Estamos demasiado dependentes do turismo? A resposta é necessariamente sim. O turismo é hoje a nossa maior exportação, no sentido em que nos permite exportar serviços não transacionáveis, ao deslocar o cliente no espaço em vez do bem Ter um setor responsável por uma parte tão grande do nosso rendimento, traz um grande risco. Quando em 2020, o setor do turismo foi mais afetado do que os outros pela pandemia, a riqueza que ele produz caiu mais de metade. Portugal teve das maiores quebras económicas em 2020, na zona euro, e, espera-se que tenha uma das recuperações mais lentas em 2021, em parte porque depende do turismo. Por outro lado, como seria Portugal sem turistas? Talvez a alternativa ao turismo fosse nada.... Nesse caso, estaríamos mais pobres. Ou, talvez sem turismo teríamos talentos portugueses dedicados a ouros setores, com outra dinâmica e, estaríamos hoje, na vanguarda de outras indústrias. Para isso é necessário diversificar a economia sem menosprezar o turismo. Portugal é bom no diagnóstico, mas falta-lhe a implementação de uma estratégia que traga "materialidade" e "robusteça" a economia. O ADN de Portugal "salta à vista" e está no centro de serviços partilhados, que "arrastam formação especializada", como sucedeu com a Autoeuropa e outros clusters industriais, como a celulose ou a saúde e, os centros de competências que nos últimos anos se instalaram em Portugal, são fundamentais para o próprio turismo porque arrastam viagens, mobilidade, estadias e congressos. .A "criatividade" é outro eixo onde" a economia pode ganhar escala".. É necessário apontar algumas soluções para diversificar a economia. O essencial é focar a estratégia e escolher da lista, setores onde Portugal se pode diferenciar . Deve-se fazer o aproveitamento dos programas europeus para dar fôlego a um horizonte estratégico de reciclagem da economia europeia, que está a perder o pé na inovação. Se o país apresentar "projetos solidificados", o investimento estrangeiro, acabará por chegar, diversificando a economia; pois robustecer a economia não significa tirar valor ao turismo. Os estrangulamentos que Portugal enfrenta na burocracia, fiscalidade e justiça, devem ser eliminados com reformas estruturais, para facilitar a vinda das multinacionais e lutar com a concorrência dos países de Leste europeu do Norte de África. Se o país não se mover como um todo, as pessoas só se lembram de Portugal quando vierem de férias.. Para contrariar essa ideia, é preciso seguir uma estratégia de internacionalização, e atração do investimento externo. Um soltar de axiomas, capaz de construir uma estratégia que diversifique a economia, tirando partido dos fatores que tornam Portugal, um país diferenciado: segurança, clima, quadros com formação e línguas, fazem de Portugal um país fantástico na inovação. As receitas de turismo, podem ser usadas por empresários locais, para se lançarem noutros negócios para os quais não tinham capital anteriormente. Os economistas chamam a isto "economias de aglomeração": quando um setor cresce numa região, isto reduz os custos para as outras empresas na mesma região, mesmo em setores diferentes. Estes efeitos positivos do turismo, na economia, não querem no entanto, dizer, que dentro do turismo, não se possa fazer melhor, com mais valor acrescentado, e com menos desgaste dos recursos naturais. Além disso, mesmo dentro do setor do turismo, há espaço para diversificação, com foco em diferentes segmentos do mercado, que visam diferentes recursos e diferentes serviços. E também no turismo há inovação e novas oportunidades que se podem aproveitar.. Por exemplo, se a normalização do trabalho à distância, se concretizar, então talvez surja um novo mercado de turismo de longa duração., com visitas de vários meses, que exigem melhores condições das habitações, e, ligações digitais rápidas e fiáveis. Portugal está dependente do turismo. Mas, talvez, o turismo contribua de múltiplas formas, para melhorar as hipóteses de sucesso de outros setores. Mais importante do que lamentar a dependência do turismo, é criar as condições para que as ligações benéficas entre o turismo e outros setores floresçam e, para que as empresas de turismo melhorem, se diversifiquem