segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O DESENVOLVIMENTO: OS BENEFÍCIOS

O Desenvolvimento é pessoal, humano, económico, social, cultural, comunitário, sustentável e global. Pode ser entendido num sentido de valorização e melhoria das capacidades e recursos individuais, de aperfeiçoamento e evolução, nos planos material e espiritual; mas também um quadro social mais amplo que remete para a construção do bem - comum, para as dinâmicas coletivas da vida social e comunitária. O desenvolvimento serve para se compreenderem as relações à escala internacional entre com níveis diferenciados de acesso à riqueza e de controlo da sua distribuição, com poderes diferentes de gestão dos seus recursos e de governo das instituições que permitem a sua utilização eficiente. O processo de desenvolvimento implica inevitavelmente, a consideração de um mundo globalizado. 
O desenvolvimento mede -se através de vários indicadores ( produto per capita, esperança média de vida à nascença, taxa de mortalidade infantil, taxa de alfabetização e qualidade das instituições), que permitem avaliar o que torna as pessoas e as nações mais desenvolvidas do que outras.
Em Portugal constata -se a existência de fortes assimetrias e de uma dualidade no processo de desenvolvimento económico e social. Mas que dualidade? De um lado, um país rural marcado por uma agricultura estagnada e bloqueada, abrangendo uma área social muito vasta onde prevalecem os ritmos de atividades económicas tradicionais. Do outro lado, um país em movimento de progresso sob a liderança de setores industriais em expansão, todavia restrito a zonas limitadas do tecido social mais recetivo e atraído pelas vantagens dos padrões de consumo e níveis de rendimento de uma economia moderna.
A noção de desenvolvimento não permite a sua identificação com o crescimento do produto per capita, com o acréscimo de rendimento e riqueza, ou com um mero processo de acumulação de capital. Através do conceito de" Índice de Desenvolvimento Humano", o desenvolvimento é definido como um processo de alargamento de escolhas das pessoas. Entre as mais difíceis escolhas, com que as pessoas se confrontam, reconhece -se a importância das que se referem à garantia de "viver uma vida longa e saudável" e de "ter acesso à educação" e aos recursos necessários para alcançar padrões de vida dignos, sem esquecer outras escolhas básicas relativas à liberdade política e ao exercício pleno dos direitos humanos. O IDH permite traçar a evolução do desempenho das sociedades ao longo do tempo, possibilitando igualmente uma abordagem comparativa dos resultados obtidos por diferentes países. Os termos de comparação são suscetíveis de mensuração estatística, nomeadamente, os níveis de alfabetização e escolaridade, esperança de vida à nascença, e o rendimento per capita em paridades do poder de compra. Neste sentido o desenvolvimento humano, reflete graus de desempenho e modos de organização de vida de uma sociedade que depende em larga medida, do modo como os homens efetuam as suas escolhas. A medição do IDH oferece uma base sólida e credível que permite compreender a posição relativa de cada país no contexto internacional.No último relatório sobre a matéria produzido pelas Nações Unidas, Portugal surge na cauda dos países de IDH muito elevado, ou seja: é um dos países menos desenvolvidos com maior IDH.  Outro domínio é a desigualdade crescente na distribuição do rendimento. Portugal é um dos países da União Europeia a 27 com maior valor do índice de Gini ( indicador da desigualdade na distribuição do rendimento) É um dos países onde é maior o fosso que separa os 20% dos mais pobres dos 20% dos mais ricos, por isso as desigualdades sociais acentuaram -se. Os benefícios invisíveis da globalização, terão certamente contribuído para algumas importantes modificações que ocorrem na ordem mundial.Assim parece certo admitir, que estamos agora no limiar de um novo processo de globalização em que alguns países menos industrializados conseguem criar as condições indispensáveis a um crescimento económico sustentável, passando do estatuto de economias emergentes ao de economias dominantes..A dimensão do desenvolvimento reveste uma importância acrescida. Trata -se de uma solução que aproxima agentes que partilham objetivos  e interesses comuns. É inevitável a necessidade de mais e melhor educação, mais e melhor emprego, que garantam inovação e competitividade, não perdendo de vista a indispensável coesão que resulta da eliminação de fatores que originam desigualdade social. Por isso, é fundamental acreditar que é necessário e possível fazer mais e melhor para que os benefícios do desenvolvimento possam a ser sentidos a longo prazo.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O QUE É O NEOLIBERALISMO?

