sábado, 8 de novembro de 2014

COMO CONSTRUIR UMA OUTRA EUROPA?

Os governos dos países europeus optaram por impor aos seus povos, políticas de austeridade, com cortes significativos nas despesas públicas: despedimentos na função pública,congelamento e redução dos salários dos funcionários, redução do acesso a determinados serviços públicos vitais de proteção social e adiamento da idade da reforma. O custo das prestações dos serviços públicos aumentou,(transportes, água, saúde, educação, bem como a subida de impostos indiretos, nomeadamente do IVA. A austeridade agravou o crescimento económico e desencadeou um efeito bola de neve, ou seja: sendo o crescimento fraco, a dívida pública cresce. São os assalariados, os desempregados e as famílias mais carenciadas que mais contribuem para os Estados engordarem. Segundo as estatísticas, desde 1980, centenas de milhares de milhões de euros de dádivas fiscais foram essencialmente orientadas para a especulação e acumulação de riqueza, por parte dos mais ricos. É preciso conjugar uma reforma em profundidade da fiscalidade, que tenha um objetivo de justiça social(reduzir simultaneamente, os rendimentos e o património dos mais ricos para aumentar os rendimentos da maioria da população), com a sua harmonização no plano europeu, a fim de evitar o dumping fiscal. O objetivo será um aumento das receitas públicas, nomeadamente através de um imposto progressivo, sobre o rendimento das pessoas mais ricas. O aumento das receitas deve ser paralelo a uma baixa rápida do preço de acesso aos bens e serviços de primeira necessidade (alimentos,água,eletricidade, transportes públicos e material escolar), nomeadamente por uma redução forte do IVA, sobre esses bens e serviços vitais. Trata -se de adotar uma política fiscal que favoreça a proteção do ambiente, tributando as indústrias poluentes. Segundo várias opiniões é necessário lutar contra os paraísos fiscais que fazem perder recursos para o desenvolvimento.
Também convém proibir a especulação com títulos da dívida pública, com as moedas, com os alimentos,as vendas a descoberto e os Credit  Default Swaps. É preciso fechar os mercados paralelos de produtos derivados que são verdadeiros buracos negros.O setor das agências de notação também deve ser estritamente reformado. Essas agências são estruturalmente partes interessadas da globalização neoliberal, e desencadearam várias vezes, catástrofes sociais. Com efeito, a baixa da notação de um país, pode implicar uma subida das taxas de juro, que o Estado tem de pagar, para conseguir pedir empréstimos nos mercados financeiros. Devido a isso, a situação financeira do país deteriora -se. Segundo opiniões de vários economistas, repartir a riqueza de outra forma é a melhor resposta para a crise. A parte das riquezas produzidas, destinadas aos assalariados, baixou nitidamente  há várias décadas, enquanto os credores e as empresas aumentaram os seus lucros   para os destinarem à especulação. Por outro lado, diminuindo o tempo de trabalho, sem redução de salário e criando emprego, melhora a qualidade de vida dos trabalhadores.
Também várias disposições dos Tratados que regem a União Europeia, devem ser ab-rogadas. Por exemplo é necessário substituir os Tratados atuais por novos, a fim de se chegar a um pacto de solidariedade dos povos para o emprego e para o ambiente. É ainda necessário rever a política monetária, bem como o estatuto e a prática do BCE. O BCE deve poder financiar Estados que pretendam atingir objetivos sociais e ambientais que integram as necessidades fundamentais das populações.  Uma Europa construída sobre a solidariedade e a cooperação, permite virar as costas à concorrência e à competição. Uma outra Europa, centrada na cooperação entre Estados e na solidariedade entre os povos, a fim de ser adotada uma Constituição , deve ser o objetivo prioritário. Para tal,as políticas orçamentais e fiscais não devem ser uniformizadas, porque as economias europeias apresentam fortes disparidades. Deverão ser impostas políticas globais à escala europeia, incluindo investimentos públicos, para a criação de emprego em domínios essenciais.
Esta outra Europa, deve reforçar a justiça fiscal e social, aumentar a qualidade de vida dos cidadãos e reduzir a dívida.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

