É significativo, o papel que a economia pode desempenhar como ciência social, focalizada na resolução dos problemas do Homem, nas suas variadas amplitudes, sejam elas de caráter económico ou social. É possível observar e perceber os contrastes entre os modos de vida das pessoas que vivem no mesmo país, região ou até na mesma cidade, bem como tomar consciência do fosso que separa os pobres dos mais ricos e compreender, ao mesmo tempo, as múltiplas relações de interdependência entre essas populações e, de uma forma geral, entre os povos do mundo, face à existência de uma diversidade de meios e de formas de transporte e comunicação, encurtando física e geograficamente uma realidade que se encontra separada por uma grande distância em termos económicos e sociais e que se designa por "aldeia global".
Em face dessa realidade colocam -se algumas questões:
Como reduzir a desigualdade económica e social?Como possibilitar a liberdade e a dignidade humana?
A questão da interdependência, leva -nos ao conceito de aldeia global e à tão falada globalização. É portanto errado considerar que a globalização se restringe às vertentes económica e financeira da sociedade humana e aos fenómenos de expansão e crescimento das empresas multinacionais, aproveitando a abertura das fronteiras e a livre circulação de pessoas e capitais. No entanto, estas multinacionais, atuam em todos os setores da atividade económica com impato direto na vida dos cidadãos, desenvolvendo os seus negócios em áreas, que vão desde a saúde, à cultura, passando pelos serviços financeiros, acabando efetivamente, por fazer centrar em si, os aspetos mais marcantes da globalização. O objetivo final destas empresas multinacionais é o lucro a atingir de forma inexorável, de forma a remunerar os seus acionistas pelos investimentos efetuados e os seus colaboradores pelos serviços que lhes são prestados, satisfazendo assim as suas necessidades e preocupações de natureza financeira. Mas outros aspetos de carácter social são importantes, porque quanto mais rica e próspera for uma região, em termos económicos e sociais, melhores condições tem a empresa para crescer. É certo que as empresas devem assumir perante a comunidade o combate à pobreza, exclusão social e, desigualdade de meios entre as sociedades, em prol dos mais desfavorecidos. Em face disso, designa -se a Economia, como uma ciência social, que tem por finalidade, entre outras, o estudo do impacto que os fenómenos económicos representam no bem -estar das famílias e no bem -estar do ser humano.É nesta perspetiva que a Economia pode ser analisada através de dois vetores: um vetor científico- económico, que diz respeito à interpretação dos fenómenos estritamente económicos, de forma a explicar a realidade. Um outro vetor: o social, conduzindo a práticas cujo objetivo final, é contribuir para o bem -estar do Homem, enquanto ser social, através da construção de soluções que conduzem ao crescimento, e, consequentemente ao desenvolvimento nas suas vertentes económica, social e humana, através de uma maior equidade na distribuição dos bens e recursos, dignidade humana e justiça social. Pode -se afirmar que a produtividade e, consequentemente, o crescimento económico, dependem de fatores de natureza endógena e exógena. Entre os primeiros, encontram -se o ritmo dos investimentos da indústria em capital físico, a eficiência dos sistemas de produção, a utilização mais ou menos eficiente de novas tecnologias disponíveis, o ritmo da inovação, investigação e desenvolvimento, a qualidade da gestão empresarial,a qualidade dos recursos humanos, a capacidade de iniciativa empresarial para adotar novas estratégias de produtos e mercados. No que diz respeito aos fatores de natureza exógena, podemos apontar o ritmo de crescimento do mercado europeu, onde Portugal se insere, designadamente dos mercados internacionais, com os quais o nosso país se desenvolve de forma mais intensa as suas relações comerciais, o ritmo de crescimento dos mercados financeiros internacionais, o nível de desenvolvimento tecnológico desses mercados, cuja tecnologia podemos importar. É minha opinião que no cenário atual da economia portuguesa, são estes os fatores, os mais determinantes para cumprir as metas e os objetivos da produtividade e do crescimento de forma sustentada.