A retoma económica constitui hoje um desafio fundamental para Portugal. Sem um crescimento económico significativo, será impossível combater o flagelo do desemprego no nosso país.
De acordo com o FMI, o ritmo médio de crescimento anual do PIB, previsto para os próximos anos (cerca de 1,5%), não permite que a taxa de desemprego , desça abaixo dos 18%, até 2019; mais de um milhão de pessoas continuaria impossibilitada de encontrar emprego até ao final da década. Um nível de desemprego desta dimensão, constitui um problema sério para a economia e para as finanças públicas, na medida em que se traduz em menos rendimentos, menos consumo, menos receitas de impostos (sobre os rendimentos e sobre o consumo) e mais despesa ( em particular com o subsídio de desemprego). Um desemprego tão elevado, durante mais de uma década, significa uma perda de competências decorrentes, quer de situações de desemprego de longa duração, quer da emigração em massa. O aumento do ritmo de crescimento económico, deverá constituir a maior prioridade da política económica dos próximos anos. No entanto, a retoma económica enfrenta dois tipos de obstáculos fundamentais : primeiro, a economia portuguesa, apresenta várias fragilidades que dificultam o regresso rápido a uma trajetória de crescimento sustentado .Segundo , as opções de política económica atualmente dominantes em Portugal, e na União Europeia, constituem sérios obstáculos ao crescimento e à criação de emprego.A retoma do crescimento e do emprego em Portugal não é tarefa fácil. A economia portuguesa enfrenta na atualidade cinco tipos de constrangimentos:
- Portugal apresenta um dos níveis mais elevados de endividamento que afeta as empresas, os particulares e o Estado, e, por isso, a recuperação da economia portuguesa é lenta: a dívida das empresas condiciona o investimento e aumenta o risco de falências; a dívida dos particulares limita o crescimento do consumo privado e da atividade económica e a dívida pública traduz -se na canalização de recursos orçamentais avultados para o pagamento de juros, levando o Estado a cortar nas despesas e a aumentar as receitas com impactos negativos na economia nacional;
- Os bancos portugueses continuam numa situação financeira muito frágil, traduzindo -se em condições de financiamento menos favoráveis para o setor não- financeiro, não obstante a liquidez que tem vindo a verificar se todos os anos, o país teve de canalizar e disponibilizar meios às instituições financeiras nacionais;
- Uma grande parte da dívida portuguesa (privada e pública) está nas mãos dos credores externos. Isto significa que todos os anos o país teve de canalizar para o exterior uma pate significativa da riqueza que gera, retirando espaço para o crescimento da procura interna;
- A não renovação da capacidade produtiva, dificulta a rápida retoma da produção, pelo crescimento do desemprego de longa duração, o que implica uma perda de competências e dificulta a reinserção laboral dos desempregados e das pessoas que desistiram de procurar emprego e pela elevada emigração, que representa uma perda significativa de recursos produtivos, nomeadamente de pessoas jovens e qualificadas;
- Os défices estruturais da economia portuguesa, o perfil da especialização produtiva, os baixos níveis de escolarização, o envelhecimento demográfico, agravaram as possibilidades de uma retoma da economia portuguesa.
Como relançar a economia nos próximos anos?
Na opinião de alguns economistas, Portugal não está em condições de cumprir as regras orçamentais da União Europeia. Para que tal seja possível: ou a dívida pública teria de ser reestruturada, reduzindo as taxas de juro e/ou alargando os prazos de pagamento dos juros, ou seria necessário prosseguir com o corte das despesas e/ou aumento de impostos. Sem dúvida, que um cenário destes, teria impactos negativos no crescimento económico. Por outro lado, o peso da dívida no PIB, tende a reduzir -se quando a inflação é maior. Por exemplo: se o meu salário aumentar, todos os anos em linha com a inflação(mantendo o meu poder de compra) e se a inflação for muito elevada, as dívidas que contraí serão mais fáceis de pagar, apesar do meu salário não se alterar em termos reais.
Enquanto Portugal mantiver níveis elevados de dívida externa, o país estará muito exposto à volatibilidade dos mercados financeiros e sujeitos à arbitrariedade dos credores internacionais.