UM ESTADO SOCIAL PARA O SÉCULO XXI

Neste início do século XXI, quando, algumas desigualdades que acreditávamos estar ultrapassadas, no quadro da nova economia global, poderemos esperar por uma evolução do capitalismo mais pacífica, ou deveremos estar na expetativa das próximas crises mundiais?
Que instituições regulam o capitalismo do século XXI?
A instituição ideal que permite evitar uma espiral desigualitaria sem fim , seria um imposto mundial e progressivo sobre o capital, dado que este imposto é um dos elementos do sistema fiscal e social na construção de um Estado social adaptado ao século XXI. O peso do Estado  é atualmente muito maior do que nos anos anteriores a 2010. Daí a crise atual, ser traduzida num questionamento do peso e do poder dos Estados, tendo este, na vida social e económica um papel central que foi adquirido no pós- guerra. Não há dúvida, de que é necessário renovar e modernizar profundamente os sistemas de tributação e de despesas que estão no coração do Estado social moderno e que constituíram um enorme desafio para as nossas sociedades democráticas neste século XXI. Seja como for, o sistema redistributivo moderno e em particular o Estado Social, construído nos países ricos ao longo do século XX, fez-se em torno de um conjunto de direitos sociais fundamentais:o direito à educação, à saúde e à reforma. Esses sistemas sociais são objeto de um muito amplo consenso, nomeadamente na Europa, onde prevalece uma ligação muito forte ao que se designa por um "modelo social europeu". É certo que podemos sempre imaginar uma sociedade em que os impostos representavam dois terços ou três quartos do rendimento nacional, desde o momento em que fossem cobrados de uma maneira eficaz, fossem aceites por todos, e sobretudo, utilizados para financiar necessidades e investimentos prioritários na educação, na saúde, na cultura, nas energias limpas e no desenvolvimento duradouro. Antes de mais, o processo rápido de alargamento do papel do Estado, observado durante os 30 gloriosos anos, foi em grande parte acelerado e facilitado pelo crescimento forte que caracteriza este período: quando os rendimentos aumentam em 5% ao ano, não se justifica que parte desse crescimento seja todos os anos afetada à progressão da carreira fiscal e das despesas públicas, sobretudo num contexto em que as necessidades quanto à educação, saúde e reforma são evidentes. Mas desde os anos 90, tudo mudou: com um crescimento do rendimento médio por habitante a 1% ao ano, no máximo, ninguém deseja uma subida significativa da carga fiscal, porque iria agravar ainda mais a estagnação dos rendimentos e uma maior recessão.  Podemos pensar em redistribuições entre impostos, ou então numa maior progressão da carga fiscal, para uma massa global mais ou menos estável. É óbvio que existem objetivamente necessidades crescentes quanto à educação e saúde, que pode sem dúvida, justificar um ligeiro aumento das contribuições no futuro. Mas os habitantes dos países ricos teem também necessidades legítimas de poder de compra, para viajar, para se vestirem, se alojarem e acederem de novo aos serviços culturais. Num mundo de crescimento fraco de produtividade, é preciso fazer opções entre diferentes tipos de necessidades. Seria bom melhorar a organização e funcionamento do setor público que atualmente representa  metade do rendimento nacional. Nos países ricos, os debates sobre o Estado social, nas próximas décadas incidem antes de mais,  nas questões de organização, de modernização e de consolidação: para uma massa total de retenções e de despesas, em proporção do rendimento nacional.Como melhorar o funcionamento dos hospitais, das creches, nos honorários médicos, reformar as universidades, ou ajudar o cálculo das pensões de reforma ou dos subsídios de desemprego?
É certo que em todos os países, relativamente às instituições educativas e às despesas públicas com educação, existe uma certa mobilidade social: cada pessoa pode ter acesso à formação, quaisquer que sejam as suas origens sociais, mas é muito difícil medir as desigualdades sociais ao longo das várias gerações.
E quanto ás pensões de reforma? Os sistemas públicos de reforma assentam no essencial, no princípio da distribuição. Na opinião de muitos economistas, os sistemas de reforma por distribuição devem ser substituídos o mais depressa possível, por sistemas assentes na capitalização. As contribuições devem ser aplicadas e não transferidas imediatamente para os reformados, e dessa forma, poderão capitalizar -se a mais de 4% ao ano e financiar as futuras reformas durante algumas décadas. Mas, a transição da distribuição para a capitalização, engloba uma grande dificuldade que não é , de modo algum negligenciável. Deixa uma geração de reformados totalmente desprotegida. A geração que se prepara agora para se reformar e que financiou as pensões da geração precedente, veria com maus olhos o fato das contribuições que daqui a algum tempo lhes são transferidas. Os sistemas de reforma, atingiram uma complexidade extrema com diferentes regimes e diferentes regras, sendo o direito à reforma um enigma. No entanto, é credível que a criação de um regime único de reforma, fundado em contas individuais, possibilita, que cada pessoa, possa adquirir os mesmos direitos, qualquer que seja a complexidade da sua trajetória profissional, desde que façam parte das reformas do Estado social, no século XXI. Este sistema permite a cada pessoa antecipar o que pode esperar para os dias da reforma, organizar melhor as suas opções de poupança e de acumulação num mundo de crescimento económico fraco.
Será Portugal um Estado social?   Todas as tipologias da despesa (com exceção da dívida) teem vindo a ser cortadas para suportar a defesa do Estado social. A preocupação com a preservação da proteção social não significa um aumento das prestações sociais a cada individuo, uma vez que o número de pessoas carenciadas cresceu muito. Por outro lado, há menos cidadãos em condições de contribuir para o esforço da solidariedade nacional. Neste contexto é natural que muitas opiniões se referem ao recuo do apoio do Estado. Também como mostram as estatísticas, merecem especial referência as empresas, que nos últimos anos teem denotado grande tenacidade na proteção do emprego dos seus colaboradores. Tal realidade implica que a clara deterioração do mercado de trabalho entre 2010 e 2013, tenha resultado do colapso das novas contratações, o que obviamente impediu uma célere reabsorção dos trabalhadores despedidos, assumindo a sociedade portuguesa avultados custos. A nova realidade do Estado Social é enfrentada com uma nova moldura, tornando  esse Estado mais eficiente e mas ético, reprimindo os abusos e os desperdícios, promovendo uma mais sólida cultura de partilha de riscos.
Um Estado Social com uma sólida igualdade de oportunidades, não se podendo dissociar do sistema fiscal e da sua progressividade, antes e deverá ser articulado com este, colidindo com a necessidade de promover a competitividade das empresas e a promoção do emprego.  A vulnerabilidade social assume hoje aspetos mais diversos do que há décadas. Por um lado, um Estado carenciado ou pobre hoje, não significa, apenas ter recursos insuficientes e escassos, significa suportar outros riscos relacionados com a solidão e a escassez de qualificações, ou outras formas de exclusão. Significa sobretudo, uma pobreza de escolhas e oportunidades, a nova pobreza, designadamente provinda do desemprego e a pobreza potencial que paira sobre os estratos médios da população.
No domínio dos cuidados de saúde, há ainda razões específicas que pressionam os custos a suportar, designadamente novas doenças civilizacionais;
- a inflação médica superior à inflação medida  pelo índice de preços do consumidor;
- a intensidade do capital na saúde que nem sempre é acompanhada do respetivo aumento da produtividade dos fatores;
-maiores dificuldades de estandardização ou massificação de procedimentos em comparação com outras atividades;
- o desenvolvimento tecnológico que ao contrário de outras atividades económicas teem tendência a aumentar e não a diminuir os custos unitários de saúde, conduzindo a uma prática de mudança mais cara . Uma reforma do sistema social, deve ser construída com base na conjugação harmoniosa entre a cobertura pública, empresarial e familiar e os riscos sociais. O Estado deve assumir em plenitude as suas responsabilidades e partilhar uma simbiose de transferências entre empresas e famílias intergeracionais a longo prazo. Reformar o Estado Social é ajudar as pessoas com a maior equidade social e geracional.
























































































































































































































































