domingo, 9 de outubro de 2011

A CIDADANIA EUROPEIA

Cidadania significa cidade e designa a pertença de um indivíduo a uma determinada comunidade política com os mesmos direitos e obrigações. O conceito de cidadania foi introduzido em 1992, pelo Tratado de Maastricht, tendo sido desenvolvido no texto do Tratado de Amesterdão, no seu artigo 17º que afirma que "ser cidadão da União é qualquer pessoa que tenha nacionalidade de um Estado -membro sendo a cidadania da União  complementar da cidadania nacional  não a substituindo. Com a cidadania da União europeia, o cidadão vê alargada a sua esfera jurídica, no sentido de que os seus direitos são maiores. A cidadania é um elemento fundamental no desenvolvimento do projecto europeu, porque torna o processo da construção europeia mais relevante para os cidadãos, promove a ideia de uma identidade europeia, reforça os laços entre os cidadãos da Europa e finalmente desenvolve uma opinião pública europeia, realidade essencial para controlar o próprio projecto europeu. É no complexo da múltipla pertença nacional, regional e europeia, que se define a cidadania da União: uma cidadania inclusiva em construção permanente. Quais os direitos específicos da cidadania europeia? Um dos direitos mais elementares dos cidadãos da União e que mais directamente se fazem sentir na sua vida, é o direito de poder circular, residir e trabalhar em qualquer país da União. A partir desse direito existe a sensação de se pertencer a um espaço único, uma realidade unificada, apesar da sua diversidade. Outro direito específico, diz respeito à possibilidade de eleger e ser eleito nas eleições municipais e para o Parlamento Europeu no Estado - membro da residência. Por outro lado, qualquer cidadão europeu tem direito a proteção por parte das autoridades diplomáticas e consulares de qualquer Estado -membro, se o Estado de que é nacional não se encontra representado no país onde o cidadão se encontra. Um cidadão europeu, quando permanecer num país exterior à União, pode dirigir -se aos serviços de embaixada de qualquer país europeu e será tratado e protegido em condições de igualdade com os nacionais desse Estado europeu. Finalmente, qualquer cidadão da União goza do direito de petição ao Parlamento Europeu sobre qualquer questão que se integre nos domínios da actividade da comunidade e lhe diga directamente respeito, bem como goza de direito de petição e recurso ao Provedor de Justiça, dirigindo -se numa das línguas oficiais e tendo o direito de obter uma resposta escrita nessa língua. Um passo importante na definição, ampliação e protecção dos direitos dos cidadãos da União foi dado, aquando da aprovação da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, proclamada em Nice, em Dezembro de 2000. O documento é único onde todos os direitos pessoais, cívicos, políticos, económicos e sociais são garantidos aos cidadãos europeus. A Carta integra os seguintes temas: Dignidade, Liberdade, Igualdade ,Solidariedade,  Cidadania e Justiça. No âmbito da Dignidade declara inviolável a dignidade humana, completando -a com os direitos à vida, à integridade da pessoa, à interdição da tortura e das penas ou tratamentos desumanos, assim como à interdição da escravatura e do trabalho forçado. A Liberdade abrange o direito à liberdade de expressão, pensamento, educação profissional , bem como a protecção dos bens de carácter pessoal e o respeito pela vida privada e familiar. A Igualdade  abrange  a igualdade em direito, a não - discriminação, a diversidade cultural, religiosa e linguística, a igualdade entre homens e mulheres, os direitos da criança, os direitos das pessoas idosas e a integração das pessoas com deficiência. Quanto à Solidariedade, afirma os direitos à informação e à conduta dos trabalhadores na empresa., de negociação e de acções colectivas de acesso aos serviços de colocação, bem como em caso de despedimento injustificado, condições de trabalho justas e equitativas, interdição de trabalho das crianças e protecção dos jovens no trabalho, vida familiar e profissional, segurança social, protecção da saúde, acesso aos serviços de interesse económico geral, protecção ao meio ambiente a aos consumidores. Relativamente à cidadania, a Carta refere o direito de voto e elegibilidade nas eleições para o Parlamento Europeu e para os órgãos municipais, a uma boa administração, de acesso aos documentos, assim como as referências ao mediador europeu, ao dierito de petição, à liberdade de circulação e  permanência e à protecção consular de que beneficia qualquer cidadão europeu da União. Na Justiça, afirma o dieito a um recurso imparcial, a presunção da inocência e os direitos da defesa, os princípios de legalidade e proporcionalidade dos delitos e penas, e, o direito a não ser julgado ou punido penalmente duas vezes pela mesma infracção. O reforço de uma cidadania europeia passa por um maior envolvimento e participação na vida activa da União. Neste sentido, todos os passos que forem dados no caminho duma maior democratização das instituições irá desenvolver a consciência de ser cidadão europeu. Os europeus consideram políticas prioritárias para a União:
- melhorar a protecção do consumidor e da saúde pública;
- combater o terrorismo;
-enfrentar as mudanças climatéricas;
- desenvolver uma política de segurança e defesa, permitindo à União enfrentar as crises internacionais;
- implementar uma política energética comum destinada a assegurar a independência da União.
Aprofundar a cidadania passa pela resolução de problemas concretos que preocupam os europeus como o desemprego, crises económicas e sociais, inflação, produtividade e crescimento económico.
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sábado, 8 de outubro de 2011