e inovem por si. O Certificado Digital Covide criado para estimular as viagens na a Europa, é um dos aspetos que antecipa um "bom verão". A longo prazo, o objetivo é projetar Portugal, como um dos destinos mais sustentáveis do mundo e alcançar as metas traçadas para 2027:27 mil milões de euros distribuídos por todo o território, e, ao longo de todo o ano. Como se promove hoje o destino em Portugal? O essencial é incentivar a procura e manter-nos preparados para receber os turistas: acompanhar os operadores, companhias aéreas, agentes de viagem e obviamente os consumidores finais. Preparar o futuro, em termos em planos de curto e longo prazo, cujo objetivo é permitir em 2027, não só atingir, mas ultrapassar as metas delineadas, inclusive a nível das receitas. O turismo interno tem sido uma boia de salvação. Mas até que ponto, o país aguenta mais um verão, baseado nos consumidores nacionais?. Acredito que o verão vai ser muito positivo, quer a nível nacional, quer a nível internacional, tendo em conta, a evolução a nível da situação pandémica, em Portugal e lá fora, da entrada em funcionamento do Certificado Digital Covid a par do interesse por parte das companhias aéreas e do mercado de proximidade, o espanhol sobre o nosso país. Mas não viemos só do verão. Esse é o grande desafio: manter o ritmo de crescimento que nos permita chegar a 2023 com os mesmos números de 2019. Há aqui alguma incerteza sobre a abertura com outros mercados, a evolução da situação epidemiológica, no nosso país e nos outros, mas temos de traçar cenários, com base no que existe hoje, e as perspetivas são positivas.. Foi lançado o plano de turismo 20-23, assente em quatro pilares essenciais: dinamizar a oferta a nível financeiro, de regulamento, de sensibilização, tornando-o mais sustentável, a nível social e ambiental, qualificar os recursos humanos, estimular os empresários e a força de trabalho que trabalha no turismo, e, promover Portugal, enquanto destino sustentável. o quarto pilar relaciona-se com a quantificação e controle de tudo, com indicadores que permitam avaliar a evolução e como podemos melhorar. O facto de estarmos a apostar na dinamização e promoção da marca Portugal, enquanto destino turístico, e de mostrarmos precisamente essa autenticidade e base na nossa cultura, é algo que que estimula a vinda de estrangeiros e ajuda a que a recuperação, em todo o território e ao longo de todo o ano, seja mais rápida. Há três áreas fundamentais para trabalhar, se queremos ganhar escala, e recuperar mais rapidamente:. formação e qualificação, sustentabilidade e digital. No futuro, a ligação humana é muito importante, bem como a tecnologia que temos para ajudar e libertar tempo, e, por isso temos de valorizar o país e proteger o que temos cá dentro. A guerra na Ucrânia beneficia o crescimento do turismo. Portugal é visto como um destino seguro e pode ganhar quota de mercado. O setor do turismo espera uma forte retoma, e, os economistas apontam um contributo positivo para a evolução do Produto Interno Bruto ( PIB). O turismo pode ajudar a salvar o ano. Em Janeiro, hóspedes e dormidas ficaram cerca de 30% abaixo do mesmo mês em 2019, mas quase triplicaram face a Janeiro de 2021. Em Março, os voos nos aeroportos nacionais, foram apenas menos 12% do que no mesmo período de 2019, e, semelhantes aos de Janeiro, pelo que aparentemente, o turismo internacional, ainda não está a ser afetado pelo conflito. O setor em Portugal espera uma retoma forte. Entre os receios associados à subida de preços, há um epifenómeno a emergir, sendo Portugal um refugio para turistas que querem fugir de zonas geográficas mais próximas do conflito. As pessoas estão ansiosas por viajar, mas segurança e estabilidade são fatores muito importantes. Portugal goza de uma localização privilegiada que, no atual contexto de guerra, é uma vantagem competitiva e poderá contribuir para que os portugueses optem por fazer as férias em território nacional e os estrangeiros escolham Portugal para viajar. Também, os países em desenvolvimento, ainda com problemas de Covid, preferem deslocar-se para países com distância física de bombardeamentos, sendo a realidade pandémica considerada um entrave menor.