domingo, 5 de outubro de 2014

UM PAÍS COM DESIGUALDADES

Portugal é um país que existe há muito tempo, tem uma presença significativa e bem marcada no seio da humanidade e que indiscutivelmente tem problemas que exigem solução. Esses problemas são os portugueses que sofrem, que os causam, são aqueles que fazem parte da nossa identidade. É necessário conhecer a realidade onde se vive. Qual é a nossa realidade? Portugal é um país médio, tem as fronteiras estáveis e um povo homogéneo e coeso, pelo que tem um valor enorme na estabilidade e sobrevivência do nosso povo.Muitas pessoas perante a evidência negam a possibilidade de sermos ricos, pela óbvia presença da pobreza entre nós, em particular devido à recessão. Como se pode ser rico no meio de tanta miséria?Todos os países teem pobreza e até nos mais ricos existe crises. Verifica -se em todos os países do mundo a vivência de pessoas com grandes dificuldades. Nas últimas décadas convencionou -se que Portugal está na cauda da Europa. No entanto, o nosso crescimento relativo face à média do produto europeu avançou 35% ao fim de 12 anos. De 1986 a 1996, o crescimento económico e a melhoria social foram significativos. Mas a 1 de Maio de 2004, quando entraram 10 países mais pobres que Portugal, a 1 de Janeiro de 2007, com mais dois e a 1 de Julho de 2013 com mais um, Portugal foi colocado numa posição desvantajosa. A disparidade de rendimentos e as desigualdades em Portugal, são conceitos difíceis de medir e avaliar. É muito difícil ter uma opinião clara àcerca do impacto social de um choque como a crise de 2008 a 2014. A recessão afetou sobretudo a classe média, inicialmente pela recessão económica, depois pelos cortes orçamentais.Portugal está sempre no fundo das tabelas da desigualdade da União Europeia.Se Portugal é desigual, quais os grupos que mais sofrem com esta desigualdade? É  nos estratos mais pobres e na classe média. Também as pensões recebidas pelos idosos mais pobres absorveram quase todos os choques económicos, enquanto as transferências sociais mantiveram a sua influência. Portugal tem uma estrutura social que sofre de forte desigualdade, sendo os mais idosos a classe mais desprotegida. A realidade de Portugal é aquela que todos nós vivemos  na recente crise. Perante tal colapso, os políticos nacionais e europeus envolveram -se numas terríveis discussões e teorias. Os cidadãos portugueses resolveram a sua vida: uns emigraram, outros reformaram-se, outros mudaram a sua atividade. Todos mudaram de vida. 
O tempo passa inexoravelmente, um momento de cada vez. O que fica? Aquilo que permanece em nós de quem mais passamos o nosso tempo: o conhecimento, a cultura, a educação, os valores.Portugal será compreendido e os seus problemas terão solução se existir solidariedade entre os cidadãos.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