Desequilíbrios regionais

Em Portugal é possível encontrarmos vários contrastes regionais entre o litoral e o interior, o norte e o sul e ainda entre áreas urbanas e rurais. Todas estas disparidades envidenciaram -se em várias áreas: economia,demografia, educação saúde e ciência entre outras. Antigamente havia o célebre ditado de que Portugal era Lisboa e o resto era paisagem, dado que foi evidente verificar que a nível de salários e níveis de vida, Lisboa e arredores eram consideravelmente mais ricos do que as restantes regiões do país. Se a população portuguesa se concentrasse toda em Lisboa teríamos uma produtividade e um nível de vida comparável à maioria da população da Europa. A Grande Lisboa é a única região do país em que o rendimento por habitante ultrapassa o rendimento médio europeu. As restantes regiões do país encontram-se bastante mais atrasadas. E por que é que Lisboa tem maior rendimento? Porque é mais produtiva. Por outro lado, Lisboa e Porto, não só possuem melhores estradas e infra -estruturas (isto é: melhor capital físico), como também conseguem atrair pessoas com maiores níveis de qualificação( isto é: melhor capital humano). Também as regiões mais avançadas têm melhores indicadores de inovação e criatividade do que as restantes zonas do país. A região de Lisboa em face das condições que lhe são inerentes, atrai empresas mais dinâmicas e produtivas, bem como trabalhadores qualificados à procura de melhores empregos. As empresas mais dinâmicas e de maior valor acrescentado optam por não se localizarem nas regiões mais atrasadas, porque não existem infra -estruturas adequadas, nem há uma massa crítica de trabalhadores especializados. Sendo assim, aumentam as assimetrias regionais no futuro, onde a disparidade de rendimentos entre o litoral e o interior se acentuam significativamente. O que fazer para evitar essas assimetrias? Investir mais em fundos estruturais? Avançar com a regionalização do país? Até 2013, estamos a receber o último pacote de fundos da União Europeia.Estes fundos visam reduzir as disparidades económicas e sociais das regiões. Os fundos comunitários são geridos de um modo partilhado entre os Estados -membros e a Comissão Europeia e a sua distribuição é feita com base na divisão do território em NUT (Nomenclatura de Unidade Territorial Estatística). A identidade das regiões a apoiar é feita mediante uma avaliação que tem em conta cinco tipo de indicadores:
- a realidade económica;
- o emprego;
-a inovação e a investigação científica;
- as reformas estruturais;
- a coesão social.
A partir de 2013, é provável que os subsídios e os fundos europeus sejam reduzidos. Será que o nosso bem-estar futuro poderá estar em causa? Não. Por vezes as transferências de fundos para as regiões deprimidas podem ser altamente contraproducentes. Os próprios subsídios europeus têm um papel ambíguo no desenvolvimento destas regiões. Por um lado, aumentaram consideravelmente a qualidade e a quantidade das infra-estruturas. Por outro lado, os subsídios europeus fomentaram a corrupção e o compadrio do poder local,criando a ilusão de que os problemas das assimetrias regionais, poderiam ser resolvidos com a injecção de fundos.. É certo que a partir de 2013, os fundos estruturais serão reduzidos e canalizados para o Leste Europeu, para regiões onde o rendimento per capita é inferior ao português. Alguns argumentam que estes recursos financeiros são vitais para o desenvolvimento do país, outros defendem  que o clientelismo e o compadrio local agravam as assimetrias regionais. Por isso, as regiões menos desenvolvidas de Portugal, necessitam de estímulos e incentivos para o desenvolvimento da atividade económica nessas regiões: precisamos de aceitar as assimetrias regionais, no entanto é importante aumentar a qualidade de vida das populações mais atrasadas, dando -lhes condições para que estas se possam desenvolver. Então o que podemos fazer? Abandonar o interior e concentrar todos os nossos esforços nas regiões que mais se desenvolvem? Regionalizar? Aumentar a autonomia regional?
A solução poderá passar pela alteração dos recursos regionais, através da atribuição de maiores competências às estruturas regionais existentes. A aposta na educação, nas regiões mais atrasadas e incentivos para que as empresas e a população se localizem nas regiões mais desfavorecidas, são algumas das medidas para que as assimetrias regionais sejam alteradas, bem como atribuir maiores responsabilidades ao poder local para impulsionar o dinamismo dessas regiões mais atrasadas concedendo uma maior autonomia a nível regional.