Um dos desafios para esta década será o de promover um desenvolvimento sustentável, assente na inovação, e, capaz de assegurar uma repartição da riqueza mais justa do ponto de vista social. O País confronta-se com inúmeras desigualdades com forte impacto social. Uma frágil criação de emprego, acompanhada de um aumento do número de trabalhadores pobres (working poor), que auferem salários insuficientes para satisfazer as necessidades básicas, geram dúvidas sobre o futuro do País, ao nível social. Para que a política económica, atinja um único objetivo, alcançar um desenvolvimento sustentável pressupõe um equilíbrio entre o económico e o social. Desde logo, as políticas de educação, ciência e inovação, são fundamentais para alcançar esse objetivo. Se em Portugal, assistimos nos últimos quarenta anos, a uma democratização do ensino, é ainda muito escassa a ligação entre a intervenção científica às empresas e a sociedade. Assim , é importante promover de forma sustentável, a competitividade empresarial, na dupla dimensão tecnológica e territorial, estimulando a atração do investimento com forte valor acrescentado e de futuro; reter os trabalhadores mais qualificados; promover uma gestão estratégica do sistema, da ciência e da tecnologia; garantir a previsibilidade dos incentivos públicos, promovendo um planeamento adequado das instituições, assim como assegurar clareza e transparência no funcionamento dos agentes de política científica. Ainda importa, envolver os municípios nesta estratégia conjunta, para juntamente com empresas e universidades, desenvolverem projetos de inovação comuns. Portugal continua a ter um problema de qualificação dos adultos em idade ativa, que passa por um défice estrutural de qualificações escolares, e, que ciclicamente, pode gerar uma elevada proporção de desemprego estrutural, considerando a desadequação das suas competências profissionais, face às mudanças em curso no mercado de trabalho. Assim, cabe incentivar a educação e formação de adultos, assim como promover as redes locais para a qualificação, permitindo uma coordenação a nível regional e local. Perante o movimento da digitalização da economia, é necessário traçar uma intervenção em escala e em profundidade, para enfrentar as consequentes mudanças, prevendo um eventual aumento do desemprego de longa duração. O European Inovation Scorebord (EIS), faculta uma avaliação comparativa do desempenho da investigação e inovação dos Estados -membros da UE, e outros países europeus vizinhos, permitindo aos decisores políticos, avaliar os pontos fortes e fracos relativos dos sistemas nacionais de investigação, acompanhar o progresso e identificar áreas prioritárias para promover o desempenho na inovação. Desta investigação resultou que o desempenho da inovação, continua a melhorar em toda a UE, com os países de fraco desempenho a crescerem mais do que os países de maior desempenho. Desde 2014, a economia portuguesa caiu no ranking que mede a inovação das empresas da UE. Como promover a inovação no contexto de uma sociedade envelhecida? O Plano de Recuperação e Resiliência, inclui, igualmente, uma forte presença das questões do digital, do futuro do trabalho, e, da adaptação das empresas a esta realidade, como resposta às necessidades de curto prazo da economia, mas também a preparação das pessoas e das empresas nos próximos anos. Mutos jovens, na faixa etária dos 15-29 anos, careceu das competências digitais, e, isso criará desigualdades sociais, até mesmo um catalisador de desigualdades. Assim, é necessário tornar os recursos digitais mais acessíveis e integrá-los totalmente na educação nacional. Os jovens podem adquirir competências digitais, desde o início do ensino básico, e, o sistema escolar deve combater efetivamente essas desigualdades digitais, para que não haja um entrave ao crescimento económico. É de referir que, considerando o expectável impacto da digitalização da economia, no mercado de trabalho, nos próximos anos, urge considerar o tema da empregabilidade digital, como central nas políticas públicas laborais. Tendo em atenção, os dados demográficos, divulgados recentemente pelo INE: o número médio de filhos, de mulheres e homens, passou de 1,03 em 2013 para 0,86 em 2019. Por outro lado, 93,4% das mulheres e 97,6% dos homens do escalão etário mais jovem(dos 18 aos 29anos) não tinham filhos e mais de metade dos homens dos 30 aos 39anos, encontravam-se na mesma situação. Também, segundo dados do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, em 2021, foram rastreados menos de 80mil recém-nascidos, através do teste do pezinho, um indicador muito aproximado da natalidade. Os dados deste rastreio, indicam que pode ter sido batido o recorde histórico na quebra da natalidade. Como é sabido, há muito que a sociedade portuguesa envelhece. E, se esta década será exigente, a nível socioeconómico, em particular, exigindo um esforço de inovação, a verdade é que o País encontra-se extremamente envelhecido, pelo que condicionará fortemente o seu desenvolvimento . A este problema da natalidade, acresce o da emigração. A população residente em Portugal, tem vindo a diminuir, desde 2010, em resultado do saldo migratório, causa de um acentuado crescimento do volume de emigração. Portugal tem relativamente a outros países da UE, uma preparação acima da média de contratos permanentes a termo e temporário, não permanentes, assim como um elevado nível de subemprego a tempo parcial. Ora um país que não mostra capacidade para reter os mais qualificados, está a comprometer o seu desenvolvimento futuro. Trata-se de uma relevante perda de capital humano para Portugal. E se o País perde pela emigração, ano após ano, milhares de pessoas, a grande maioria jovens, é fundamental que se implemente uma estratégia de criação de emprego qualificado em setores competitivos. Daí que é urgente, compreender que a promoção da inovação, passa não só, por um investimento contínuo na educação, na ciência e na formação, como também em facilitar melhores condições de trabalho à população ativa. Estamos perante uma transformação da economia por via da digitalização, que exige a articulação das dimensões da inovação no capital humano e da inovação das instituições. Será importante, implementar uma estratégia em que assuma especial protagonismo, a valorização do conhecimento da ciência, da tecnologia e da inovação, assim como criar emprego qualificado. Portugal distingue-se por quatro fatores centrais: oferece recursos humanos qualificados, num salto único de aproximação às qualificações médias da UE, que se nota em particular nos mais jovens; um modelo reforçado de apoio ao investimento em I&D, que tem vindo a operar uma transformação no perfil de IDE captado onde ganham peso as unidades de I&D, de ensaios clínicos,( na indústria farmacêutica), e as operações em co promoção entre empresas e unidades de sistema científico e tecnológico; um conjunto de infraestruturas competitivas que ligam Portugal ao mundo; e por fim, um país aberto e pacífico que se encontra como um dos mais seguros do mundo.
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