OS PROBLEMAS ECONÓMICOS DA EUROPA

Os problemas económicos da Europa começam com os respetivos Estados - Providência Por exemplo, na Alemanha, em França e na Itália, as taxas de desemprego foram 50 e 100 por cento mais elevadas durante quase duas décadas. A quota de europeus que podiam trabalhar e trabalham ou querem realmente trabalhar é menor, devido a alguns programas de proteção de trabalhadores que esgotam os potenciais postos de trabalho.No entanto, o maior fator é a cultura, visto que muitas das diferenças resultam do número de mulheres que trabalham ou que estão à procura de emprego. Assim, quase 60 por cento das norte - americanas pertencem à mão-de-obra do seu país, bem como as inglesas; mas metade das francesas, alemãs ou italianas em idade ativa trabalha ou diz que quer trabalhar.Ora, para as economias que criam muito do seu valor ao aplicarem o capital humano e tecnológico e ao desencorajar tacitamente as mulheres de trabalhar dão origem a custos muito dispendiosos.Se estas atitudes persistirem, o crescimento europeu, poderá vir a ser negativo, nos anos vindouros, à medida que a globalização for deixando as economias avançadas com poucas possibilidades de impulsionar o crescimento. Por outro lado, a quantidade e a qualidade dos trabalhadores que realmente têm emprego, são igualmente importantes. Também aqui, as principais economias da Europa, funcionam de maneira diferente.Em primeiro lugar, o trabalhador médio alemão, francês, italiano ou britânico, trabalha menos horas do que os americanos,japoneses ou sul-coreanos.O cerne do problema económico ,que a Europa enfrenta, reside na orientação básica de grande parte das empresas, das políticas económicas e da cultura empresarial europeia, a qual entra em conflito com o papel que a globalização oferece às economias avançadas. A função das economias em desenvolvimento é evidente: muitas delas tornaram -se sérias plataformas de produção e de montagem de todos os bens do comércio global que podem ser uniformizados, desde as t-shirts e as tampas de plástico, até aos computadores e automóveis. Esta situação é, simplesmente, o resultado de todo o capital, tecnologias, gestores e por fim, de todas as organizações de negócios modernas, que as empresas globais transferiram para o mundo em desenvolvimento, durante as últimas décadas.
A investigação demonstra que a capacidade que uma sociedade tem para adotar e adaptar rapidamente e amplamente, as inovações desenvolvidas por outros é, importante a nível económico. A globalização exige que as empresas nas economias avançadas, sejam capazes de utilizar os métodos de gestão, as tecnologias de informação e os instrumentos baseados na internet, disponíveis e mais sofisticados, para que possam construir e gerir as redes globais que ligam tudo.Contudo, as principais economias da Europa não são verdadeiramente globais. A vasta maioria do comércio e do investimento ainda se encontra nos Estados Unidos. O custo para a Europa de ignorar, em grande medida, o mundo em desenvolvimento, assenta não só, em negar aos consumidores alemãs, franceses e britânicos o acesso de muitas das fontes mais baratas do mundo de produtos - padrão, como também em negar às respetivas empresas o acesso aos materiais e aos bens intermédios, com os preços mais baixos. Igualmente importante, é o fato de estes países estarem a fechar -se aos mercados de crescimento mais rápido do mundo, numa altura em que as empresas e as pessoas de muitos países em desenvolvimento são capazes de comprar aquilo que os países mais avançados produzem. A preocupação económica da Europa é ainda mais profunda no que se refere aos locais onde as empresas europeias instalam as empresas estrangeiras ou onde se situa o investimento direto estrangeiro.Se as empresas de países fora da Europa, obtiverem produtos a preços muito baixos e aprenderem a  produzir e vender com  custos de produção elevados, a Europa cresce mais lentamente e desenvolve -se com rendimentos mais baixos.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

AS NOVAS TECNOLOGIAS

O  que podemos esperar nos próximos dez ou quinze anos com os avanços das novas tecnologias?
Reforçar o crescimento e o desenvolvimento a nível mundial e, possivelmente, ajudar a resolver as crises energéticas, ambientais e cuidados de saúde com que muitos países se irão confrontar em breve.
As inovações tecnológicas que mudam a forma como milhões de pessoas vivem e trabalham não são regulares nem raras. Existem sérias razões para acreditar que o ritmo geral das inovações tecnológicas tem vindo a aumentar nos próximos dez a quinze anos.Uma razão é o fato de atualmente, os cientistas e investigadores, poderem aproveitar o enorme poder das novas tecnologias de informação para os respetivos campos de estudo. Outro fator é o fato de, pela primeira vez na história da ciência, o progresso tecnológico ser verdadeiramente global. A globalização tem outro efeito no ritmo do progresso tecnológico: ao permitir que as sociedades se tornem mais prósperas, o mercado expande -se para um software mais potente. Ora um mercado potencial maior, aumenta a rendibilidade do desenvolvimento de inovações, o que aumenta os recursos dedicados ao desenvolvimento  e, em última análise, o número de novas tecnologias que chegam aos escritórios, às fábricas e aos lares. Por isso não é de surpreender que a maior economia do mundo, se tenha tornado " o viveiro mundial da inovação". Muitas das novas tecnologias da informação, parecem estar concentradas na mobilidade  aumentada e nas tendências que podem difundir a Internet e as tecnologias de comunicação, acelerando o seu crescimento e a globalização. Se a tecnologia e a economia se desenvolverem, por volta de 2015 e 2020, os dias de trabalho de dezenas de milhares de pessoas serão muito diferentes dos dias de hoje. As poupanças de tantas pessoas a trabalhar a tempo inteiro, a partir de casa ou a partir de centros -satélite, podem ajudar a aumentar os lucros, o investimento e o crescimento. No entanto, as maiores mudanças esperadas pela maior parte dos especialistas em tecnologias da informação, para a próxima década, envolvem aumentos contínuos do hardware e do software.As tendências nas tecnologias de informação podem impulsionar outra explosão de crescimento e desenvolvimento na próxima década - especialmente em locais que acolhem as empresas estrangeiras para construir as redes e proporcionar o hardware e o software, investindo na educação para sem utilizadas novas tecnologias.
Por todo o mundo, a globalização irá mudar a vida das pessoas. Á medida que a globalização se afirmar nos últimos anos, a produção mundial cresce mais rapidamente do que durante qualquer período. Durante a próxima década, o imperativo económico para a maioria das nações irá ser, abrir a economia às ambições das populações e às capacidades dos outros.
Os países que irão vencer na próxima década, serão aqueles que abrirão os mercados tanto quanto possível às ideias e aos impulsos dos seus empresários, a investimentos e operações das empresas estrangeiras e bens e serviços produzidos através das redes globais. Seguir este caminho ou não, é a melhor forma que o mundo tem nesta altura para gerar crescimento e riqueza. Os países avançados mais prósperos durante a próxima década, serão aqueles que se concentram com mais sucesso, naquilo que as economias avançadas fazem melhor - criar, adotar, e adaptar -se às novas tecnologias e processos de produção importantes, às novas formas de financiar, comercializar, organizar e gerir.
No entanto, atualmente, a invasão das nossas vidas pelas tecnologias está a criar uma situação paradoxal. Somos inundados constantemente por uma cascata de informação, dados, notícias, rumores, mensagens ou pedidos que nos fazem gastar mais tempo on -line do que queremos. Entrar nas redes sociais para comunicar e partilhar mil e uma coisas com amigos, familiares e conhecidos, ou receber chamadas e mensagens sem fim, sobra pouco tempo para as tarefas e conversas mais serenas, mais focadas neste ou naquele assunto e mais concentradas.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

