A Comissão Europeia prepara-se para uma redefinição do conceito de globalização. E, para muitas empresas ficou evidente de que depender da produção de um bem na outra parte do mundo, para manter a atividade é um sistema que pode ter falhas. "Esta crise, veio de facto, expor a excessiva dependência que temos de outras geografias e do fornecimento de bens, até de alguns serviços, que foram deslocalizados nos últimos anos para outras zonas geográficas, nomeadamente para a Ásia.
O Presidente da Confederação Empresarial de Portugal, defende que "a União Europeia deve implementar uma reindustrialização estratégica, dando a cada Estado - membro, de acordo com as suas especialidades e desenvolvimento, as suas competências naturais, produções próprias, de forma a trocar importações por fabrico interno". Nas últimas décadas, o processo de globalização levou à desindustrialização de muitos países europeus e mesmo dos EUA. Criaram -se cadeias de valor , em que o Sol não se põe, e, muito complexas.
A China e outros países asiáticos tornaram-se numa espécie de loja do mundo. Numa situação de crise, em que fiquem paralisadas algumas regiões asiáticas ou os transportes de mercadorias, basta faltar essa peça na engrenagem para muitas empresas pararem.
Aliás, ainda antes de a pandemia chegar à Europa, já não havia uma preocupação, em relação ao impacto que o confinamento na China iria criar no comércio e na economia internacional. "Se determinado componente é produzido num país e se esse estiver numa crise, toda a cadeia para e isso levará as empresas a regressarem a cadeias de valor regionais"
Além da questão das cadeias de valor, a Europa e também os EUA, tornaram-se dependentes da China, para conseguirem ter acesso a bens essenciais.
O exemplo mais extremo é a corrida que existe entre os países ocidentais para convencerem fornecedores chineses a venderem -lhes material e equipamentos médicos essenciais no combate à pandemia. Agora, a regra para grande parte dos países ocidentais poderá passar a trazer mais atividade industrial para dentro de portas, "especialmente em áreas críticas e essenciais, como as farmacêuticas, defesa, infraestruturas de saúde e tecnologia"sublinha Robin Parbrook, gestor da Schroderes, numa nota aos investidores.
A China e outros países asiáticos tornaram-se numa espécie de loja do mundo. Numa situação de crise, em que fiquem paralisadas algumas regiões asiáticas ou os transportes de mercadorias, basta faltar essa peça na engrenagem para muitas empresas pararem.
Aliás, ainda antes de a pandemia chegar à Europa, já não havia uma preocupação, em relação ao impacto que o confinamento na China iria criar no comércio e na economia internacional. "Se determinado componente é produzido num país e se esse estiver numa crise, toda a cadeia para e isso levará as empresas a regressarem a cadeias de valor regionais"
Além da questão das cadeias de valor, a Europa e também os EUA, tornaram-se dependentes da China, para conseguirem ter acesso a bens essenciais.
O exemplo mais extremo é a corrida que existe entre os países ocidentais para convencerem fornecedores chineses a venderem -lhes material e equipamentos médicos essenciais no combate à pandemia. Agora, a regra para grande parte dos países ocidentais poderá passar a trazer mais atividade industrial para dentro de portas, "especialmente em áreas críticas e essenciais, como as farmacêuticas, defesa, infraestruturas de saúde e tecnologia"sublinha Robin Parbrook, gestor da Schroderes, numa nota aos investidores.
Bruxelas tem dado sinais fortes de que irá seguir esse caminho. Depois de a China ter ganho influência em empresas estratégicas como a EDP e a REN por exemplo, desta vez a Comissão Europeia quer impedir que o Estado Chinês faça o mesmo. Margrethe Vestager, vice -presidente da Comissão Europeia e que tem o pelouro da concorrência, deu luz verde aos governos europeus para entrarem no capital das empresas, de forma a impedirem compras a preços de saldo, por parte de entidades relacionadas com Pequim.
Apesar do caminho da desglobalização e da reindustrialização, se ter tornado mais evidente, por causa da pandemia, esse processo já tem vindo a ganhar forma mesmo antes da Covid . "Esta ideia não é nova, nem é apenas consequência desta crise. Recorde -se que uma das primeiras linhas políticas desta nova Comissão Europeia, foi precisamente iniciar um processo de reindustrialização da Europa, assente nas valências de cada Estado -membro, com grande enfoque na inovação, na digitalização, e, sem esquecer as novas exigências que se colocam em termos de economia verde e da reutilização de recursos.
A pandemia pode agora fazer acelerar esse processo. Patrick Artus acredita que isso resulta numa maior reindustrialização em países como os EUA, o Reino Unido, a França e a Espanha. A consequência é que as economias mais exportadoras e que servem como as lojas do mundo, como a chinesa ou a alemã, tenham de se desindustrializar. No entanto, essa evolução não acontecerá de um dia para o ouro, e as cadeias globais não serão cortadas pela raiz. Obviamente não deixaremos de ter cadeias globais de abastecimento, nem tão pouco faço a apologia da implementação de medidas de cariz protecionista. Mas é essencial, diminuirmos a excessiva dependência que temos de algumas geografias, não só produzindo internamente , como diversificando as cadeias de abastecimento. O caminho é para uma globalização cada vez mais moderada. Para a economia Ptrick Artus antevê que isso possa trazer mais inflação, já que os produtos ficarão mais caros, por não serem fabricados em países com mão-de -obra barata. Outra das possíveis consequências, será um reequilíbrio das balanças comerciais e de pagamentos. A curto e médio prazos, vamos ficar com a ideia de que" tudo pode mudar". É difícil que essa incerteza acrescida não tenha condicionado comportamentos. Perante uma economia virada de cabeça para baixo, em poucas semanas, será que a"geração Covid" irá valorizar mais a segurança, nas suas várias dimensões do trabalho aos apoios sociais? A geração" Z" será capaz de dizer. Por cá, ao assistirem ao perigo do colapso do SNS, os jovens da geração "Z" exigirão o seu reforço?
Ao verem os pais sem rendimentos, ou eles próprios sem trabalho, como olharão para os vínculos precários - Portugal tem um dos níveis mais altos da Europa- e para as condições de trabalho na gig economy? Novos apoios sociais abrangentes, aumentarão a pressão por problemas mais generosos?
Nos EUA, onde temos mais dados e inquéritos, sabemos que a geração "Z", nascida a partir dos meados dos anos 90, a dizer mais progressista do que a anterior, os millenials que, por sua vez, já tinham uma visão menos conservadora do que os pais e os avós. Setenta por cento dos "Z" norte -americanos acham que o governo deve fazer mais para solucionar os problemas dos país, em vez de deixar a sua resolução para empresas e indivíduos. Essa percentagem é de 49% entre os baby boomers nascidos no pós II Guerra Mundial. Esta atitude dos mais novos não surpreende, Serão eles, provavelmente, os mais prejudicados por esta crise, e, seja pela informalidade do vínculo, ou pela carreira curta, muitos deles, não têm acesso a subsídio de desemprego. Num estudo sobre o Reino Unido, concluía -se que o grupo com maior perda de rendimentos durante a pandemia, corresponde a esta descrição: homens jovens a trabalhar numa pequena empresa. Tal como nos ensinou a crise anterior, gerações que passam por um grande choque económico, ficam com cicatrizes que podem nunca desaparecer. A cicatriz do medo e da falta de confiança no futuro, irá prejudicar a saúde psicológica das pessoas, especificamente nas famílias que têm menos recursos, e terá consequências drásticas para uma geração de crianças educadas em casa.
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