sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A DÍVIDA: O MAIOR PROBLEMA DA ECONOMIA

Se o Estado se endividar, pode gastar mais, e desta forma, contribuir para estimular a economia?
Para analisar esta questão é importante: saber até onde o Estado se pode financiar sem criar problemas ao país; qual o resultado dessa despesa.
Analisando o peso da dívida pública, verificamos que de 2007 a 2012, a dívida agravou -se em 84 milhões de euros. O que é que isto significa? Que toda a riqueza que Portugal cria já não chega para pagar a dívida que o Estado tem. Portugal é o país da União Europeia que regista o maior crescimento da dívida.Porquê esta deterioração tão significativa ?São os défices orçamentais sucessivos dos últimos anos, e, o alargamento da própria dívida. É que em 2008, depois da eclosão da crise financeira, os líderes das principais economias mundiais, assustaram -se com a perspetiva de uma depressão da que se seguiu ao crash de 1929. Para evitar esse risco, sugeriram aos responsáveis dos diversos países que abrissem os cordões à bolsa. Como a maior parte dos respetivos orçamentos não tinham folga para aumentar a despesa, os países foram obrigados a endividar -se para financiar a despesa. Resultado: a dívida pública registou um aumento considerável desde 2008 na generalidade dos países, mesmo na Zona Euro.O problema é que quem devia ter utilizado a despesa pública como arma antidepressão, deveriam ter sido  apenas as grandes economias mundiais: os EUA e a Alemanha. Ora o que aconteceu foi que pequenos países, entre os quais Portugal, gastaram o que não tinham, agravando ainda mais uma situação em que ,o défice orçamental não dava qualquer margem para mais despesa.Quanto  ao agravamento da dívida pública, grande parte tem a ver com a prática da desorçamentação, ou seja: o que se fez foi tirar formalmente do orçamento responsabilidades que, na prática, eram do Estado. Isto significa que, apesar das despesas não aparecerem no orçamento, eram efetivamente pagas pelo Estado, representando dívida.. Quando a Troika chegou, obrigou o Governo a tomar medidas que garantiram maior transparência no Universo das operações que envolviam o Estado: ou seja: aquilo que estava fora do orçamento, passou a estar dentro do orçamento.
A partir dos anos 90, o crescimento económico em Portugal, começou a abrandar de forma significativa, porque parcelas cada vez maiores que podiam ser canalizadas para financiar o desenvolvimento, são gastas pelo Estado em atividades que não geram riqueza. Entre 2006 e 2007, a despesa voltou a subir e atingiu o um pico de 50% em 2010. Portanto, o maior problema da economia portuguesa é a má despesa pública ( num país de recursos escassos), que, por sua vez dá origem a outro: o aumento de impostos que passa a ser definitivo com o passar dos anos.O problema de Portugal é que nunca, nos últimos 20 anos conseguiu ter orçamentos equilibrados, mesmo quando a economia crescia a taxas positivas.
Mas vejamos o que nos pediu a Troika? Que cortássemos nos salários do setor público e do setor privado. Porquê? Por causa do défice das contas externas,  Sem reduzir o poder de compra dos portugueses, nunca se consegue fazer o ajustamento das contas externas.  Portugal está a tornar as exportações mais baratas com a redução dos salários. Só que essa redução, é feita em termos nominais, e, sendo assim os cidadãos empobrecem porque o seu poder de compra diminuiu. Daí  a quebra acentuada das importações nos últimos meses. É certo que a instabilidade que se vive, não ajuda à economia portuguesa. Essa instabilidade está a prejudicar a nossa recuperação.; o modelo económico sobre o qual tentamos sustentar, chegou ao fim. Por isso é necessário mudar. É importante o regresso aos mercados, porque em Portugal não existe capital suficiente para financiar o Estado e as empresas. Daí ser necessário pedir dinheiro ao exterior, mas para isso temos de melhorar a nossa credibilidade para que os investidores nos emprestem dinheiro a taxas aceitáveis.

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