OS NOVOS PAÍSES EMERGENTES

Como cresce uma nação?A questão passa por permitir o fluxo livre de bens , capitais e pessoas, encorajar a poupança, garantir que os bancos canalizem as verbas para investimentos produtivos, impor o Estado de Direito, estabilizar a economia com défices públicos, estabilizar a inflação e abrir as portas ao capital estrangeiro. Os novos países emergentes enfrentam uma realidade: com a redução do crescimento dos países ricos, estes vão comprar menos a economias dedicadas à exportação, como o México, Taiwan e Malásia. Por isso estes mercados terão uma nova forma de crescer a um ritmo acelerado. Muitos analistas e investidores acreditavam correctamente na mudança de riqueza do Ocidente para o Oriente e no fato dos rendimentos médios das nações emergentes se igualarem aos das nações ricas.Malásia, Singapura, Coreia do Sul , Taiwan Tailândia e Hong- Kong, mantiveram um ritmo de crescimento significativo durante as últimas décadas.Os trabalhadores destes países dispõem de educação e de competências necessárias para serem empregáveis, desde que os governos lhes proporcionem empregos lucrativos. Nas primeiras fases de desenvolvimento, os novos países emergentes podem reduzir a diferença de rendimentos em relação às nações ricas com relativa facilidade, adotando ou copiando a tecnologia e as ferramentas de gestão das nações desenvolvidas. Todavia, a partir de um determinado ponto, as nações emergentes já adotaram tudo o que era possível e teem de começar a inovar por si mesmas.Também a  Coreia do Sul é um dos principais países onde as empresas teem uma vasta seleção de indústrias, desde os automóveis aos químicos, sendo muito abertas aos que veem de fora.Coreia do Sul e Taiwan são os medalhas de ouro da corrida económica global e as duas nações na história económica a conseguirem décadas consecutivas de crescimento.Ambas as nações investem bastante em investigação e desenvolvimento.Coreia do Sul cresceu desde a Segunda Guerra Mundial, fabricando produtos de preços baixos para vender às nações ricas, tornando -se  um grande mercado em aço, petroquímicos e construção naval.A Coreia do Sul tornou -se uma nação de tal forma rica que é denominada a "Alemanha da Ásia". Criou marcas genuinamente globais edificadas sobre a produção de bens tecnológicos, lideradas por três dos seus gigantes originais: Samsung, Hyunday e LG. E Taiwan? Taiwan assumiu contratos para trabalhos de produção, muitas vezes servindo -se dos laços culturais partilhados e da proximidade da vasta mão-de-obra chinesa, produzindo um crescimento rápido constante. Durante anos estes dois países correram o rico de invasão- motivo mais do que suficiente para manterem a busca pelo poderio económico militar. No futuro o êxito da Coreia do Sul tem sido a capacidade de sair da sombra do Japão, enquanto potência de produção, sendo considerada a sétima economia do mundo. Quais as nações em ascensão na próxima década?As nações com mais probabilidades de ultrapassar o ritmo esperado de 3 por cento, são a República Checa - o porto de abrigo do caos europeu - e a Coreia do Sul - o"rompe- bloqueios"produtor. A Turquia e a Polónia mostram um grande potencial por se sentirem nações de crescimento rápido. Todavia, o gigante chinês excede o ritmo máximo de crescimento de todas as economias.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