Nesse sentido, a redução sustentada da dívida externa portuguesa deve constituir um objetivo de política económica a prosseguir nas próximas décadas. Para que tal redução se verifique, ou a dívida pública é profundamente reestruturada ou Portugal terá de registar saldos substancialmente positivos nas suas contas externas durante muito tempo. Por outro lado, sem consumo e sem investimento, o crescimento económico tende a ser fraco. Por isso a Comissão Europeia, o FMI, e o BCE, apontam essencialmente no mesmo sentido: Portugal deverá continuar a restringir o crescimento dos salários, de modo a limitar as importações e de aumentar a competitividade das exportações nacionais, privilegiando a correção dos desequilíbrios externos, face à retoma económica no curto prazo. Assim, para que haja crescimento económico, e, criação de emprego em Portugal, é fundamental que as políticas económicas, permitam um maior crescimento do investimento e do consumo.
Quais são os desafios do aumento do crescimento?
Para que uma economia cresça é preciso investimento, e, este só terá lugar se houver confiança no futuro. A confiança só pode ser restabelecida com base numa política económica que promova a procura interna reajustando as metas orçamentais e permitindo alguma recuperação do rendimento disponível das pessoas, em particular dos salários, para além de estimular o consumo e o investimento. Estas orientações de política económica, permitem combater a tendência atual para a estagnação dos preços, contribuindo assim, para diminuir o peso da dívida pública e privada. Assim, o Estado português deveria ter como objetivo para os próximos anos, manter um saldo orçamental primário equilibrado, implementar medidas com impactos positivos no crescimento e no emprego, que ajudassem a combater a estagnação dos preços, minimizando todas as importações, e contribuíssem para potenciar o desenvolvimento económico a prazo. De fato, as possibilidades da criação de riqueza, a partir das atividades económicas já instaladas, estão longe de ser esgotadas, havendo espaço para aproveitar melhor as capacidades produtivas existentes. Há várias estratégias que as empresas adotam, de modo a melhorar o desempenho competitivo:
- adotar novos métodos de produção e de organização, melhorar a qualidade dos produtos, desenvolver produtos inovadores, procurar novas fontes de fornecimento e estabelecer novas formas de relacionamento com clientes e fornecedores, bem como, pesquisar novos mercados.
O sucesso competitivo depende crucialmente dos conhecimentos existentes nas empresas, e no seu desenvolvimento, a partir de fontes internas e externas. Isto exige que as empresas sejam dotadas de gestores e trabalhadores qualificados, e das estratégias sistemáticas de reforço e de adaptação às mudanças.
Não há dúvida, que reestruturar uma economia frágil, passa também por repensar o seu enquadramento no processo de integração europeia. Em jeito de conclusão, tanto a recuperação da economia portuguesa nos anos mais próximos, como a sustentabilidade económica, social e ambiental de Portugal, no longo prazo, são fortemente condicionadas pelas regras europeias em vigor. Dificilmente será possível, atingirmos um futuro mais promissor sem estarmos disponíveis para cumprir essas regras, estando sujeitos às pressões dos poderes da União Europeia, nomeadamente no cumprimento das metas orçamentais de médio prazo, bem como no aumento do saldo das contas externas nacionais.
- Portugal apresenta um dos níveis mais elevados de endividamento que afeta as empresas, os particulares e o Estado, e, por isso, a recuperação da economia portuguesa é lenta: a dívida das empresas condiciona o investimento e aumenta o risco de falências; a dívida dos particulares limita o crescimento do consumo privado e da atividade económica e a dívida pública traduz -se na canalização de recursos orçamentais avultados para o pagamento de juros, levando o Estado a cortar nas despesas e a aumentar as receitas com impactos negativos na economia nacional;
- Os bancos portugueses continuam numa situação financeira muito frágil, traduzindo -se em condições de financiamento menos favoráveis para o setor não- financeiro, não obstante a liquidez que tem vindo a verificar se todos os anos, o país teve de canalizar e disponibilizar meios às instituições financeiras nacionais;
- Uma grande parte da dívida portuguesa (privada e pública) está nas mãos dos credores externos. Isto significa que todos os anos o país teve de canalizar para o exterior uma pate significativa da riqueza que gera, retirando espaço para o crescimento da procura interna;
- A não renovação da capacidade produtiva, dificulta a rápida retoma da produção, pelo crescimento do desemprego de longa duração, o que implica uma perda de competências e dificulta a reinserção laboral dos desempregados e das pessoas que desistiram de procurar emprego e pela elevada emigração, que representa uma perda significativa de recursos produtivos, nomeadamente de pessoas jovens e qualificadas;
- Os défices estruturais da economia portuguesa, o perfil da especialização produtiva, os baixos níveis de escolarização, o envelhecimento demográfico, agravaram as possibilidades de uma retoma da economia portuguesa.
