O petróleo é a peça chave no xadrez geopolítico global. Os mercados energéticos estão em ebulição. Depois dos recordes atingidos recentemente, os contratos futuros do gás natural, aliviaram nos últimos dias, e, o custo grossista da eletricidade também, mas em ambos os casos,, os preços permaneceram historicamente elevados, ameaçando encarecer a fatura da energia, de famílias e empresas na Europa fora, durante o inverno. Como aqui chegámos? E, sobretudo, como vamos sair daqui? O mundo vive em tempestade perfeita na energia: A pandemia e os respetivos confinamentos fizeram descer o consumo de produtos petrolíferos, e com isso, os preços baixaram. Depois acabaram os confinamentos, a atividade económica recuperou, voltámos a viajar, e, com mais procura, o preço do petróleo subiu. E não foi pouco crise energética que vivemos é uma matrioska de crises, porque as decisões dos grandes produtores de petróleo, condicionam o que sucede no gás. E a evolução do preço do gás, determina o que pagamos pela eletricidade nos mercados grossistas, pois os nossos sistemas elétricos, continuam a depender de centrais de ciclo combinado, alimentadas a gás para produzir, quando as renováveis não dão conta do recado. No petróleo, há projeções que sugerem que o pico da procura, será ainda esta década, e. depois cairá. No curto prazo há uma crise por resolver. O aumento dos preços da eletricidade na Europa é uma notícia para a transição energética e ecológica, tendo em conta que o problema remete à origem, que são as fontes de energias fósseis. Quando temos uma Europa e um mundo decidido em avançar para um processo de transição para uma energia limpa, é inevitável não desanimar perante a corrida às energias fósseis. Portanto, lutamos contra as alterações climáticas, e, assumimos querer fazer melhor. Para defender o clima, precisamos de soluções ativas reguladas que façam a diferença, e, que, efetivamente criem condições para um planeta melhor, que nos ajudem a responder às alterações climáticas e impulsionem a descarbonização.. Outro facto absurdo, é constatar que o problema da matérias-primas é transversal à indústria e ao próprio setor da energia, porque atualmente, o custo das obras de projetos nas renováveis, e, inclusive nos painéis solares, também dispararam significativamente. Seria expectável que o mundo mergulhasse no tema dos preços da eletricidade e, nesta fase, fossem identificadas soluções a curto médio e longo prazo, para que daqui a alguns anos, não estivéssemos a reviver este problema energético. É preciso exigir respostas e continuar a reforçar a energia verde, até porque as renováveis continuam a ser um dos vetores da descarbonização, em linha com o que está previsto para a neutralidade carbónica, que Portugal se propõe alcançar em 2050. Podemos continuar a percorrer o caminho para aumentar a capacidade renovável, mas importa analisar os custos inerentes às instalações das centrais e da matéria-prima nas renováveis, porque deste modo só estamos a dificultar que a energia renovável permaneça, se lutarmos para uma economia de baixo carbono. A crise climática é uma bandeira vermelha para a Humanidade. Os líderes mundiais foram postos à prova na Conferências das Nações Unidas sobre as alterações climáticas, mais conhecida como COP26, em Gasglow. Os sinais de alerta são difíceis de ignorar: as temperaturas atingem novos máximos, a biodiversidade regista valores mínimos, e, os oceanos estão a aquecer, a acidificar e a sufocar com resíduos de plástico. O aumento das temperaturas fará com que grandes extensões do nosso planeta, sejam mortas para a Humanidade, até ao final do século. Na verdade, estamos ainda muito longe da meta de 1,5ºC que a comunidade internacional definiu no Acordo de Paris, uma meta que a ciência nos diz ser a única via para garantir a sustentabilidade do planeta. Esta meta ainda é totalmente alcançável, se ao longo desta década reduzirmos as emissões globais em 45%, em relação aos níveis de 2010, se conseguirmos atingir a neutralidade carbónica até 2050, e, se os líderes mundiais chegarem a Glasgow com metas ousadas, ambiciosas e confiáveis para 2030. Todos os países têm de perceber que o velho modelo de desenvolvimento, assente no carbono, é uma sentença de morte para as suas economias e para o nosso planeta. Precisamos de descarbonizar agora, em todos os setores de todos os países. Precisamos de transferir os subsídios dos combustíveis fósseis para as energias renováveis, e, tributar a poluição, não as pessoas. Precisamos de definir um preço para o carbono e canalizar essas verbas para infraestruturas e empregos resilientes. As empresas precisam de reduzir o seu impacto climático e de alinhar de forma completa e credível as suas operações e fluxos financeiros com um futuro de emissões zero. Todas as pessoas, em todas as sociedades, precisam de fazer escolhas melhores e mais responsáveis sobre como se alimentam, viajam e consomem. Por outro lado, os jovens e os ativistas do clima, devem continuar a exigir aos seus líderes, que tomem medidas e responsabilizá-los. Em todo este processo de mudança, precisamos de solidariedade global para ajudar todos os países.
Os bancos públicos e multilaterais de desenvolvimento, devem aumentar significativamente os portfólios climáticos e intensificar esforços para os ajudar na transição para economias resilientes e neutras em carbono. O mundo desenvolvido deve cumprir com urgência o seu compromisso de garantir pelo menos, 100mil milhões de dólares em financiamento climático anual aos países em desenvolvimento. A Organização das Nações Unidas foi fundada há 76 anos para construir um consenso na ação contra as maiores ameaças que a Humanidade enfrenta, mas raramente enfrentamos uma crise verdadeiramente existencial, que se não for bem gerida, constitui uma ameaça não apenas para nós, mas para as gerações futuras. Um futuro com um aquecimento global abaixo de 1,5ºC é o único futuro viável para a Humanidade, por isso, os líderes mundiais devem continuar a trabalhar em Glasgow.
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