A ECONOMIA PORTUGUESA NO MUNDO GLOBAL

A Economia Portuguesa enfrentou um conjunto de problemas desde 2010. Entre eles é de referir, o da perda de competitividade nas produções em setores tradicionais que continuassem a assentar no trabalho manual pouco qualificado, face à tendência dos países industrializados se abastecerem de bens de consumo corrente de massa e banalizados aos menores custos.Tudo isto, por não se assistir a uma deslocação dos fatores de competitividade setorial para a qualificação/criatividade dos recursos humanos, a acumulação de capital e a organização de redes de fornecedores e de distribuição. Ao mesmo tempo, o país enfrentava  uma forte concorrência pela captação do investimento internacional, na área da indústria e dos serviços, exigindo estratégias mais estruturadas para atrair clusters de investimentos que mutuamente se articulavam com a estrutura produtiva existente. Como fatores de atratividade, são de salientar a capacidade de controlo sobre finanças públicas e de redução de inflação, a criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento das empresas, a qualidade dos recursos humanos, a disponibilidade de infra -estruturas internacionais, a posição geográfica do País e a qualidade de vida urbana. Houve também dificuldades em aumentar as exportações de bens e serviços para enfrentar um possível aumento significativo do preço do petróleo e do gás, criando problemas na balança de pagamentos.
Todavia, considerou -se que todas as possíveis evoluções da economia global, criaram oportunidades a um país como Portugal, como por exemplo:
- A criação de redes mundiais de abastecimento por parte dos grandes operadores internacionais e de serviços, tornando possível às empresas portuguesas, com domínio de modernas tecnologias produtivas e capacidade de inovação, competir com fornecedores integradas nessas redes com capacidade de ascender a funções de maior complexidade e valorização;
- A forte dinâmica de uma multiplicidade de serviços internacionais, com graus diferentes de exigência, quanto às qualificações e de infra - estruturas internacionais, assegurando ritmos de crescimento e de criação de emprego sustentados;
- A localização do país numa posição central na bacia do Atlântico, constitui uma vantagem para os operadores industriais que queiram simultaneamente aceder, de um mesmo ponto, aos mercados da Europa, quer para certo tipo de componentes, quer para produtos finais.
É de salientar que o modo como a União Europeia se encontrava estruturada e as evoluções previsíveis, apontavam igualmente para para um conjunto de fatores susceptíveis de serem utilizados por Portugal para acelerar o seu crescimento e alcançar um melhor posicionamento no espaço da União Europeia.
Tais fatores são:
1 - O acesso a um grande mercado, suportado por infra -estruturas de transportes e comunicações modernas, onde surgiram novas oportunidades industriais portuguesas, na base de fatores de competitividade, relativamente aos nossos concorrentes extra - europeus(graças à flexibilidade e rapidez dos processos comerciais  decorrentes da ausência de  fronteiras).
2 - As potencialidades de crescimento oferecidas por um conjunto de serviços destinados aos mercados europeus, desde o turismo, aos serviços de saúde, até aos serviços de back-office ou de formação - constituem oportunidades para Portugal compensar algumas dificuldades a enfrentar na criação de empregos na área industrial;
3 - A possibilidade de obtenção de financiamentos externos dirigidos à melhoria das condições de infra - estruturas que permitam a Portugal participar nas redes de logística global.
Numa pequena economia aberta, como a portuguesa, a obtenção de taxas de crescimento que permitam reduzir o atual desnível em relação aos parceiros da União Europeia, explorando a dinâmica da globalização, depende da melhoria da competitividade global da economia, traduzida numa evolução da estrutura produtiva e da especialização internacional que permita atingir dois objetivos:
- Aumentar as quotas de mercado em produtos(bens e serviços) e em destinos geográficos que revelem taxas de crescimento superiores à média da economia europeia;
- Evoluir com êxito para segmentos mais dinâmicos e de maior valor acrescentado, nos mercados em que a economia portuguesa está atualmente mais presente.
Todo o conjunto de transformações da estrutura produtiva não poderá reduzir -se a escolhas simples, deverá ser pensado um conjunto de combinações no quadro de cenários alternativos da estrutura produtiva e da especialização internacional, por:
- Um papel central desempenado pelos setores têxtil/vestuário e calçado, com estratégias de competitividade centradas na melhoria da qualidade e da inovação dos produtos e na modernização dos processos produtivos, contribuindo para a mudança de imagem do país, como produtor de bens mais elaborados. Nesta estratégia, inclui -se a criação de marcas próprias a comercializar na Europa,mantendo -se o papel preponderante de distribuição de controlo externo.
- Um crescimento do turismo, com uma mais forte presença no mercado espanhol, especialmente junto das camadas médias e da gama mais baixa do mercado europeu, assegurando elevadas taxas de ocupação.
-Um desenvolvimento de atividades de clusters como ourivesaria, produtos de alta qualidade e pela alteração na fileira pasta/papel de um segmento de fibras celulósicas .
Portugal na sua abertura ao exterior definiu -se como periferia europeia de baixos salários e mão - de - obra barata sem grande qualificação, orientada para a produção industrial de bens de consumo de massa, para o aproveitamento de matérias - primas florestais e como destino turístico de sol e praia. Ora a globalização veio retirar funções às periferias de baixos salários de cada uma das regiões mais desenvolvidas do mundo, transferindo essas funções para a China, tornando possível a emergência de menos destinos de sol e praia acessíveis à população europeia.Por outro lado, a adesão dos países da Europa de Leste à União Europeia, representou  um 2ºchoque externo de grande impacto, porque a abertura política do Leste Europeu e a sua adesão à União Europeia vieram trazer uma forte competição a Portugal não só no comércio externo, como na atração de investimento direto estrangeiro em setores mais exigentes em qualificação. Também o choque energético, levou a um aumento do valor das importações, ficando a economia portuguesa muito dependente do valor dos combustíveis.Por último a adesão à União Europeia, desincentivou a orientação exportadora, reforçou a atratividade dos investimentos nos setores mais abrigados da competição internacional e mais dependentes do mercado interno, aumentou a componente importada do consumo privado, traduzindo -se numa perda cada vez maior da competitividade da economia e num acentuar da inflação dos preços nos setores menos expostos à concorrência.
Quais são as reformas estruturais para competir e crescer na globalização?
- Reforçar a competitividade fiscal, não só no que respeita à tributação das empresas, como à tributação dos rendimentos do trabalho, para não penalizar as melhores qualificações e competências;
-Qualificar recursos humanos no que respeita ao melhoramento do ensino básico e secundário, com base numa maior competição na oferta de serviços, e numa muito maior liberdade de escolha por parte das famílias que permitissem difundir mais rapidamente as modificações de conteúdos, métodos e valores cruciais para vencer , na economia baseada no conhecimento, num contexto das sociedades competitivas. No que respeita ao ensino universitário, deverá continuar o apoio à sua internacionalização, através de parcerias de escolas superiores com investidores estrangeiros;
- Reorganizar o envolvimento dos indivíduos no mercado de trabalho, diferenciando -o ao longo da vida ativa e prolongando esta, sob formas compatíveis com a qualidade de vida;
- Dispor de infra - estruturas de comunicação e informação até ao consumidor final.
A economia portuguesa necessita duma abertura de oportunidades do mercado exterior para que se justifique um aumento substancial e continuado do investimento do setor exportador;duma dinâmica do mercado interno, tendo em conta a atração do rendimento vindo do exterior, não só como turismo, mas como acolhimento de dezenas de milhares de residentes vindos da Europa, que podem contribuir para animar as atividades imobiliárias e de construção, utilizando ativos como crédito malparado; dum aumento substancial da produtividade dos fatores de capital, conhecimento, tecnologia e capital, quer nos setores exportadores, quer nos setores mais protegidos da concorrência internacional.
Portugal tem vantagens em estabelecer parcerias para a globalização:
- Com empresas que realizem IDE em Portugal, orientado para a exportação de bens e serviços.
- Com fundos soberanos ou grandes empresas globais que se tornem parceiros no capital das empresas dos setores infra -estruturais.
- Com Estados que venham a integrar no futuro, um consórcio de credores que tenham adquirido dívida soberana indexada ao crescimento da economia.