"Neoliberalismo" é um conceito bastante lato e geral que se refere a um modelo económico, que se tornou preponderante nos anos 80. Concebido com base no ideal liberal clássico que se autorregula, o neoliberalismo apresenta -se em várias modalidades:
1-Uma ideologia;
2-Um modo de governação;
3-Um conjunto de políticas.
As ideologias são sistemas de ideias amplamente partilhadas de convicções básicas, admitidas como verdadeiras por grupos significativos na sociedade. Apresentam uma imagem mais ou menos coerente do mundo, não só tal como este é, mas também, como deveria ser. Deste modo, as ideologias organizam as suas ideias fundamentais em princípios simples que encorajam as pessoas a agir de certa maneira. Estes princípios são reunidos por sistematizadores de ideologias, para legitimarem determinados interesses políticos e defenderem ou contestarem as estruturas de poder dominantes.Estes sistematizadores do neoliberalismo são elites do poder global, que incluem administradores e executivos de grandes empresas multinacionais,jornalistas influentes, especialistas de relações públicas, burocratas ,o Estado e os políticos.
Os decisores neoliberais funcionam como designers especializados e apelativos para uma agenda política amiga do mercado. As afirmações ideológicas têm como referência uma interdependência global enraízada nos princípios do capitalismo do mercado livre: comércio global e mercados financeiros, fluxos de bens, serviços e mão-de-obra, empresas multinacionais, centros financeiros em offshores. Por isso, faz sentido pensar no neoliberalismo como uma ideologia que põe a produção e a transação de bens materiais no centro da experiência humana.
A segunda dimensão do neoliberalismo tem a ver com certos modos de governação, baseados em premissas lógicas e relações de poder específicas. Uma governação neoliberal enraíza -se em valores empresariais, como a competitividade , o interesse pessoal e descentralização. Este modelo neoliberal de governação adota o mercado livre autorregulador como um modelo, por excelência, de um governo correto.
Os modos neoliberais de governação, encorajam a transformação das mentalidades burocráticas em identidades empreendedoras,em que os trabalhadores do Estado já não se vêm como funcionários públicos e guardiãos de um "bem público", qualitativamente definido, mas como agentes interessados, responsáveis pelo mercado e contribuintes para o sucesso "monetário das empresas" estatais emagrecidas. Nos inícios dos anos 80, um novo modelo de administração pública, conhecido como" nova gestão pública", dominou por completo as burocracias estatais de muitos países do mundo. O modo de governação liberal encorajou os administradores a cultivarem um "espírito empreendedor". Se as empresas privadas têm de criar inovação e aumentar a produtividade para sobreviver no mercado concorrencial, porque não os trabalhadores do governo adotar os ideais neoliberais para melhorar o setor público?
AL GORE , utilizou nos anos 90, os novos princípios de gestão pública, cujo objetivo declarado era aumentar a eficiência, a efetividade e a responsabilidade administrativa.
Em terceiro lugar, o neoliberalismo manifesta -se como um conjunto de políticas públicas, que incluem grandes cortes nos impostos, redução dos serviços sociais , uso das taxas de juro pelos bancos centrais independentes para manter a inflação controlada, paraísos fiscais para as empresas nacionais e estrangeiras que queiram investir em determinadas zonas económicas, novos espaços urbanos comerciais concebidos, segundo os imperativos do mercado, medidas anti -sindicais para aumentar a produtividade e a flexibilidade laboral e eliminação dos controlos dos fluxos globais e financeiros e comerciais. Os neoliberais insistem no primado dos mercados sobre a política, afirmando que a democracia depende da economia do mercado livre. No fim dos anos 90, o neoliberalismo difundiu -se por quase todo o mundo.  Os seus defensores recorreram ao argumento apelativo da globalização inevitável do mercado para convencerem as pessoas de que a liberalização do comércio e os mercados minimamente regulados, resultam de um grande crescimento económico e de um melhoramento das condições de vida de todo o mundo.
O neoliberalismo terá fim? Sim. No início de 2009, economistas de todo o mundo, concordaram que a economia global  estava em plena recessão, que ameaçava transformar -se numa bola de neve e conduzir a uma Grande Depressão.