domingo, 26 de janeiro de 2014

A ECONOMIA COMO CIÊNCIA SOCIAL

É significativo, o papel que a economia pode desempenhar como ciência social, focalizada na resolução dos problemas do Homem, nas suas variadas amplitudes, sejam elas de caráter económico ou social. É  possível observar e perceber os contrastes entre os modos de vida das pessoas que vivem no mesmo país, região ou até na mesma cidade, bem como tomar consciência do fosso que separa os pobres dos mais ricos e compreender, ao mesmo tempo, as múltiplas relações de interdependência entre essas populações e, de uma forma geral, entre os povos do mundo, face à existência de uma diversidade de meios e de formas de transporte e comunicação, encurtando física e geograficamente uma realidade que se encontra separada por uma grande distância em termos económicos e sociais e que se designa por "aldeia global".
Em face dessa realidade colocam -se algumas questões:
Como reduzir a desigualdade económica e social?Como possibilitar a liberdade e a dignidade humana?
A questão da interdependência, leva -nos ao conceito de aldeia global e à tão falada globalização. É portanto errado considerar que a globalização se restringe às vertentes económica e financeira da sociedade humana e aos fenómenos de expansão e crescimento das empresas multinacionais, aproveitando a abertura das fronteiras e a livre circulação de pessoas e capitais. No entanto, estas multinacionais, atuam em todos os setores da atividade económica com impato direto na vida dos cidadãos, desenvolvendo os seus negócios em áreas, que vão desde a saúde, à cultura, passando pelos serviços financeiros, acabando efetivamente, por fazer centrar em si, os aspetos mais marcantes da globalização. O objetivo final destas empresas multinacionais é o lucro a atingir de forma inexorável, de forma a remunerar os seus acionistas pelos investimentos efetuados e os seus colaboradores pelos serviços que lhes são prestados, satisfazendo assim as suas necessidades e preocupações de natureza financeira. Mas outros aspetos de carácter social  são importantes, porque quanto mais rica e próspera for uma região, em termos económicos e sociais, melhores condições tem a empresa para crescer. É  certo que as empresas devem assumir perante a comunidade o combate à pobreza, exclusão social e, desigualdade de meios entre as sociedades, em prol dos mais desfavorecidos. Em face disso, designa -se a Economia, como uma ciência social, que tem por finalidade, entre outras, o estudo do impacto que os fenómenos económicos representam no bem -estar das famílias e no bem -estar do ser humano.É nesta perspetiva que a Economia pode ser analisada através de dois vetores: um vetor científico- económico, que diz respeito à interpretação dos fenómenos estritamente económicos, de forma a explicar a realidade. Um outro vetor: o social, conduzindo a práticas cujo objetivo final, é contribuir para o bem -estar do Homem, enquanto ser social, através da construção de soluções que conduzem ao crescimento, e, consequentemente ao desenvolvimento nas suas vertentes económica, social e humana, através de uma maior equidade na distribuição dos bens e recursos, dignidade humana e justiça social. Pode -se afirmar que a produtividade e, consequentemente, o crescimento económico, dependem de fatores de natureza endógena e exógena. Entre os primeiros, encontram -se o ritmo dos investimentos da indústria em capital físico, a eficiência dos sistemas de produção, a utilização mais ou menos eficiente de novas tecnologias disponíveis, o ritmo da inovação, investigação e desenvolvimento, a qualidade da gestão empresarial,a qualidade dos recursos humanos, a capacidade de iniciativa empresarial para adotar novas estratégias de produtos e mercados. No que diz respeito aos fatores de natureza exógena, podemos apontar o ritmo de crescimento do mercado europeu, onde Portugal se insere, designadamente dos mercados internacionais, com os quais o nosso país  se desenvolve de forma mais intensa as suas relações comerciais, o ritmo de crescimento dos mercados financeiros internacionais, o nível de desenvolvimento tecnológico desses mercados, cuja tecnologia podemos importar. É minha opinião que no cenário atual da economia portuguesa, são estes os fatores, os mais determinantes para cumprir as metas e os objetivos da produtividade e do crescimento de forma sustentada.