domingo, 26 de janeiro de 2014

A ECONOMIA COMO CIÊNCIA SOCIAL

É significativo, o papel que a economia pode desempenhar como ciência social, focalizada na resolução dos problemas do Homem, nas suas variadas amplitudes, sejam elas de caráter económico ou social. É  possível observar e perceber os contrastes entre os modos de vida das pessoas que vivem no mesmo país, região ou até na mesma cidade, bem como tomar consciência do fosso que separa os pobres dos mais ricos e compreender, ao mesmo tempo, as múltiplas relações de interdependência entre essas populações e, de uma forma geral, entre os povos do mundo, face à existência de uma diversidade de meios e de formas de transporte e comunicação, encurtando física e geograficamente uma realidade que se encontra separada por uma grande distância em termos económicos e sociais e que se designa por "aldeia global".
Em face dessa realidade colocam -se algumas questões:
Como reduzir a desigualdade económica e social?Como possibilitar a liberdade e a dignidade humana?
A questão da interdependência, leva -nos ao conceito de aldeia global e à tão falada globalização. É portanto errado considerar que a globalização se restringe às vertentes económica e financeira da sociedade humana e aos fenómenos de expansão e crescimento das empresas multinacionais, aproveitando a abertura das fronteiras e a livre circulação de pessoas e capitais. No entanto, estas multinacionais, atuam em todos os setores da atividade económica com impato direto na vida dos cidadãos, desenvolvendo os seus negócios em áreas, que vão desde a saúde, à cultura, passando pelos serviços financeiros, acabando efetivamente, por fazer centrar em si, os aspetos mais marcantes da globalização. O objetivo final destas empresas multinacionais é o lucro a atingir de forma inexorável, de forma a remunerar os seus acionistas pelos investimentos efetuados e os seus colaboradores pelos serviços que lhes são prestados, satisfazendo assim as suas necessidades e preocupações de natureza financeira. Mas outros aspetos de carácter social  são importantes, porque quanto mais rica e próspera for uma região, em termos económicos e sociais, melhores condições tem a empresa para crescer. É  certo que as empresas devem assumir perante a comunidade o combate à pobreza, exclusão social e, desigualdade de meios entre as sociedades, em prol dos mais desfavorecidos. Em face disso, designa -se a Economia, como uma ciência social, que tem por finalidade, entre outras, o estudo do impacto que os fenómenos económicos representam no bem -estar das famílias e no bem -estar do ser humano.É nesta perspetiva que a Economia pode ser analisada através de dois vetores: um vetor científico- económico, que diz respeito à interpretação dos fenómenos estritamente económicos, de forma a explicar a realidade. Um outro vetor: o social, conduzindo a práticas cujo objetivo final, é contribuir para o bem -estar do Homem, enquanto ser social, através da construção de soluções que conduzem ao crescimento, e, consequentemente ao desenvolvimento nas suas vertentes económica, social e humana, através de uma maior equidade na distribuição dos bens e recursos, dignidade humana e justiça social. Pode -se afirmar que a produtividade e, consequentemente, o crescimento económico, dependem de fatores de natureza endógena e exógena. Entre os primeiros, encontram -se o ritmo dos investimentos da indústria em capital físico, a eficiência dos sistemas de produção, a utilização mais ou menos eficiente de novas tecnologias disponíveis, o ritmo da inovação, investigação e desenvolvimento, a qualidade da gestão empresarial,a qualidade dos recursos humanos, a capacidade de iniciativa empresarial para adotar novas estratégias de produtos e mercados. No que diz respeito aos fatores de natureza exógena, podemos apontar o ritmo de crescimento do mercado europeu, onde Portugal se insere, designadamente dos mercados internacionais, com os quais o nosso país  se desenvolve de forma mais intensa as suas relações comerciais, o ritmo de crescimento dos mercados financeiros internacionais, o nível de desenvolvimento tecnológico desses mercados, cuja tecnologia podemos importar. É minha opinião que no cenário atual da economia portuguesa, são estes os fatores, os mais determinantes para cumprir as metas e os objetivos da produtividade e do crescimento de forma sustentada.

