estonteante a que a informação circula, e, da proximidade perturbante a que estamos todos uns dos outros.
A economia digital está nas nossas vidas, mesmo quando estamos a dormir(quantos de nós consultamos a aplicação que nos diz a qualidade de sono dormido, nessa noite?
Dos vários estudos que vêm sendo feitos sobre economia digital, uma conclusão é unânime: as tarefas realizadas de forma automática serão substituídas por máquinas.
O trabalho do futuro será assim, mais digital. A valorização da interação humana, das nossas aptidões sociais e pessoais, da capacidade de arriscar, colaborar e comunicar a enorme relevância da inteligência emocional, das competências de ensinar, gerir e influenciar os outros: eis a notícia que nos trouxeram os robôs da economia digital.

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