sexta-feira, 27 de maio de 2011

As causas da crise nacional

 O difícil ajustamento ao euro, a perda de competitividade das nossas exportações nos mercados internacionais, os erros na condução da política económica e uma baixa acentuada do crescimento da produtividade são quatro grandes causas da crise nacional. Ora vejamos: como pertencemos ao euro, deixamos de poder desvalorizar a nossa moeda para tornar as exportações mais baratas e as importações mais caras, diminuindo , deste modo, o nosso crónico défice externo, ou seja: como já não temos uma política cambial,, não podemos ajudar as nossas exportações a tornarem-se mais competitivas. Por isso, a única maneira de fazer com que as exportações nacionais se tornem mais atractivas nos mercados internacionais, passa pelo crescimento da produtividade e pela contenção dos custos de produção. Por conseguinte, a adopção do euro afectou a competitividade de muitas das nossas exportações, ( têxteis e calçado) e conduziu a um agravamento do défice externo. Por outro lado, a entrada no euro significou também o fim de uma política monetária independente. A partir de 1999, a política monetária passou a ser determinada não pelas necessidades da economia nacional, mas sim de acordo com a economia da Eurolândia. Neste contexto, o Banco de Portugal já não pode sentir as taxas as taxas de juro quando existem pressões inflacionistas, nem descê-las quando é preciso ajudar a estimular o crescimento económico, não podendo igualmente manipular a base monetária para influenciar a economia nacional.A adesão à moeda única permitiu uma descida dos juros, em países com histórias de inflação elevada e um aumento das facilidades de obtenção de crédito por parte dos bancos, empresas e famílias dos países da zona euro.O resultado foi um crescimento elevado, por vezes até explosivo do endividamento, em quase todos os países europeus e Portugal foi um dos países da União Europeia onde o endividamento mais cresceu. Este crescente endividamento do nosso país constitui uma das mais graves ameaças ao nosso bem-estar e à saúde da economia nacional. Quanto à perda de competitividade das exportações nacionais é atribuída ao excessivo crescimento dos nossos custos unitários do trabalho que contribuem para a acumulação de défices externos consideráveis.Ora tanto os desequilíbrios externos da economia nacional, como a nossa falta de competitividade, só serão resolvidos se aumentarmos a produtividade nacional e/ou se baixarmos os salários, de forma a tornar as nossas exportações mais atractivas nos mercados internacionais. Reduzir os custos unitários do trabalho, tornando as exportações mais competitivas, cortar os salários para reduzir os custos de produção e, assim estimular o nosso sector exportador é uma forma da economia nacional recuperar a competitividade perdida nos últimos anos. É certo que o ajustamento ao euro tem sido difícil, mas os nossos males não se pdem atribuir todos à moeda única. Muitas das dificuldades estão associadas à maior concorrência dos países da Europa de Leste e dos países asiáticos nos mercados internacionais. Por outro lado, os sucessivos erros na condução da política económica e oorçamental agravaram o mal-estar nacional e contribuíram para a estagnação económica. Também as prioridades da política económica dos últimos anos têm sido claramente erradas: o excessivo despesismo do Estado tem assim um enorme custo de oprtunidade para a economia nacional, visto que estes recursos afectos ao Estado, poderiam ser poupados ou ser utilizados de modo mais produtivo. Numa altura em que já se notaram dificuldades de competitividade por parte de alguns dos nossos sectores produtivos, numa altura em que algumas das nossas indústrias mais inovadoras e dos sectores emergentes precisavam de ser apoiados, os nossos governos optaram por ignorar os problemas estruturais da economia portuguesa e embarcaram numa trajectória despesista que em muito aumentou o peso do Estado e que nada ajudou a economia. As consequências destas políticas foram : estagnação e crise económica, o que levou a um aumento do endividamento público e privado. Ora para termos de pagar as nossas dívidas, o nosso rendimento disponível para consumir, para poupar e para investir é menor. Por isso, o elevado endividamento nacional funciona como um entrave à retoma da economia ao penalizar o consumo, o investimento e, como as taxas de juro sobem, o custo do crédito ficará mais caro, diminuindo o rendimento disponível das famílias e uma recuperação económica mais tardia. Por outro lado, um dos factores explicativos do decréscimo da produtividade deverá estar relacionado com as alterações estruturais a nível sectorial, que ocorreram na economia nacional nas últimas décadas. Tal como tem acontecido em outros países avançados, a economia portuguesa tem -se tornado uma economia de serviços cada vez menos baseada na indústria. Assim, se produzirmos cada vez menos bens industriais e cada vez mais serviços, a produtividade nacional sofre. Considerando a crescente deslocalização da produção de muitas indústrias para países asiáticos (que têm salários mais reduzidos do que os nossos), nada nos adianta apostar no sector industrial, por isso, só nos resta uma alternativa: aumentar a produtividade dos serviços.

Sem comentários:

Enviar um comentário