sábado, 25 de janeiro de 2014

EMPREENDEDORISMO NO MUNDO DO TRABALHO

Ninguém nasce empreendedor. O empreendedor faz -se a si mesmo, embora haja fatores que podem contribuir para que um indivíduo seja um verdadeiro empreendedor. Quais são esses fatores?Por exemplo são fatores inatos de personalidade: a influência e história familiar próxima, a vivência num meio onde as relações sociais e profissionais são mais propensas a tal, em virtude de experiências pessoais e profissionais passadas, a formação académica, ou por necessidade. Serão esses fatores absolutamente determinantes? Por vezes o fato de terem suporte financeiro e familiar, não representa nada se faltarem as ideias, a vontade ou capacidade de as concretizar. De qualquer forma, acredito que, o que mais determina o sentido de empreendedorismo dos indivíduos, será em primeiro lugar,os seus traços de personalidade, sendo esta característica gerada pela influência familiar, experiências sociais, pessoais e profissionais vividas.
Se nos centrarmos em concreto no empreendedorismo, como a criação e desenvolvimento de um projeto empresarial, a conceção de uma ideia que diga respeito  ao surgimento de algo na cabeça do empreendedor que, se pode consubstanciar no desejo e vontade de criar uma empresa, essa ideia pode surgir de várias origens: a deteção de uma oportunidade de mercado, a aplicação de capacidades e experiência profissional adquiridas, hobbies pessoais, invenção criada pelo próprio, ou paixão por uma determinada atividade. Qualquer que seja essa ideia, esta tem acima de tudo, que ser realista e ajustada ao mercado onde pretende prosperar. É neste contexto que deve ser desenhado o perfil da empresa, tendo em conta o perfil do empreendedor. Por isso este deve ter em conta uma diversidade de aspetos na fase de arranque do seu projeto, como sejam:
  • A sua experiência no negócio;
  • A adequação da sua formação profissional ao projeto;
  • O tipo, dimensão e maturidade do mercado onde pretende entrar;
  • O tipo de concorrentes existentes;
  • O perfil do consumidor;
  • As características do produto ou serviço que pretende oferecer;
  • As suas necessidades de financiamento;
  • A capacidade e as fontes disponíveis para financiar;
  • Os apoios disponíveis à sua atividade.
A regulamentação da atividade, se a houver, para além de outras condições como o capital necessário, quem, quantos e quais, são os objetivos do projeto, a localização da empresa, o tipo da de licença para operar, entre alguns outros.
Acima de tudo, importa perceber se o mercado reconhece a importância e a necessidade da sua oferta e se é exequível a criação e o desenvolvimento do negócio, tal qual foi pensado.
O crescimento económico induzido pelo reforço da produtividade das empresas, levando o país a produzir mais, a exportar mais, a criar mais emprego e riqueza, são indispensáveis ao empreendedorismo. Basta enveredar pelo caminho da reindustrialização, como medida para a recuperação económica do país, para que consigamos tornar Portugal mais competitivo e criador de riqueza, o que levará a ultrapassar as atuais dificuldades. Contudo, por vezes, é falaciosa esta medida de recuperação porque, para existir mais industrialização, são necessários mais empresários  e  porém, o país não é dotado de um leque suficiente de empresários que possam pôr em prática, em poucos anos, o objetivo da reindustrialização.
Quanto à criação de riqueza e de emprego, as limitações da reindustrialização moderna são significativas:por um lado, a falta de capital com que os empresários iniciam as suas atividades e o escasso acesso ao crédito por parte das micro e pequenas empresas. Por outro lado, a fuga das empresas multinacionais do país deslocalizando-se para o oriente, ou encerrando atividades devido à crise. Mas Portugal tem outras competências, como sendo um país de serviços para a indústria. As suas boas infra- estruturas de comunicação, o conhecimento, a formação e o ecletismo do povo, podem permitir ao país, atrair indústrias que concentrem aqui conhecimento, tecnologia e informação designados shared services centers. Desta forma teremos em Portugal, a criação de empresas multinacionais, de emprego e de riqueza e condições para competir com outros países. Por isso, o país tem que ser capaz de captar o investimento, através de um quadro fiscal favorável, pouco agressivo e especialmente estável, bem como de um sistema burocrático e administrativo leve. Empreender em Portugal passa por um grande investimento na educação e formação, desenvolvimento de novas competências, aumento da produtividade e competitividade em termos internacionais. Do calçado ao design, da arquitetura à moda, do artesanato aos espetáculos, Portugal tem competências únicas e condições para atrair novas pessoas evitando assim a fuga dos cérebros. É essencial divulgar lá fora o que de bom e positivo temos vindo a construir nos últimos anos. Os casos de sucesso desenvolvidos internamente em setores, como os da tecnologia de informação,genética e biotecnologia são exemplos de sucesso, onde podemos encontrar empresas que procuram investigação na procura de medicamentos aplicados na cura de doenças contra o cancro. Portugal tem também a oferta turística que representa um fator de crescimento económico e de competitividade.
Por outro lado, a Índia é uma oportunidade de negócio para as empresas portuguesas. A relação entre Portugal e A Índia são "excelentes". Num canto da Europa, Portugal parece ponderar sobre a imensidão indiana, pela sua diversidade e potencialidades. No encontro que decorreu na capital portuguesa "Portugal Índia Business Relations", mostrou a vasta gama de possibilidades de entrada de empresas portuguesas no mercado indiano.É de recordar as palavras do líder do FMI: a Índia é o "bright spot of world economy". Numa altura em que a economia indiana se está a abrir ao mundo, com abertura de investimentos externos e com um ambiente mais propício ao setor privado, a que se junta a forte aposta no conceito de facilidades para fazer negócios, o "made in Índia" é evidente, sendo a previsão do crescimento do PIB da  Índia para 7,4% no período 2014- 2015, pelo que pode ser um chamariz para as empresas portuguesas. Há uma clara área onde as potencialidades de investimento são evidentes(turismo,cortiça,papel,calçado,tratamento de resíduos, energias renováveis, indústria química e alimentação),  e as empresas portuguesas irão surgir integradas numa estratégia de conquista do mercado indiano.