sábado, 25 de janeiro de 2014

EMPREENDEDORISMO NO MUNDO DO TRABALHO

Ninguém nasce empreendedor. O empreendedor faz -se a si mesmo, embora haja fatores que podem contribuir para que um indivíduo seja um verdadeiro empreendedor. Quais são esses fatores?Por exemplo são fatores inatos de personalidade: a influência e história familiar próxima, a vivência num meio onde as relações sociais e profissionais são mais propensas a tal, em virtude de experiências pessoais e profissionais passadas, a formação académica, ou por necessidade. Serão esses fatores absolutamente determinantes? Por vezes o fato de terem suporte financeiro e familiar, não representa nada se faltarem as ideias, a vontade ou capacidade de as concretizar. De qualquer forma, acredito que, o que mais determina o sentido de empreendedorismo dos indivíduos, será em primeiro lugar,os seus traços de personalidade, sendo esta característica gerada pela influência familiar, experiências sociais, pessoais e profissionais vividas.
Se nos centrarmos em concreto no empreendedorismo, como a criação e desenvolvimento de um projeto empresarial, a conceção de uma ideia que diga respeito  ao surgimento de algo na cabeça do empreendedor que, se pode consubstanciar no desejo e vontade de criar uma empresa, essa ideia pode surgir de várias origens: a deteção de uma oportunidade de mercado, a aplicação de capacidades e experiência profissional adquiridas, hobbies pessoais, invenção criada pelo próprio, ou paixão por uma determinada atividade. Qualquer que seja essa ideia, esta tem acima de tudo, que ser realista e ajustada ao mercado onde pretende prosperar. É neste contexto que deve ser desenhado o perfil da empresa, tendo em conta o perfil do empreendedor. Por isso este deve ter em conta uma diversidade de aspetos na fase de arranque do seu projeto, como sejam:
  • A sua experiência no negócio;
  • A adequação da sua formação profissional ao projeto;
  • O tipo, dimensão e maturidade do mercado onde pretende entrar;
  • O tipo de concorrentes existentes;
  • O perfil do consumidor;
  • As características do produto ou serviço que pretende oferecer;
  • As suas necessidades de financiamento;
  • A capacidade e as fontes disponíveis para financiar;
  • Os apoios disponíveis à sua atividade.
A regulamentação da atividade, se a houver, para além de outras condições como o capital necessário, quem, quantos e quais, são os objetivos do projeto, a localização da empresa, o tipo da de licença para operar, entre alguns outros.
Acima de tudo, importa perceber se o mercado reconhece a importância e a necessidade da sua oferta e se é exequível a criação e o desenvolvimento do negócio, tal qual foi pensado.
O crescimento económico induzido pelo reforço da produtividade das empresas, levando o país a produzir mais, a exportar mais, a criar mais emprego e riqueza, são indispensáveis ao empreendedorismo. Basta enveredar pelo caminho da reindustrialização, como medida para a recuperação económica do país, para que consigamos tornar Portugal mais competitivo e criador de riqueza, o que levará a ultrapassar as atuais dificuldades. Contudo, por vezes, é falaciosa esta medida de recuperação porque, para existir mais industrialização, são necessários mais empresários  e  porém, o país não é dotado de um leque suficiente de empresários que possam pôr em prática, em poucos anos, o objetivo da reindustrialização.
Quanto à criação de riqueza e de emprego, as limitações da reindustrialização moderna são significativas:por um lado, a falta de capital com que os empresários iniciam as suas atividades e o escasso acesso ao crédito por parte das micro e pequenas empresas. Por outro lado, a fuga das empresas multinacionais do país deslocalizando-se para o oriente, ou encerrando atividades devido à crise. Mas Portugal tem outras competências, como sendo um país de serviços para a indústria. As suas boas infra- estruturas de comunicação, o conhecimento, a formação e o ecletismo do povo, podem permitir ao país, atrair indústrias que concentrem aqui conhecimento, tecnologia e informação designados shared services centers. Desta forma teremos em Portugal, a criação de empresas multinacionais, de emprego e de riqueza e condições para competir com outros países. Por isso, o país tem que ser capaz de captar o investimento, através de um quadro fiscal favorável, pouco agressivo e especialmente estável, bem como de um sistema burocrático e administrativo leve. Empreender em Portugal passa por um grande investimento na educação e formação, desenvolvimento de novas competências, aumento da produtividade e competitividade em termos internacionais. Do calçado ao design, da arquitetura à moda, do artesanato aos espetáculos, Portugal tem competências únicas e condições para atrair novas pessoas evitando assim a fuga dos cérebros. É essencial divulgar lá fora o que de bom e positivo temos vindo a construir nos últimos anos. Os casos de sucesso desenvolvidos internamente em setores, como os da tecnologia de informação,genética e biotecnologia são exemplos de sucesso, onde podemos encontrar empresas que procuram investigação na procura de medicamentos aplicados na cura de doenças contra o cancro. Portugal tem também a oferta turística que representa um fator de crescimento económico e de competitividade.
Por outro lado, a Índia é uma oportunidade de negócio para as empresas portuguesas. A relação entre Portugal e A Índia são "excelentes". Num canto da Europa, Portugal parece ponderar sobre a imensidão indiana, pela sua diversidade e potencialidades. No encontro que decorreu na capital portuguesa "Portugal Índia Business Relations", mostrou a vasta gama de possibilidades de entrada de empresas portuguesas no mercado indiano.É de recordar as palavras do líder do FMI: a Índia é o "bright spot of world economy". Numa altura em que a economia indiana se está a abrir ao mundo, com abertura de investimentos externos e com um ambiente mais propício ao setor privado, a que se junta a forte aposta no conceito de facilidades para fazer negócios, o "made in Índia" é evidente, sendo a previsão do crescimento do PIB da  Índia para 7,4% no período 2014- 2015, pelo que pode ser um chamariz para as empresas portuguesas. Há uma clara área onde as potencialidades de investimento são evidentes(turismo,cortiça,papel,calçado,tratamento de resíduos, energias renováveis, indústria química e alimentação),  e as empresas portuguesas irão surgir integradas numa estratégia de conquista do mercado indiano.