Como relançar a economia nos próximos anos?
Na opinião de alguns economistas, Portugal não está em condições de cumprir as regras orçamentais da União Europeia. Para que tal seja possível: ou a dívida pública teria de ser reestruturada, reduzindo as taxas de juro e/ou alargando os prazos de pagamento dos juros, ou seria necessário prosseguir com o corte das despesas e/ou aumento de impostos. Sem dúvida, que um cenário destes, teria impactos negativos no crescimento económico. Por outro lado, o peso da dívida no PIB, tende a reduzir -se quando a inflação é maior. Por exemplo: se o meu salário aumentar, todos os anos em linha com a inflação(mantendo o meu poder de compra) e se a inflação for muito elevada, as dívidas que contraí serão mais fáceis de pagar, apesar do meu salário não se alterar em termos reais.
Enquanto Portugal mantiver níveis elevados de dívida externa, o país estará muito exposto à volatibilidade dos mercados financeiros e sujeitos à arbitrariedade dos credores internacionais.
Nesse sentido, a redução sustentada da dívida externa portuguesa deve constituir um objetivo de política económica a prosseguir nas próximas décadas. Para que tal redução se verifique, ou a dívida pública é profundamente reestruturada ou Portugal terá de registar saldos substancialmente positivos nas suas contas externas durante muito tempo. Por outro lado, sem consumo e sem investimento, o crescimento económico tende a ser fraco. Por isso a Comissão Europeia, o FMI, e o BCE, apontam essencialmente no mesmo sentido: Portugal deverá continuar a restringir o crescimento dos salários, de modo a limitar as importações e de aumentar a competitividade das exportações nacionais, privilegiando a correção dos desequilíbrios externos, face à retoma económica no curto prazo. Assim, para que haja crescimento económico, e, criação de emprego em Portugal, é fundamental que as políticas económicas, permitam um maior crescimento do investimento e do consumo.
Quais são os desafios do aumento do crescimento?
Para que uma economia cresça é preciso investimento, e, este só terá lugar se houver confiança no futuro. A confiança só pode ser restabelecida com base numa política económica que promova a procura interna reajustando as metas orçamentais e permitindo alguma recuperação do rendimento disponível das pessoas, em particular dos salários, para além de estimular o consumo e o investimento. Estas orientações de política económica, permitem combater a tendência atual para a estagnação dos preços, contribuindo assim, para diminuir o peso da dívida pública e privada. Assim, o Estado português deveria ter como objetivo para os próximos anos, manter um saldo orçamental primário equilibrado, implementar medidas com impactos positivos no crescimento e no emprego, que ajudassem a combater a estagnação dos preços, minimizando todas as importações, e contribuíssem para potenciar o desenvolvimento económico a prazo. De fato, as possibilidades da criação de riqueza, a partir das atividades económicas já instaladas, estão longe de ser esgotadas, havendo espaço para aproveitar melhor as capacidades produtivas existentes. Há várias estratégias que as empresas adotam, de modo a melhorar o desempenho competitivo:
- adotar novos métodos de produção e de organização, melhorar a qualidade dos produtos, desenvolver produtos inovadores, procurar novas fontes de fornecimento e estabelecer novas formas de relacionamento com clientes e fornecedores, bem como, pesquisar novos mercados.
O sucesso competitivo depende crucialmente dos conhecimentos existentes nas empresas, e no seu desenvolvimento, a partir de fontes internas e externas. Isto exige que as empresas sejam dotadas de gestores e trabalhadores qualificados, e das estratégias sistemáticas de reforço e de adaptação às mudanças.
Não há dúvida, que reestruturar uma economia frágil, passa também por repensar o seu enquadramento no processo de integração europeia. Em jeito de conclusão, tanto a recuperação da economia portuguesa nos anos mais próximos, como a sustentabilidade económica, social e ambiental de Portugal, no longo prazo, são fortemente condicionadas pelas regras europeias em vigor. Dificilmente será possível, atingirmos um futuro mais promissor sem estarmos disponíveis para cumprir essas regras, estando sujeitos às pressões dos poderes da União Europeia, nomeadamente no cumprimento das metas orçamentais de médio prazo, bem como no aumento do saldo das contas externas nacionais.