A economia está em todo o lado. A economia trabalha com a escassez e o custo de oportunidade- o custo de recusar a melhor alternativa quando se toma uma decisão. Mas nem sempre é assim. Por vezes surgem depressões. Quando a economia está em depressão, a escassez deixa de dominar, os recursos ficam inativos, pelo que é possível ter mais de algumas coisas, sem ter menos de outras.
O que define uma recessão? É um período em que a maioria das atividades económicas está a descer. E as depressões? Por vezes os economistas tentam definir as depressões com uma descida de 10% ou mais na produtividade.No entanto, quando falamos da Grande Depressão, não nos referimos apenas à crise de 1929- 1933: estamos a falar de todo o período que inclui episódios de crescimento a períodos de declínio. O que provocou a grande depressão foi o fato das economias estarem abaixo da sua capacidade. As crises vulgares terminam com relativa rapidez, porque os bancos centrais cortam nas taxas de juro e a economia volta a crescer. Todavia, durante a Grande Depressão, estes bancos não podiam fazê -lo, porque as taxas a curto prazo, estavam muito próximas do zero e não podiam descer mais. Portanto, na verdade, as depressões são definidas em termos de situações em que a economia está persistentemente abaixo da sua capacidade e , em que a expansão monetária é ineficaz, porque as taxas de juro estão perto do zero. Desde que as pessoas começaram a aperceber -se do fenómeno dos ciclos económicos, assumiram que a queda brusca dos preços é uma consequência necessária. Os altos e baixos da economia pode dificultar a aplicação das políticas corretas. Portanto uma depressão é uma situação em que a economia está a funcionar abaixo da sua capacidade e, em que a política económica não permite recuperar pleno emprego. A economia da depressão é marcada por dois paradoxos: o paradoxo da poupança, em que a tentativa de poupar mais, faz na realidade, com que a nação poupe menos , e, o paradoxo da flexibilidade, em que a disponibilidade dos trabalhadores em proteger os seus empregos, aceitando salários mais baixos, reduz de fato o emprego total. Quanto ao paradoxo da poupança: para a economia no seu todo, as poupanças, em termos contabilísticos, são sempre iguais a investimento. Mas tudo isso funciona através das taxas de juro mais baixas que, diretamente reduzem os custos dos empréstimos ou, indiretamente,conduzem a preços mais baixos das ações, seja como for, o custo do capital cai para as empresas que pensam em expandir -se, sendo o resultado mais investimento.. Ora numa depressão as taxas de juro, a curto prazo, não podem descer, porque já estão em zero. Portanto o mecanismo das poupanças para o investimento é interrompido. E quando há uma queda nas despesas totais, a economia entra numa maior depressão, por isso há menos razões para as empresas expandirem a sua capacidade, ou seja para investir.
E quanto ao paradoxo da flexibilidade? Normalmente , a maneira de conseguir que as pessoas comprem mais é reduzir o preço. Mas se não há empregos suficientes, qual a resposta para os cortes dos salários? Ora é verdade que os trabalhadores de uma empresa, podem salvar os seus empregos, aceitando cortes nos salários, isto porque ao reduzirem os salários, o seu trabalho e os produtos que fabricam ficam mais baratos em comparação com o trabalho e os produtos de outros trabalhadores. Mas quando o nível geral dos salários baixa, ninguém ganha uma vantagem relativa. Se se verifica algum efeito positivo no emprego, isso deve -se às taxas de juro. Na prática a maneira como isto funciona tende ser através do banco central: salários mais baixos, significa inflação mais baixa, o que incentiva o banco central a cortar nas taxas de juro, levando a uma maior procura e mais emprego, Contudo, numa depressão as taxas de juro não podem ser cortadas, por isso não existe nenhum canal por onde os salários mais baixos possam aumentar o emprego. Ora se os salários, os preços e os rendimentos também caem, o peso real da dívida também sobe, reforçando o efeito depressivo da dívida sobre as despesas.Isto significa que a existência de mercados de trabalho flexíveis, em que os salários caem rapidamente devido ao desemprego, é uma solução preversa em condições de depressão. Então como combater a depressão? Uma depressão é uma situação em que as medidas políticas que habitualmente tomamos, nomeadamente cortes nas taxas de juro pelo banco central, são insuficientes. Contudo isso não significa que não se possa fazer nada. Em condições de depressão, o fato de o governo contrair empréstimos, não desmotiva o investimento privado, pelo contrário, provavelmente leva a um investimento privado mais elevado, porque uma economia mais forte, dá aos negócios mais razões para se expandirem. Mas não será irresponsabilidade contrair empréstimos e sobrecarregar com dívidas as gerações futuras? Não, porque quando estamos em depressão, o benefício de contrair empréstimos ajuda a pôr a trabalhar os recursos não empregados, ou seja a criar mais empregos. Muitos economistas acreditam que a saúde orçamental é boa para combater a depressão. Em tempos de crise como esta, seria útil, se os bancos centrais tivessem orçamentos equilibrados e um compromisso firme com a estabilidade de preços.
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