segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

PORQUE SE AGRAVA A DESIGUALDADE?

Um grande problema preocupa a situação interna de muitos países: a questão das desigualdades. Esta constitui uma consequência de magna transformação que a humanidade sofre nos nossos dias, e que  formatará o mundo nas próximas gerações. A humanidade sempre viveu com disparidades sociais. Essas diferenças estavam mesmo embutidas na estrutura social, através de castas, classes e direitos hereditários. Existem muitos tipos de desigualdade, em grande parte do mundo, com efeitos indesejáveis. A crise financeira trouxe ao de cima uma distinção entre os países do Norte e do Sul na União Europeia. No entanto, na ordem do dia está a mais antiga e intensa das desigualdades: o fosso entre ricos e pobres.
Uma enorme desigualdade, ao longo dos séculos XVIII e XIX, com uma redução drástica da injustiça nas décadas centrais do século XX, seguida de um aumento de desigualdade nas décadas mais recentes:  A primeira conclusão é que nenhuma tendência de redução da desigualdade da propriedade do capital é percetível antes dos choques dos anos de 1914-1945.
A redução das desigualdades observada nos países desenvolvidos entre os anos 1900-1910 e os anos 1950- 1960, é antes de mais o produto das políticas públicas implantadas em sequência desses choques.
Igualmente, a subida das desigualdades desde os anos 1970-1980, deve muito aos retrocessos das últimas décadas, em particular em matéria fiscal e financeira. A dedução explícita, é que a enorme desigualdade capitalista contribuiu para os horrores das duas guerras mundiais e para a Grande Depressão.
Atkinson avança sobre a economia para resolver a desigualdade.
Vejamos algumas medidas:
1- A orientação da mudança tecnológica deve ser uma preocupação explícita dos decisores políticos, encorajando inovações, de forma a aumentar a empregabilidade e enfatizando a dimensão humana da provisão dos serviços;
2- O Governo deve adotar um objetivo explicito de prevenção e redução de desemprego e fixar esta ambição oferecendo emprego público garantido ao salário mínimo a todos os que o quiseram;
3- Deve haver uma politica de salário nacional, consistido em dois elementos: um salário mínimo legal, num salário de sobrevivência (living wage) e um código de práticas para pagamentos acima do mínimo, acordado como pate de uma "negociação nacional", envolvendo o Conselho Económico e Social;
4- Deve haver uma dotação de capital (herança mínima) para todos os adultos.
5- Devemos regressar a uma estrutura fiscal mais progressiva no imposto sobre o rendimento pessoal, com taxas marginais de imposto aumentado, por escalões de rendimento tributável, até a uma taxa superior de 65%, acompanhada por um alargamento da base fiscal;
6- Um rendimento de participação deveria ser introduzido a nível nacional, complementando a proteção social, existente, com o objetivo de criar um rendimento básico infantil único para União Europeia.
A desigualdade é, sem dúvida, uma questão muito grave, mas a única forma para a reduzir significativamente, implica mudanças tão profundas que levaram ao abandono do sistema como o conhecemos, e à adoção de uma economia bastante parecida com os regimes coletivistas.
No meio da intensa transformação tecnológica e da competição internacional dos nossos dias, o quadro traçado coloca fortes dúvidas, quanto à capacidade das sociedades combinando a desigualdade social com o desenvolvimento produtivo.
O modelo que a ciência económica tradicional usa para entender a desigualdade e o crescimento foi apresentado por um economista de origem russa (kuznets). A ideia básica é que os países, partindo de uma situação igualitária, sofrem um aumento de desigualdade nas primeiras fases do seu progresso para, a partir de certo nível, começarem a ser mais igualitários.
Segundo  Kuznets, a desigualdade decresceu à medida que a oferta de trabalho mais qualificado, e a procura por redistribuição aumentou e o rendimento do capital caiu.
Estamos atualmente a viver um período de aceleração da história económica, que tem como consequência natural um aumento da desigualdade.
Segundo Atkinson " a globalização torna muito difícil o aumento da tributação do promotor mais significativo da desigualdade":
O trabalho está a ficar mais difícil de tributar, porque pode facilmente movimentar-se de um país para
outro. O crescimento económico vai ainda ser muito importante no século XXI: ele é o instrumento mais poderoso para reduzir a pobreza a nível global e a desigualdade. Dificilmente podemos sobretudo a sua importância nos países pobres como meio para tornar melhores as vidas das pessoas comuns. É certo que há muita dificuldade em enfrentar o problema da desigualdade.
As politicas que funcionariam no sentido da igualização de longo prazo, incluiu:
1- altos impostos sucessivos que, segundo Piketty, impediriam os pais de transferir grandes ativos para os filhos;
2- politicas de distribuição empresarial que estimulam as empresas ou distribuem ações aos trabalhadores;
3- políticas fiscais e administrativas que permitam aos pobres e à classe média adquirir e deter ativos financeiros;
4- para reduzir a desigualdade nas dotações, uma propriedade do capital mais dispersa tem de ser combinada com uma mais igualitária distribuição da educação.
Irá a desigualdade desaparecer à medida que a globalização continua? Não. Os ganhos da globalização não vão ser distribuídos igualitariamente. A questão da desigualdade constitui sem dúvida, um dos problemas mais desafiantes da atualidade. É verdade, que ela resulta da intensa transformação económica do mundo. Esta, além de gerar múltiplos benefícios a todos os níveis, traz consigo efeitos nocivos, como a instabilidade financeira e a disparidade social.
A geração atual enfrenta o desafio monumental de conservar os benefícios do progresso de corrigir injustiças, salvaguardar a natureza e a liberdade. Todas estas situações são travadas no campo politico onde forças e movimentos novos, começam a dominar.

 

 

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